20/08/2024
Mario Ferreira Junior (Cedipa/Fiocruz)
Já é uma tradição. Anualmente, o Fiocruz pra Você reúne pessoas de diferentes idades para uma grande festa da vacinação. Este ano, o evento, realizado em 17 de agosto, contou com atividades da tenda Quilombinho, oferecidas pela Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa), em frente à Biblioteca de Manguinhos.
No espaço, crianças e pessoas adultas se encantaram com as trancistas, que criaram penteados celebrando a beleza negra. A programação também incluiu aulas de capoeira e contação de histórias, conduzidas por pessoas com e sem deficiência, que demonstraram a força da arte como meio de expressão e inclusão.
Contação de histórias: “Malala e seu lápis mágico” e “Alafiá, a princesa guerreira” (fotos: Cedipa/Fiocruz)
Moradora de Manguinhos, Carine de Sousa Santos levou seus dois filhos para a roda de capoeira. "Participo da festa da Fiocruz há três anos e sempre vejo meus filhos se divertindo e aprendendo. Gostaria de ver mais eventos ao longo do ano, a comunidade precisa muito e as crianças adoram," comentou.
O Quilombinho também apresentou a exposição inédita DiverSaúde, que homenageou 14 pessoas que constroem conhecimento em ciência e saúde e o aplicam em seu cotidiano. A mostra propõe uma reflexão sobre os espaços onde a ciência se entrelaça com a vida, ampliando o conceito de cuidado para além dos hospitais e laboratórios, e alcançando as ruas, favelas, comunidades indígenas e ciganas.
"É um reconhecimento inesperado," comentou Willian Inácio, jovem surdo e integrante da Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde (RAP da Saúde). Willian enfatizou a importância de valorizar as pessoas com deficiência e de formar jovens que, como ele, não podem ser invisibilizados. Atuando na Atenção Primária à Saúde, ele desenvolve ações educativas e promove debates sobre temas relacionados à saúde.
A auxiliar de serviços gerais, Nielsa Goulart também recebeu a homenagem com surpresa. Trabalhando há 14 anos na Fiocruz, Nielsa desempenhou um papel essencial durante a pandemia, colaborando em tempo integral para garantir o funcionamento do Laboratório de Ensaios Pré-Clínicos em Bio-Manguinhos/Fiocruz. "Cada dia de trabalho aqui é uma vitória. Ser reconhecida pela Fiocruz é motivo de muito orgulho," disse Nielsa, emocionada.
Nielsa Goulart e Willian Inácio
A exposição DiverSaúde é, acima de tudo, um tributo à coragem e ao compromisso de pessoas que, em meio às adversidades, são agentes de mudança. Esse reconhecimento é, particularmente, significativo para a fundadora do coletivo Mães de Manguinhos, Ana Paula Oliveira, que destacou a importância de sua luta ser representada na instituição.
"Ser homenageada pela Fiocruz é um reconhecimento da luta das Mães de Manguinhos. Nosso coletivo trabalha para manter viva a memória das nossas perdas e para seguir buscando justiça contra o racismo e a violência naturalizada pelo Estado," afirmou Ana Paula.
A coordenadora do Projeto Marias, Norma Souza, também refletiu sobre o impacto da homenagem. "Ser reconhecida por esse trabalho é uma honra e me dá ainda mais força para continuar lutando contra a violência obstétrica e garantir que os direitos das pessoas com deficiência sejam cumpridos conforme a Lei," declarou Norma.
Ana Paula Oliveira na exposição DiverSaúde
A DiverSaúde também homenageou: a diretora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves; a chefe de gabinete da Presidência da Fiocruz, Zélia Profeta; o assistente administrativo e de recursos humanos, Alexandre Clecius; o ativista ambiental, Luis Sanduba Cassiano; a educadora comunitária do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Biancka Fernandes; a coordenadora do Espaço Normal da ONG Redes da Maré, Vanda Canuto; o professor e doutorando em saúde coletiva, Leonardo Peçanha; a professora colaboradora do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Dihs/Ensp/Fiocruz), Diádiney Helena; o ativista cigano e comunicador Aluízio de Azevedo; e a ativista pelos direitos das pessoas negras com deficiência, Flávia Diniz (1974-2024).
A coordenadora da Cedipa, Hilda Gomes, destacou a importância da tenda Quilombinho no Fiocruz pra Você 2024. "Criamos um espaço para mostrar que a ciência, a saúde e a cultura estão conectadas, garantindo que todas as atividades reflitam o compromisso da coordenação com a equidade, diversidade, inclusão e o respeito pelas lutas coletivas" acrescenta.
Parte da equipe Cedipa com o presidente Mario Moreira, e as homenageadas da exposição DiverSaúde Nielsa Goulart e Zélia Profeta
Cedipa
A Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz) foi criada em março de 2023, com o objetivo de implementar ações que assegurem a efetivação das políticas institucionais da Fiocruz para equidade, diversidade, inclusão e políticas afirmativas, reconhecendo a pluralidade da instituição como um valor. As linhas de ação da Cedipa estão pautadas em um trabalho que potencialize e fortaleça as dimensões presentes nos enfrentamentos ao racismo, capacitismo, machismo, misoginia, xenofobia, LGBTIfobia e diferentes violências de gênero e violações que comprometam o direito à vida das pessoas.