21/10/2024
Elisandra Galvão (VPPCB/Fiocruz)
A exposição do PMA na 21ª SNCT aconteceu no salão da entrada da Biblioteca de Manguinhos (fotos: Elisandra Galvão - VPPCB/Fiocruz)
“Karusakaibo subiu na montanha mais alta da sua querida região do Tapajós. Tinha saudades do lugar onde havia criado as coisas mais belas que poderia ter feito. Sentia em seu coração que algo estava errado e que precisava voltar para conferir como seus queridos filhos estavam tratando a terra que ele lhes deixara de presente. Ele ouvia o pedido de um de seus filhos e decidiu encontrar com seu povo Munduruku”. Assim começa Sawé: Aypapayũ Ewãwãap a’õ (título no idioma munduruku que significa Sawé: o grito ancestral), livro escrito por Daniel Munduruku e resultado de pesquisa feita pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. A obra narra a história de um menino preocupado com a poluição dos rios por mercúrio, que afeta animais e humanos, além do desmatamento e da mineração de ouro no território onde está a sua aldeia.
A publicação fez parte de um conjunto de materiais educativos e de divulgação científica expostos pelo Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde (PMA), vinculado à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas, durante a 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) na Fiocruz. O evento foi realizado de 15 a 19 de outubro, no campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e em todas as unidades da instituição no país. O tema desta edição foi Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais. A SNCT iniciou com uma mesa-redonda sobre a diversidade na ciência, com destaque para a palestra Mulher negra e cientista: padrão ou exceção?, ministrada pela professora Rosy Isaias, da UFMG. A atividade reforçou a ideia de que a ciência, além de buscar resposta, desafia normas e promove inclusão.
Além do livro de Daniel Munduruku, o PMA distribuiu cordéis, cartilhas, revistas em quadrinhos, adesivos e e-books desenvolvidos por três redes: Teias, Acesso e Atenção Primária à Saúde (APS). Essas redes são coletivos temáticos que apoiam e conectam pesquisadoras/es de diversas regiões e áreas de atuação. “Da Rede APS, trouxemos produções com abordagem e linguagem simples e lúdicas. A ideia é expandir o alcance da ciência para além dos muros da academia”, informou a analista de disseminação científica do PMA Fernanda Bezerra.
Os materiais distribuídos têm linguagem simples e voltada para diversos públicos (foto: Plínio de Souza - VPPCB/Fiocruz)
Entre os materiais distribuídos estão guias sobre aleitamento materno inclusivo e cuidado menstrual de pessoas com e sem deficiência; direitos e saúde sexual e atenção primária das pessoas com deficiência; e acessibilidade na comunicação e combate ao capacitismo. Também foram disponibilizadas histórias em quadrinhos sobre o pensar e o agir da vigilância em saúde, além de um livreto sobre saúde das pessoas com síndrome de Down, voltado para familiares e profissionais de saúde. Um destaque especial foi o jogo Super SUS, que explora o papel de agentes comunitários de saúde em diferentes territórios, trazendo personagens, políticas, programas e ações em atenção primária. O jogo conta, inclusive, com uma trilha sonora original no Spotify, a SuperSUS.
“A ciência não precisa ser dura e difícil. Ela pode e deve alcançar e envolver todos. Por isso, o trabalho realizado pelas redes ligadas ao PMA visa dialogar com diferentes públicos", explicou Fernanda Bezerra. O PMA, portanto, defende que a ciência é de todas/os/es e para todas/os/es e pode ser divulgada de forma divertida e inclusiva, sem perder a profundidade e o rigor científico.