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Pioneirismo e excelência no processo de acreditação em saúde 


22/10/2024

Jamile Chequer (Coordenação de Atenção à Saúde/VPAAPS) 

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A Coordenação de Atenção à Saúde (CAS) da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) em parceria com a Coordenação da Qualidade (CQuali), e apoio da MMP Consultoria, promove a Formação para Auditores Internos da Fiocruz, capacitando profissionais para preparar as unidades assistenciais para auditorias internas, como parte do processo de melhoria da qualidade assistencial, segurança do paciente e acreditação das unidades assistenciais.

O processo de acreditação visa garantir elevados padrões de qualidade e segurança. Internamente, esses processos fortalecem a integração entre gestores e colaboradores, promovem a melhoria contínua e criam uma cultura de excelência em saúde. As unidades que participam ganham em eficiência, segurança do paciente e reconhecimento público, impactando diretamente a qualidade dos serviços prestados pela Fiocruz.  

O Serviço de Referência Nacional em Filarioses, vinculado ao Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz PE), tem um papel pioneiro no Brasil no tratamento e pesquisa sobre filarioses. Além de ser o primeiro do Norte e Nordeste a obter uma certificação internacional de qualidade, o serviço é referência nas Américas como uma resposta em saúde no setor.  

Nesta entrevista, o coordenador Abraham Rocha comenta sobre o processo de acreditação da unidade, que, em setembro, passou por outra auditoria interna. Ele ressalta que esse processo tem elevado os padrões de qualidade e segurança no atendimento aos usuários, reforçando o compromisso com a excelência no serviço prestado. 

Homem segurando um microfone. Crédito: Ascom Fiocruz/PE

Como se deu o início do processo de acreditação do Serviço de Referência Nacional em Filarioses? 

Abraham Rocha: O processo de acreditação começou em 2011, quando recebemos o selo da Joint Commission International (JCI). Quatro anos depois, obtivemos uma segunda acreditação. Esse processo já vinha sendo preparado há anos, com muita organização de documentação e treinamento da equipe. Posteriormente, passamos pela acreditação e certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e as subsequentes visitas de manutenção do selo.  

A JCI tem um foco mais clínico e laboratorial, e fomos o primeiro serviço no Norte e Nordeste, e o primeiro do mundo voltado para doenças tropicais, a receber essa certificação. Pela ONA, fomos inicialmente acreditados no nível 1, e agora estamos no nível 2. A diferença entre os níveis está no grau de exigência e na abrangência da avaliação.  

O nível 1 foca principalmente na segurança do paciente e nos processos assistenciais básicos. No nível 2, as exigências são maiores e a avaliação se expande para incluir o desempenho de toda a instituição, garantindo que haja integração entre diferentes áreas, como compras, manutenção, administração e saúde. A cada nível, o comprometimento com a qualidade aumenta e espera-se maior envolvimento também da governança nos processos.

Quais foram os principais desafios enfrentados no início da acreditação? 

Rocha: O maior desafio foi cultural. No começo, muitos não estavam interessados. Cada um estava muito focado no próprio laboratório e nas pesquisas, e o processo de acreditação exigia uma mudança de mentalidade e de comportamento. Tínhamos que cumprir diversas normas e implementar melhorias que envolviam mais organização e padronização. 

Apesar de já termos uma preocupação com a qualidade no atendimento, o processo de acreditação trouxe uma mudança profunda. Ele transformou a cultura de trabalho da equipe e da própria instituição, introduzindo um foco ainda maior na segurança do paciente e na qualidade do serviço prestado. Foi uma mudança necessária, e hoje, além da equipe estar mais consciente, outros setores do IAM também estão trilhando o caminho da acreditação. 

Qual é o papel da auditoria interna da Fiocruz na obtenção e manutenção do selo de qualidade? 

Rocha: A auditoria interna da Fiocruz é essencial. Sempre digo para a equipe de auditoria que eles devem ser rigorosos, identificar possíveis erros e sugerir melhorias. É nesse momento que ajustamos tudo, para que, quando os auditores externos chegarem, já estejamos em conformidade.  

