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Fiocruz e MDA realizam oficina para identificar prioridades e ações estratégicas para o fortalecimento da alimentação saudável e saúde de Goiás 


24/09/2024

Suzane Durães (Coordenação de Ambiente - VPAAPS/Fiocruz)

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do projeto Prospecção Fiocruz Cerrados, e a Superintendência Federal de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar em Goiás (MDA/GO) realizaram, no dia 17 de setembro, uma Oficina de Trabalho na Universidade Federal de Goiás (UFG). O objetivo do evento foi identificar prioridades e ações estratégicas para fortalecer o desenvolvimento agrário, promover a alimentação saudável e melhorar a saúde em Goiás. A oficina contou com a participação de gestores e equipe técnica da Prospecção Fiocruz Cerrados, do MDA e da Secretaria de Saúde de Goiás. 

O combate à fome é uma das principais prioridades da agenda global, sendo a erradicação desse problema um dos objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) e seus países-membros. Até 2030, o Brasil precisa atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável, garantindo o acesso a alimentos seguros e nutritivos, especialmente para as pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças. 
 
No Brasil, diversas iniciativas estão sendo implementadas em prol da alimentação saudável, refletidas em políticas públicas e ações da sociedade civil. Nesse contexto, a Prospecção Fiocruz Cerrados e a Superintendência do MDA/GO têm promovido diálogos focados na defesa da sociobiodiversidade dos Cerrados e na produção de alimentos saudáveis. 

Foto Juliana Vieira

Durante a oficina, Guilherme Franco Netto, coordenador de Saúde e Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS) e da Prospecção Fiocruz Cerrados, enfatizou a importância de construir redes de articulação para enfrentar os desafios nos Cerrados. Segundo ele, a oficina permitiu o compartilhamento de conhecimentos entre as duas instituições, ajudando na identificação de prioridades e na definição de ações conjuntas. "O objetivo é fortalecer alianças em torno de políticas públicas que promovam saúde e bem-estar para a população", destaca o coordenador. 
 
Para o superintendente federal do MDA em Goiás, José Valdir Misnerovicz, vivemos um momento de muitos desafios e entre eles estão a superação da fome, qualidade dos alimentos consumidos pela população brasileira e as mudanças climáticas. “Os alimentos saudáveis dialogam diretamente com a saúde das pessoas. Estamos animados no sentido de construir espaços de diálogo que busquem bons encaminhamentos e respostas para os desafios”, disse José Valdir. 
 
Também do MDA/GO, Juarez Rodrigues, destacou a importância do Acordo de Cooperação celebrado entre a Secretaria da Agricultura Familiar e Agroecologia (SAF/MDA) e Ministério da Saúde (MS), especialmente nas áreas de formação e da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). Ele também falou da necessidade de identificar as instituições e organizações da sociedade civil que atuam nas áreas urbanas/periurbanas, com o objetivo de estabelecer parcerias e promover a produção de alimentos saudáveis, os quintais produtivos e o abastecimento das cozinhas solidárias. Nesse sentido, falou da necessidade de delinear ações que promovam o avanço da Política e do Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana.

Foto Juliana Vieira

O assessor especial para Territórios do Ministério da Saúde (MS), Valcler Rangel, enfatizou a relevância do Sistema Único de Saúde (SUS) nos níveis municipal, estadual e federal, e a importância da integração das pautas para as populações do campo, da floresta e das águas. 

Na avaliação do coordenador da Agenda de Agroecologia da VPAAPS, André Búrigo, é necessário uma parceria mais integrada entre a Fiocruz e o MDA para atuação nos Cerrados. Disse ainda que a Fiocruz desenvolve mais de 150 iniciativas voltadas para a agroecologia em todo o Brasil e sugeriu que se considere também os espaços urbanos, ressaltando iniciativas do governo Lula voltadas para a agricultura urbana. "O fortalecimento da proteção da biodiversidade e a promoção da saúde são objetivos fundamentais desse trabalho conjunto", afirma. 

Os esforços da Fiocruz junto aos territórios, como a implementação do Programa de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (PITTS), foram enfatizados pela vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira. Para ela, o desafio está em promover uma saúde integrada aos sistemas ambientais e construir uma ponte eficaz entre a ciência e a prática.  

Denise também pontuou o uso das terras quilombolas para cultivo de soja e, por consequência, o desaparecimento dos corpos d’água, da fauna e da flora. O racismo ambiental, na avaliação dela, permeia os territórios sustentáveis e saudáveis (TSS) e ela sugere que seja acrescentado mais um ‘S’ de sagrados na denominação dos TSS. “Soberania alimentar é um elemento importante para as políticas públicas. As comunidades tradicionais, sobretudo as quilombolas, não estão sendo ouvidas e principalmente não estão recebendo benefícios”, alerta a vice-diretora. 

Foto Juliana Vieira

Dentre os encaminhamentos da oficina está a criação de um programa multidisciplinar de "residência rural" abordando soberania alimentar, agroecologia e saúde, voltada a profissionais das áreas de saúde, agrária, ambiental e afins.  
 
Em relação aos desafios, os participantes destacaram a comercialização dos produtos dos agricultores como um dos principais obstáculos a ser superado. O produtor agroecológico enfrenta dificuldades em fazer com que os produtos cheguem ao consumidor sem atravessadores. Nesse contexto, além de reforçar as políticas públicas, ressaltou-se a importância das cooperativas e associações para impulsionar a produção e a comercialização de alimentos. Também foi enfatizada a necessidade de promover a industrialização e a conservação de produtos agroecológicos. 
 
Para facilitar a integração de políticas públicas e capacitação de comunidades rurais em agroecologia e saúde, os participantes ainda sugeriram o estabelecimento de parcerias entre universidades, institutos federais, Fiocruz e outras instituições.  
 
Os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para integrar suas ações às dinâmicas territoriais locais também foi apontado no debate. Na avaliação dos integrantes da Secretaria de Saúde de Goiás, precisa melhorar a cobertura e atendimento da saúde pública com base nas características de cada território. Neste sentido, defenderam a inclusão das populações tradicionais no atendimento do SUS, a partir de um  "painel de promoção da equidade em saúde dos povos e comunidades tradicionais em Goiás", que monitora os atendimentos específicos dessas populações. 

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