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Fiocruz lança edital de iniciação científica para estudantes universitários da Maré


06/09/2024

Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

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A Presidência e a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, com a colaboração da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré da Assessoria de Relações Institucionais, lançaram (4/9) o Edital de Programa de Iniciação Científica – IC Favelas e Periferias, com bolsas destinadas a moradores universitários do conjunto de favelas da Maré. As bolsas estão abertas às unidades da Fiocruz no Rio de Janeiro. O período de inscrições vai até 4 de outubro e é destinado a doutores exercendo atividade de pesquisa, com vínculo ativo comprovado com a Fundação em regime de tempo integral (40 horas), lotados nas unidades do Rio de Janeiro. 

O Programa tem entre os seus objetivos o estímulo a doutores que estejam desenvolvendo projetos de pesquisa, a envolverem em suas atividades científicas estudantes de graduação residentes na Maré, proporcionando aos bolsistas a entrada no mundo acadêmico, estimulando o desenvolvimento do pensamento científico e da criatividade, na convivência direta com o cotidiano de uma instituição de pesquisa. Por meio desse edital, a Fiocruz reforça sua missão de promoção da inclusão e da equidade social.

Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, “o lançamento do edital é um passo fundamental na construção de uma ciência mais inclusiva e equitativa ao incentivar a participação de jovens moradores de um dos territórios mais vulneráveis do Rio de Janeiro. A Fiocruz busca, assim, ampliar o acesso ao conhecimento científico e também fortalecer a participação ativa desses territórios na formulação de políticas públicas mais justas, eficazes e inclusivas”. Moreira afirma que “a ciência precisa emergir dos territórios, dialogando com as realidades locais para que possamos construir soluções que atendam verdadeiramente às necessidades da população. Este programa é um exemplo concreto do nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e a democratização do acesso à ciência".

A coordenadora-adjunta da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré da Assessoria de Relações Institucionais da Fiocruz, Marcia Lenzi, que é doutora em Saúde Pública, ressalta o alcance do edital, pois não só contempla a Maré, mas também se estende às comunidades de Manguinhos e Mata Atlântica. Marcia observa que essa iniciativa também poderá, em um futuro próximo, ter um desdobramento positivo para a democratização do acesso à pós-graduação qualificada para potenciais jovens cientistas da Maré, um dos complexos de favelas mais populosos do Rio, e das outras comunidades.

“O envolvimento desses jovens no mundo acadêmico poderá gerar um impacto no ingresso em nossos programas de pós-graduação. O acesso de moradores de favelas às universidades, conquistado muitas das vezes por meio de políticas afirmativas, foi um grande avanço, uma garantia de direito que a eles era negado. No entanto, o acesso à pós-graduação ainda é baixo, com muitos critérios e barreiras que dificultam o ingresso e a permanência deles em um curso de Mestrado, por exemplo. A iniciação científica é uma etapa importante para a seleção do aluno e a Fiocruz promove esse acesso” afirma.

A pesquisadora ressalta que os territórios de favela produzem ciência cidadã, um saber periférico importante de ser reconhecido pela academia e incluída em suas referências de pesquisa. “Ciência também é feita em favela para subsidiar políticas públicas necessárias aos territórios”, comenta. Ela acrescenta que é necessário levar ciência cidadã para a academia. “Existem vários grupos e coletivos produzindo conhecimento, em diversas áreas, na Maré, um movimento que foi fortalecido a partir da pandemia de Covid-19”, acrescenta.

Marcia também coordena um projeto de vigilância entomológica para o mapeamento do mosquito Aedes aegypti na Maré, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Para a pesquisadora, a violência que assola a comunidade é um grande problema principalmente para seus moradores, mas que também afeta pesquisadores que trabalham no território, e deve ser considerada nos resultados das pesquisas. “Lançar um edital como este, com 30 vagas, e que deve se renovar a cada ano, significa, por parte da Fiocruz, reforçar a resistência das comunidades. E nós temos muito a aprender com elas”, observa.

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