Por exemplo, em uma das auditorias internas, foi observada a forma de armazenar material químico no laboratório. Ajustamos construindo um suporte específico e mais adequado. Outro ponto importante foi o controle das amostras de material biológico, que precisa ser mantido em condições ideais para não comprometer o diagnóstico. 

A auditoria interna nos recomendou a aferição dessas amostras no momento de chegada ao laboratório para garantir duplamente a qualidade. A auditoria interna também apontou melhorias em questões como manter o cronograma em local visível, verificar a limpeza e organizar os documentos, o que ajudou a elevar nossos padrões. 

Como o Serviço de Referência Nacional em Filarioses mantém os protocolos e normas de qualidade no dia a dia? 

Rocha: Temos uma rotina de reuniões regulares para discutir melhorias nos processos. Algumas dessas reuniões envolvem não só o serviço em si, mas a instituição como um todo, e tudo é documentado para que possamos acompanhar os avanços e identificar pontos de melhoria. A pesquisa de satisfação dos pacientes, por exemplo, foi ajustada para ser realizada logo após a consulta, o que permite um feedback mais imediato e eficiente. 

A questão da limpeza é outro exemplo. Antes, a aplicação dos produtos de limpeza era feita de maneira empírica. Hoje, após auditorias e treinamentos, garantimos que a diluição correta dos produtos seja feita, o que aumenta a eficácia na eliminação de micro-organismos. Esse tipo de ajuste, em processos simples e complexos, é fundamental para manter a qualidade do serviço. 

De que maneira o selo de qualidade impacta a ampliação e a melhoria dos serviços prestados pelo IAM? 

Rocha: O selo de qualidade significa que o serviço tem um compromisso com o cuidado do usuário e com a segurança dos trabalhadores. Isso reflete diretamente no atendimento prestado ao SUS, e os pacientes percebem essa diferença. Eles reconhecem que o cuidado oferecido aqui é de excelência, e isso é muito gratificante. 

Para os profissionais, o impacto foi igualmente positivo. houve um aumento da disciplina e da consciência sobre a importância de seguir os protocolos de qualidade. Além disso, o selo nos ajudou a otimizar processos, como reduzir o tempo de entrega de resultados de exames, o que é fundamental para os pacientes. 

As melhorias institucionais foram igualmente perceptíveis, com metas mais claras. As críticas construtivas são muito úteis para que possamos crescer e oferecer serviços de melhor qualidade para a comunidade.  

Como o IAM pode se tornar um modelo de referência para outras unidades do SUS? 

Rocha: Compartilhamos com outros profissionais o quanto o processo de acreditação pode ser benéfico, e reforçamos que ele não se trata de "papelada”, mas documentação fundamental para um serviço de ponta. A acreditação é uma forma de garantir que o trabalho está sendo feito com qualidade e que estamos prestando contas à sociedade.  

Como serviço público, temos uma responsabilidade enorme com a comunidade, e é nosso dever prestar o melhor atendimento possível. Mostramos que, embora o processo de acreditação exija esforço, ele oferece um retorno valioso tanto para a instituição quanto para os usuários. 

Quais inovações ou melhorias no atendimento estão planejadas para o futuro próximo? 

Rocha: Queremos continuar aprimorando o que já conquistamos; além disso, estamos trabalhando em novas iniciativas. O Núcleo de Filariose do IAM já oferece uma assistência completa aos pacientes, com nutricionistas, fisioterapeutas, exames laboratoriais e ultrassonografias. Agora, estamos expandindo para oferecer serviços de saúde mental, algo essencial para nossos pacientes. 

Uma inovação importante é a parceria com a ONG holandesa ONHE, a Universidade Estadual de Pernambuco e o governo do estado para desenvolver calçados adaptados para nossos pacientes, usando tecnologia de impressão 3D.  

Alguns pacientes sofrem de linfedema, com membros que podem pesar até 40 kg, e esses calçados personalizados vão melhorar significativamente a qualidade de vida deles. Concentrar todos esses serviços em um só lugar é algo único, e seguimos trabalhando para tornar a experiência do paciente mais eficiente e humana. 

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