09/02/2023
FMA/VPAAPS/FIOCRUZ
Evento teve foco na área territorial de influência da FMA e marca a abertura de uma série de capacitações e eventos em saúde ao longo do ano de 2023
Na manhã de quarta-feira (18/01), o Escritório Técnico em Saúde Humana (ETSH) da Fiocruz Mata Atlântica (FMA) vinculada à Vice-Presidência de Ambiente e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz em parceria com o Morhan, Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ) e Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/Rio) realizou a 1ª Capacitação do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da CAP 4.0, que inclui as Clínicas da Família Arthur Bispo do Rosário e Raphael de Paula Souza do território de influência da FMA. O evento contou com a presença de 128 ACS, os quais participaram da capacitação "Educar para detectar e curar. Capacitação e qualificação dos profissionais de saúde no tocante a mobilização social". “A finalidade, desta ação do ETSH-FMA, é capacitar os agentes comunitários de saúde que atuam no território da Colônia Juliano Moreira e adjacências para suspeitarem e encaminharem para o atendimento clínico nas Unidades Básicas de Saúde, para um diagnóstico diferencial e precoce”, explica Isabel Bonna, coordenadora do Escritório Técnico em Saúde Humana da FMA.
O ETSH-FMA, criado em outubro de 2022 para contribuir com a missão da Fiocruz no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), atua no território com ações intersetoriais e territorializadas. Com a participação e a parceria dos dispositivos de saúde, assistência, educação e cultura locais, com suas atribuições e responsabilidades específicas, buscam elaborar serviços e ações integrados para a promoção da saúde em territórios vulneráveis de influência da FMA.
“Nós do Morhan Nacional, do Núcleo Estadual do Morhan Rio de Janeiro e da equipe do Teatro Bacurau do Morhan, que atua com apoio da Associação dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro - APPAI, reconhecemos de extrema importância das articulações para concretizar ações de visibilidade à Hanseníase, com foco na Promoção da Saúde, modelo de atenção em que é imprescindível a mobilização social, a socialização do conhecimento produzido pelas universidades, os centros de pesquisa, os gestores de serviços e a troca de saberes com a população. O Morhan participa desse coletivo de parcerias, convicto de que é a forma de fortalecimento do SUS, com a perspectiva de contribuir não só para a compreensão da importância da ação das entidades públicas, movimentos sociais e profissionais, somados em seus esforços, mas também de sensibilizar a população a participar ativamente para a conquista da informação e saúde com qualidade, direitos aos quais faz jus, especificamente de diagnóstico precoce da hanseníase”, fala Suerli Costa, Secretária de Comunicação do Morhan Estadual do RJ, quem ministrou a palestra do evento.
A então presidenta da Fiocruz, atual Ministra da saúde, Nísia Trindade, firmou em 2021 um Termo de Cooperação com o Morhan.
Segundo André Luiz da Silva, da Gerência de Hanseníase da SES/RJ, “é indispensável a retomada das ações de enfrentamento da Hanseníase, priorizando o diagnóstico precoce, início imediato do tratamento, orientações para autocuidado e ações de vigilância em saúde, mobilização social e educação em saúde. Neste sentido, parcerias interinstitucionais, as quais estão sendo desenvolvidas, assim como, esforços locais como forma de articulação coordenada de ações para uma comunicação/educação em saúde eficaz para população e uma qualificação de profissionais de saúde para o enfrentamento da doença. Levando em conta sua complexidade e a situação de vulnerabilidade social das pessoas acometidas. A SES-RJ celebra a parceria e reafirma a importância de parcerias como esta, entre Fiocruz, Morhan e SMS/Rio, como forma de identificação de novas estratégias de enfrentamento, que levem em conta a inserção de cada instituição e seus olhares na busca de uma assistência à saúde, integral, participativa, de qualidade e resolutiva. Desta forma, vislumbramos um sistema de saúde capaz de responder as demandas sociais que possa promover uma melhor qualidade de vida da população, fortalecendo o princípio da equidade para diminuição das desigualdades sociais”.
O tema “hanseníase”, assim como outros temas em saúde, serão trabalhados ao longo de 2023 de acordo com o público e objetivo que se pretende alcançar no “Calendário de eventos da FMA” pelo ETSH-FMA. A capacitação sobre hanseníase foi realizada para ACS multiplicadores das Clínicas da Família da CAP 4.0, e será seguido do evento “Sarau: saúde em cena – FMA 2023” em março, que abordará de forma lúdica o tema para as comunidades locais. Na segunda quinzena de julho, em parceria com a SMS, será realizada a capacitação para médicos, enfermeiros, assistentes sociais e fisioterapeutas da Atenção Primária à Saúde (APS). Colaboradores da FMA que atuam junto às comunidades do território também receberão a capacitação.
Dentre as ações programadas na FMA, pelo ETSH-FMA, para a promoção da saúde no território, destacam-se os eventos culturais e as ações de capacitação ligados ao Calendário da Saúde do MS, cujos temas são definidos no Colegiado Gestor da Clínica da Família Arthur Bispo de Rosário, e o “Catálogo único de ações e serviços” em parceria com os dispositivos de saúde, assistência, educação e cultura locais.
Saiba mais sobre a Hanseníase
A hanseníase faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública (Portaria de Consolidação MS/GM nº 4, de 28 de setembro de 2017). Segundo dados do MS, entre os anos de 2016 e 2020, foram diagnosticados no Brasil 155.359 casos novos de hanseníase. As ações para a redução da carga da hanseníase no país continuam sendo influenciadas pela pandemia de covid-19, com impacto no diagnóstico e no acompanhamento dos casos da doença no Brasil. Dados preliminares referentes ao ano de 2021 apontam que o Brasil diagnosticou 15.155 casos novos de hanseníase.
É uma doença que possui tratamento gratuito no SUS e quanto antes diagnosticada maiores as chances de cura sem sequelas. A transmissão acontece com o contato prolongado com a pessoa infectada pela bactéria Mycobacterium leprae sem tratamento. A doença afeta principalmente a pele, os olhos, o nariz e os nervos periféricos. Os sintomas incluem manchas claras ou vermelhas na pele com diminuição da sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e nos pés.
O estigma e a discriminação têm desempenhado um papel importante na hanseníase há milênios: superá-los é importante para chegar à zero hanseníase. Após a introdução bem-sucedida da poliquimioterapia (PQT), em 1981, as estratégias da OMS se concentraram na redução da prevalência, inicialmente para menos de 1 caso da doença por 10.000 indivíduos da população, e, depois, na redução da detecção de novos casos, incapacidades físicas (especialmente entre crianças) e estigma e discriminação.
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