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Previsão de casos de dengue em 2025: o que dizem os especialistas


06/12/2024

Luisa Picanço (VPEIC/Fiocruz)

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Em 2024, um número excepcional de casos de dengue foi notificado em todo o mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a doença, até meados de novembro, somava mais de 6,5 milhões de pessoas, com mais 5 mil e 700 mortes confirmadas. Foi um ano em que a dengue se intensificou para regiões do sul e altitudes mais elevadas, onde anteriormente não havia, ou raramente havia surtos. 

Especialistas da Fiocruz, Universidade del Vale da Colombia, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Ministério da Saúde se reuniram no dia 31 de outubro em um webinário para conversar sobre a próxima temporada de dengue em 2025 a partir de modelos preditivos estatísticos. O evento foi organizado por meio da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC/Fiocruz), via Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC), em parceria com o consórcio The Global Health Network América Latina e Caribe (TGHN LAC).  

No webinário, foi discutida a situação atual da dengue no Brasil e resultados de modelos estatísticos que predizem quais as possibilidades para o próximo ano, além de tirar dúvidas dos participantes. Foram mais de 1200 inscritos de 65 países e mais de 600 participantes.  

Não pode acompanhar no dia o webinário? Veja a gravação do evento e se informe sobre a temporada da dengue em 2025. 

O que os especialistas dizem sobre a dengue para 2025 

Os especialistas explicaram que existem ainda muitas incertezas sobre qual será a situação da dengue em 2025, uma vez que 2024 foi um ano atípico tanto em termos climáticos como epidemiológicos. Os modelos não indicam um surto de mesma magnitude de 2024 para o ano de 2025, mas existem alertas de que algumas regiões, como o sul do país, podem ter um surto ainda maior do que o atual.   

A pesquisadora do centro de supercomputação de Barcelona (Barcelona supercomputing center) e mediadora do evento, Rachel Lowe, contou que em junho de 2024, o Infodengue e o Mosqlimate lançaram um sprint de previsão da dengue visando a temporada de 2025. O objetivo foi padronizar o treinamento de modelos preditivos para desenvolver uma previsão conjunta para dengue no Brasil. 

A coordenadora do Infodengue, Claudia Codeço, explicou que o Infodengue, é um sistema de alerta precoce para dengue, Zika e Chikungunya no Brasil, liderado pela Fiocruz e FGV e apoiado pelo Ministério da Saúde. Ela mostrou a expansão da transmissão da dengue para municípios que antes não tinham a arbovirose e que o clima incerto de 2025 pode influenciar os riscos de epidemias. Também ressaltou a incidência relativamente alta de notificação de dengue no período do inverno.  

O líder da plataforma Mosqlimate e da força-tarefa de modelagem preditiva da dengue, Flávio Coelho, apresentou resultados da força-tarefa de modelagem preditiva da dengue que reuniu grupos especialistas nacionais e internacionais. 

O pesquisador da Universidade del Valle da Colômbia, Mauricio Vegas, abordou como as mudanças climáticas e ambientais afetam a transmissão de arboviroses como a dengue.  

Já a consultora técnica do Ministério da Saúde, Marcela Lopes Santos, enfatizou a colaboração contínua com o Infodengue, destacando a transferência de tecnologia e o uso de nowcasting (ajuste de dados atrasados) para melhorar o acompanhamento da doença no país e que pode ser replicado em outros lugares do mundo. 

Como minimizar impactos da dengue no Brasil 

Os pesquisadores mostraram que para maior precisão nas previsões é necessário investir na ampliação da vigilância, do diagnóstico e de uma atenção voltada a fatores locais, tais como a sazonalidade e a circulação de novos tipos de vírus. Estas medidas podem ajudar na calibração dos modelos e na elaboração de respostas sanitárias mais eficazes e capazes de minimizar os impactos da dengue no país. 

Muitos dos participantes do webinário levantaram questões importantes sobre modelos preditivos e monitoramento de arboviroses, perguntando sobre a disponibilidade de modelos que incluam dados climáticos e entomológicos para melhorar previsões locais.  

Os especialistas sugeriram o uso de plataformas de dados como o Mosqlimate e reforçaram a necessidade de personalizar modelos, pois fatores como imunidade coletiva e variáveis socioeconômicas podem influenciar os resultados. 

Vigilância entomológica  

Alguns usuários questionaram a necessidade de um sistema nacional uniforme para monitorar populações de mosquitos. Embora ainda não haja uma coleta de dados padronizada em todo o país, os pesquisadores ressaltam que alguns municípios já possuem estratégias baseadas em armadilhas, que podem gerar dados importantes para modelos preditivos.  

Para isso, é importante investir numa integração eficiente entre os dados entomológicos e epidemiológicos para incorporação em modelos preditivos, mesmo que locais. Eles explicaram que estão experimentando a incorporação de dados entomológicos em suas análises no InfoDengue. 

Monitoramento de outras arboviroses  

Dentre as principais dúvidas, surgiu a possibilidade de subnotificação de arboviroses como Mayaro e Oropouche, que podem ser confundidas com a dengue. Os especialistas concordaram que há um grande desafio para a vigilância na presença de múltiplos vírus em circulação e reforçam a necessidade de boa cobertura dos testes laboratoriais no país à luz da circulação ampliada dessas arboviroses. 

Aplicação de modelos preditivos 

Os participantes demonstraram especial curiosidade sobre os modelos preditivos apresentados pelos palestrantes, principalmente quanto às variáveis utilizadas, que incluem dados climatológicos e registros de notificações de casos. 

O pesquisador Flavio respondeu que os modelos utilizados fazem uso de dados climáticos e de notificações de casos. Ele disse que modelos mais detalhados, em nível intramunicipal, são possíveis, mas podem demandar metodologias distintas, como modelos espaço-temporais. Flávio recomenda a consulta ao github do Mosqlimate e ao relatório técnico do grupo. 

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