17/04/2023
Angélica Almeida (Agenda de Agroecologia/VPAAPS)
“Tecendo Redes” mapeou 91 iniciativas protagonizadas por grupos de diferentes áreas de trabalho da instituição
A publicação: “Tecendo Redes de Experiências em Saúde e Agroecologia: resultados e reflexões a partir da sistematização de iniciativas construídas pela Fundação Oswaldo Cruz” foi lançada no último 29 de março, como parte da programação de um seminário nacional.
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O estudo partilha aprendizados de um estudo realizado pela Agenda de Saúde e Agroecologia, vinculada à Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), que tem colaborado na aproximação dos campos da saúde coletiva e da agroecologia, em resposta à Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030.
Grupos, de diferentes áreas de trabalho da instituição, vêm atuando na interface saúde e agroecologia há pelo menos 20 anos, desenvolvendo iniciativas de promoção do direito humano à alimentação adequada; práticas de cuidado com as águas e de saneamento ecológico; práticas integrativas e complementares em saúde (PICS); práticas populares de cuidado da medicina tradicional; práticas educativas e artísticas/culturais, entre outras.
O mapeamento foi realizado e disponibilizado, de forma pública, na plataforma do Agroecologia em Rede (AeR), que é resultado da ação conjunta entre a Associação Brasileira de Agroecologia, a Articulação Nacional de Agroecologia e a Fiocruz.
Principais achados da publicação
A pesquisadora Lorena Portela apresenta a publicação “Tecendo Redes”. Foto: Dione Torquato.
Foram registradas na plataforma do AeR 174 experiências construídas por 97 organizações. Destas, 91 iniciativas estão diretamente ligadas à Fiocruz.
Participaram do mapeamento 14 unidades técnico-científicas e programas da instituição: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), Fiocruz Ceará, Fiocruz Mato Grosso do Sul, Fórum Itaboraí (Programa da Presidência da Fiocruz em Petrópolis), Gerência Regional de Brasília (Fiocruz Brasília), Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco), Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia), Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica (PDCFMA) e Terrapia.
A maioria das experiências surgiu entre 2018 e 2020, é do tipo “ensino-pesquisa-extensão, e tem como temas prioritários: “Alimento, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional” e “Educação e Construção do Conhecimento Agroecológico”. As experiências têm protagonismo de educadoras/es, movimentos sociais, agricultoras/es e profissionais da saúde e localizam-se, em grande parte, na região Sudeste e Nordeste, onde também estão concentradas o maior número de unidades da Fiocruz.
Quase metade das iniciativas têm maior participação de mulheres e, entre os povos e comunidades tradicionais envolvidos, a maior parte são quilombolas, pescadoras/es e indígenas. Mais da metade das experiências enfrentam algum tipo de conflito territorial e estão expostas a ameaças como disputas territoriais, contaminação ambiental com agrotóxicos, racismo, violência do Estado e violência de gênero. Os principais danos decorrentes dos conflitos ambientais informados foram a insegurança alimentar e nutricional, a piora na qualidade de vida e a violência psicológica/assédio.
Publicação reforça importância da agroecologia para a agenda científica da Fiocruz
O prefácio assinado pela então presidente, Nísia Trindade, por Patrícia Canto, então Vice-Presidente Interina de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, por Hermano Albuquerque, então Assessor da VPAAPS, e por Guilherme Franco Netto, da Coordenação do Programa de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Fiocruz, destaca a importância da agroecologia para a atualização da agenda científica institucional.
A agroecologia é afirmada como estratégia para manter a Fiocruz alinhada aos desafios de redução das desigualdades sociais e para incentivar pesquisas em rede e transdisciplinares na interface entre conhecimento científico e saberes tradicionais. Também é destacado que uma das diretrizes do último Congresso Interno é que a instituição proponha mais intervenções no enfrentamento das inseguranças hídrica e alimentar, por meio de “tecnologias sociais, sistemas agroecológicos, agroflorestais e soluções baseadas na natureza, na perspectiva da restauração da biodiversidade e do fortalecimento das economias a partir das vocações locais, regionais e de políticas públicas de convivência com os biomas”.
“Dentro desse contexto, esta publicação cumpre o papel de mostrar a força da agroecologia que existe na nossa instituição, revelando a bonita trama que vem sendo tecida por diversos grupos de pesquisa e projetos da Fiocruz em muitas partes do Brasil, em interlocução com instituições e movimentos populares”, avaliam.