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Mudanças climáticas e arqueologia para a área da saúde são temas debatidos pela Fiocruz e a PUC Goiás


17/10/2024

Suzane Durães (Coordenação de Ambiente - VPAAPS/Fiocruz)

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Como parte da programação do X Congresso de Ciência, Tecnologia e Inovação da Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás), aconteceu no dia 15 de outubro, na Sala de Defesas da Área 4 da universidade, duas mesas-redondas que debateram as “Mudanças Climáticas e Saúde: desafios para as políticas públicas” e as “Contribuições da Arqueologia para a área da Saúde”.

Ao abrir os trabalhos, a coordenadora da atividade, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, professora Priscila Valverde, destacou a parceria firmada com a Prospecção Fiocruz Cerrados, projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a oportunidade de construção de iniciativas conjuntas. “Hoje estamos aqui junto com a Fiocruz para discutir questões relacionadas a saúde e à arqueologia, no sentido de gerar futuros projetos e pesquisas”, disse.

Na mesa “Mudanças Climáticas e Saúde: desafios para as políticas públicas”, o palestrante Guilherme Franco Netto, coordenador de Saúde e Ambiente da Fiocruz e da Prospecção Fiocruz Cerrados, trouxe um panorama mundial sobre a interface entre as mudanças do clima e a saúde.

No âmbito internacional, Guilherme ressaltou o reconhecimento da importância do componente da saúde pela Conferência das Partes (COP), principal fórum de negociações para ações de combate ao aquecimento global  das Nações Unidas (ONU). Durante a COP-28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, pela primeira vez, teve um dia dedicado à saúde.

“Tivemos o reconhecimento de que os impactos e os cuidados na saúde relacionados à mudança do clima são absolutamente centrais para as políticas e sistemas de saúde dos países. Os eventos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios florestais em vários estados do país, têm evidenciado um cenário bastante preocupante para o planeta”, disse.

Ao analisar os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Guilherme enfatizou dados que revelam que, de 1900 a 2020, houve um avanço progressivo da temperatura global, principalmente no período industrial. “Em 2015, na COP-21, foi firmado o Acordo de Paris, que estabeleceu a meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C. Infelizmente, os países não têm cumprido a meta. Os anos de 2023 e 2024 bateram recordes de temperatura e estamos caminhando para 2°C”, afirmou.

Guilherme ainda ressaltou que, de 2011 a 2020, a temperatura subiu 1,1°C, quando comparada ao período de 1850 a 1900. “Com o aumento da temperatura, vamos ter eventos extremos mais frequentes e cada vez mais intensos ”, ressaltou.

No campo da saúde, o coordenador alertou para a incidência de doenças relacionadas às mudanças climáticas, como as infecciosas (doenças transmitidas por água, alimentos ou vetores – hepatite, leishmaniose, malária, dengue), cardiovasculares e respiratórias (alergias), neurológicas (estresse mental), entre outras. 

“Esse ano tivemos a maior epidemia de dengue registrada no Brasil.(...) Essa situação de altas temperaturas causam alterações no organismo das pessoas e do coletivo. Precisamos pensar como o sistema de saúde vai lidar com isso e como focar onde estão ocorrendo os eventos extremos”, pontuou.

Arqueologia e saúde

Na segunda mesa que debateu as “Contribuições da Arqueologia para a área da Saúde”, Guilherme apresentou dados da investigação de resíduo de agrotóxicos nos corpos d’água do sítio arqueológico localizado em Serranópolis, Goiás. “A investigação foi motivada pelo professor Júlio Rubin e teve como foco os danos à preservação e manutenção dos artefatos e dos sítios arqueológicos”, relatou.

O professor Júlio Rubin, decano do curso de arqueologia da PUC Goiás, apresentou os resultados da pesquisa realizada em Serranópolis, onde foram feitas escavações e encontrado um fóssil que pode chegar à idade de 12 mil anos e amostra de sedimentos por volta de 14 mil anos. “Estamos num excelente processo de desenvolvimento da pesquisa e alguns resultados são muito importantes para a arqueologia e a saúde pública e de como as informações do tempo profundo (equivalente à escala de tempo geológico) podem nos auxiliar”, enfatizou.

De acordo com o professor Júlio, foram encontrados micro-organismos nos sedimentos pesquisados e os dados trazem uma relevante contribuição para a comunidade científica. No contexto das mudanças do clima, segundo ele, se em determinadas áreas aumentarem muito as precipitações pluviométricas, haverá um processo de erosão e perda de solo. “Nos preocupa a erosão em áreas com geleiras, que poderá expor solos muito antigos que abrigam micro-organismos, inclusive alguns patogênicos, que podem ocasionar doenças ainda desconhecidas”, concluiu.

Acesse os vídeos do debate:

Mesa 1

Mesa 2
 

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