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Terrapia realiza mutirão agroecológico no Camorim, quilombo mais antigo do RJ 


05/10/2023

Ana Beatriz Felizardo (Terrapia) 

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Na última sexta-feira, 29 de setembro, participantes do curso de Agroecologia do projeto Terrapia, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), realizaram um mutirão agroecológico no Quilombo do Camorim, no Maciço da Pedra Branca.  

O Camorim existe desde 1614 e é o quilombo mais antigo do estado do Rio de Janeiro. A atividade foi realizada em uma área que está registrada no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tombada como Sítio Arqueológico do Engenho do Camorim, por apresentar em seu subsolo vestígios materiais do período colonial. O território expressa a resistência negra e da agricultura tradicional.  

Durante a manhã, foi realizada uma caminhada escutando a história do local contada pelo fundador, presidente e diretor da Associação Cultural do Camorim (ACUCA), Adilson Almeida. Logo depois, iniciou-se o mutirão de manejo das bananeiras, que consiste na limpeza dos ramos para que fiquem com um tamanho adequado. Também foi feito o manejo da horta, com novos canteiros e plantio de espécies de hortaliças. 

“O Brasil é um quilombo, então a gente precisa saber de toda essa trajetória. Quando eu falo o quilombo, tô falando do nosso povo, da nossa ancestralidade. Nosso povo que viveu aqui primeiro lutou e quando eu falo Camorim, tô trazendo a trajetória indígena também. Quando eu falo Maciço da Pedra Branca, é uma das principais florestas urbanas de Mata Atlântica do mundo na qual esses dois povos viveram. Tiveram que fugir para dentro da mata, se abrigar em grutas e se alimentar da natureza. Hoje a gente chama de PANC (plantas alimentícias não convencionais), são nomes que se dão para autopromoção, mas que o nosso povo sempre sobreviveu disso”, afirmou Adilson Almeida.  

No encerramento da atividade, a turma de Agroecologia apreciou um almoço quilombola acolhedor. “O prato que foi escolhido hoje remete muito à minha avó. É ancestral porque remete à época em que a gente vivia da terra, exatamente só da terra. Tem alguma parte boa do quilombo a não ser a gente, o nosso corpo, a nossa ancestralidade, a nossa cultura? Eu quero trazer a questão do quilombo pé no chão, que é o que a gente é. Agora que já alimentamos a alma, vamos alimentar o corpo”, disse Rosilane Almeida, filha de Adilson, que também atua como vice-presidente da ACUCA.  

Além de contar com integrantes do curso de Agroecologia do Terrapia, o mutirão teve a participação de integrantes da Escola Politécnica de Saúde Pública Joaquim Venâncio (EPSJV), da Agenda de Saúde e Agroecologia da VPAAPS e da Fiocruz Mata Atlântica, que desenvolve o Projeto Ará, no Quilombo do Camorim.  

Claudemar Mattos, da equipe da Agenda de Saúde e Agroecologia vinculada à Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz, reforça a relevância de ações articuladas entre as diversas organizações parceiras: “é importante que as experiências de saúde e agroecologia estejam se encontrando e saindo do isolamento. Isso contribui para que as  práticas comunitárias de resistência e de cuidado com a saúde se fortaleçam e tenham visibilidade”, avalia.  

Saiba mais sobre o Quilombo do Camorim: 

Todo sábado, das 9h às 12h, o Núcleo Pedagógico Escolar do Quilombo do Camorim  realiza atividades, como aulas de reforço escolar, cultura, pertencimento ao território, e educação ambiental no Sítio Arqueológico do Quilombo. As aulas são ministradas por professores da rede pública que são voluntários do coletivo e voltadas às crianças e adolescentes que moram no local.  Entre em contato por meio do Instagram @quilombocamorim e saiba mais como participar.  

Para mais informações, acesse o site do projeto Terrapia

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