21/05/2020
Aline Câmera*
Construído em menos de dois meses no Campus Manguinhos, o Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 – Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) está aberto para receber pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado do Rio de Janeiro desde terça-feira (19/5). Todas as medidas de proteção de pacientes e funcionários foram pensadas com base em padrões específicos para ambientes hospitalares de Covid-19.
“Agradeço a toda a equipe e o apoio do Ministério da Saúde e faço uma homenagem a todos os profissionais de saúde que buscam melhores condições de atender os pacientes dessa pandemia, que traz tantos desafios para um país continental e desigual como o Brasil", declarou a presidente Nísia Trindade Lima. “É mais um importante trabalho que em contribuição ao Sistema Único de Saúde, para salvar vidas”, afirmou, ao ressaltar que o hospital ficará como legado para o SUS.
A diretora Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), Valdilea Veloso, destacou a importância do hospital para acelerar as pesquisas conduzidas pelo INI e toda a rede de colaboração da Fiocruz, nacional e internacional – como o ensaio clínico Solidarity, da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Alcançamos o objetivo de ter um centro hospitalar com capacidade de internar um número grande de pacientes e causar um grande impacto na saúde da população”, afirmou.
Força de trabalho
Serão 1.200 trabalhadores em atuação quando o hospital, de alta complexidade e com 195 leitos intensivos e semi-intensivos, estiver em pleno funcionamento. Foram selecionados, por meio de edital lançado pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas e técnicos de enfermagem, farmácia e radiologia.
A rotina no Centro Hospitalar inclui um rigoroso protocolo de monitoramento: verificação diária da temperatura de todos os funcionários na admissão do plantão; busca ativa, testagem e afastamento dos sintomáticos, que serão orientados quanto ao procedimento de isolamento e acompanhados por meio de contatos telefônicos; entre outros, com avaliação continuada dos processos.
Os profissionais ligados à assistência receberam capacitação técnica de higiene e utilização dos equipamentos de proteção individuais (EPIs), seguindo normas de biossegurança. Profissionais da limpeza, segurança e os atendentes que fazem a mediação com as famílias também tiveram treinamentos específicos, voltados para as suas respectivas áreas de atuação.
Parte dos contratados formará uma equipe multidisciplinar de saúde do trabalhador, dedicada à força de trabalho local. Com a perspectiva da integralidade do cuidado, esse núcleo atuará desde a vigilância até aspectos da saúde mental, baseado em plano realizado em conjunto com a organização Médicos Sem Fronteiras.
Segurança do hospital
Seguindo protocolos de segurança, não são permitidas visitas aos pacientes internados. As áreas de apoio, por onde profissionais acessam o hospital, têm locais específicos para troca de roupa e alimentação. O acesso ao bloco principal é restrito à equipe de saúde e aos profissionais ligados aos serviços essenciais ao funcionamento do hospital – autônomo e isolado das demais áreas do Campus Manguinhos.
O Centro Hospitalar tem um sistema de pressão que impede a circulação do vírus ou partículas contaminadas tanto no ambiente interno quanto externo. Ao abrir a porta dos quartos individuais onde ficam os leitos, o ar é sugado e direcionado a uma tubulação equipada com sistema de filtragem. Só então é expelido, descontaminado, por chaminés para a parte externa da construção.
Foi instalada uma central de tratamento de esgoto própria, concebida para lidar com resíduos com o novo coronavírus e garantir destino seguro do efluente gerado. Também foi adotado um sistema informatizado para prescindir da circulação de papel. Cada leito possui o seu próprio tablet, que substitui o tradicional prontuário físico, e poderá ser usado em chamadas de vídeo para aproximar o paciente de seus familiares.
Investimentos
A construção e operacionalização do Centro Hospitalar foram viabilizadas com recursos transferidos para a Fundação pelo Ministério da Saúde, por meio da Lei Orçamentária Anual (LOA), no valor de R$ 184,1 milhões. Deste total, R$ 61,5 milhões foram empreendidos nas obras; e R$ 14 milhões na aquisição de equipamentos médico-hospitalares e outros materiais permanentes.
Cerca de R$ 108,5 milhões serão gastos até o fim do ano com custeio, especialmente para o pagamento de pessoal e compra de insumos, como medicamentos e equipamentos de proteção. O hospital também recebeu recursos extra orçamentários, de doações: R$ 12 milhões captados pelo Programa Unidos contra a Covid-19, que serão usados especialmente na pesquisa clínica.
* Colaboração: Claudia Lima