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Fiocruz apoia participação de pesquisadores no 1º Simpósio da Saúde realizado na ocasião do IX Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas


04/08/2022

VPAAPS/Fiocruz

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Estudantes do ensino superior e pós-graduação, ativistas indígenas, pesquisadores indígenas e não-indígenas e artistas indígenas de todo o país estiveram reunidos no IX Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), realizado entre de 26 e 29 de julho, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP), que teve como tema a “Ancestralidade e Contemporaneidade”. 

Nesta edição de 2022, no dia 29 de julho, foi realizado o 1º Simpósio da Saúde, atividade construída por uma comissão multidisciplinar e multiétnica, com diferentes profissionais e estudantes da saúde, mestres da medicina tradicional e professores de diferentes instituições. A área de Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Promoção e Atenção à Saúde (VPAAPS) destinou apoio financeiro para viabilizar a participação dos palestrantes no Simpósio da Saúde. 

Uma das organizadoras do evento, Kellen Natalice Vilharva Guarani Kaiowá, explica que o 1º Simpósio da Saúde surgiu da necessidade de reunir estudantes das áreas da saúde e discutir temas que ainda não fazem parte das disciplinas das instituições, como a valorização dos conhecimentos das medicinas tradicionais indígenas e o próprio subsistema de Atenção à Saúde Indígena. E também para discutir a saúde dos acadêmicos indígenas em contexto urbano, pois a maioria dos acadêmicos deixa suas aldeias para estudar. 

“Depois de uma pandemia de mais de dois anos, esse evento serviu também para o encontro e reencontro de pessoas que não se viam ou se conheciam apenas no formato online. O acesso aos pesquisadores indígenas de diversas áreas vai contribuir muito na formação do acadêmico indígena”, afirma a organizadora.

Segundo Kellen, a partir do simpósio foi criada uma rede de profissionais, pesquisadores e estudantes indígenas e não indígenas. “Com certeza a rede resultará em ideias e projetos relevantes”. 

Além das palestras, o simpósio também contou com relatos de experiências de estudantes e acadêmicos. Os resultados do encontro serão organizados em um documento e compartilhado com todos os inscritos no ENEI.

Pela manhã participaram os palestrantes: Aparecida Benites Kaiowá, da etnia Kaiowá e professora de Questões Indígenas Brasileira na Escola Estadual de Amambai e pesquisadora do grupo Ambiente, Diversidade e Saúde da Fiocruz; João Paulo Tukano, indígena do povo Yepamahsã (Tukano), pesquisador do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI) e fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikow; e Ubiraci Pataxó, indígena povo Pataxó, jovem mestre do saber e aprendiz de pajé, atua como pesquisador nos projetos “Saúde Coletiva e Epistemologias do Sul e Interculturalidades”, na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) em parceria com a Universidade de Coimbra/Portugal; Tatiana Peixoto Macuxi, referência em Medicina Indígena; e João Ernesto de Carvalho, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp. 

Já na parte da tarde participaram: Nelson Filice, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas/Unicamp; Danilo Silva Guimarães, professor associado à área de História e Filosofia da Psicologia da Universidade de São Paulo (USP); Fabio Cezar da Silva, área de enfermagem da Unicamp, Braulina Baniwa, mestranda em antropologia na Universidade de Brasília (UnB); Luciana Guarani Mbya, artesã e coordenadora do coletivo Etnocidade; e Nita Tuxá, pesquisadora e psicóloga especialista em saúde indígena.

Fundação Oswaldo Cruz  - A Fiocruz é referência na área de saúde pública e tem uma trajetória na saúde indígena. A instituição vem inserindo estudantes e pesquisadores indígenas em seus cursos de pós-graduação e em seus campos de pesquisa, além de participar e apoiar projetos que ressaltam a importância e valorização dos saberes ancestrais e da cultura tradicional indígena. 

Na avaliação da pesquisadora da Fiocruz e integrante do Grupo de Trabalho de Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Ana Lúcia Pontes, ainda é baixo o número de estudantes indígenas na área de Saúde Coletiva e é preciso estratégias para se aproximar desses estudantes e não somente os relacionados aos cursos da saúde, mas também de outras áreas. “O encontro é um espaço de aproximação da instituição acadêmica, apoiando diretamente iniciativas dos próprios estudantes indígenas. Isso faz toda a diferença num espaço que pela primeira vez incluiu um simpósio com a temática de saúde”. Entre os temas que foram debatidos no simpósio estão a questão da medicina tradicional indígena, a valorização e a produção de conhecimento articulado com academia sobre a medicina indígena.

Segundo Ana Pontes, o apoio da Fiocruz viabilizou a participação dos pesquisadores/palestrantes envolvidos no evento e colocou a instituição ao lado das iniciativas dos próprios estudantes indígenas. “Isso cria um canal que poderá resultar numa aproximação dentro da Fiocruz e num espaço deles de se enxergarem e de pertencimento. A tentativa de fazer essa abertura para dentro do campo da saúde indígena visa uma relação mais paritária com os indígenas que estão na academia e de acolhimento de fato desses estudantes”, disse.
 

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