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CST/Cogepe realiza evento sobre enlutados por suicídio


30/09/2024

Marcelle Martins - Ascom Cogepe

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada 100 mil habitantes, cerca de sete pessoas perdem a vida por suicídio. Mas o que acontece com aqueles que ficam? Como é o processo de luto para quem perde um familiar ou amigo dessa maneira? De que forma o preconceito e o julgamento social relacionados ao suicídio afetam os enlutados? Essas questões foram alguns dos tópicos abordados no evento "Diálogos em Saúde Mental e Trabalho – uma conversa sobre enlutados por suicídio" que aconteceu no dia 20 de setembro, promovido pela Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST/Cogepe), na Sala de Treinamento e transmitido online para toda a Fiocruz.

De acordo com a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases), estima-se que a cada caso de suicídio até 135 pessoas sejam impactadas. Durante o encontro, Luciana Cavanellas, assessora da Coordenação da CST, ressaltou a delicadeza do tema e a importância de se dar a devida atenção a ele. "Aqui na CST, nossa missão é zelar pela saúde do trabalhador, e entendemos que este é um espaço de troca e acolhimento. Organizamos este evento com o intuito de abordar, da melhor forma possível, um tema sensível, mas real, que deve ser considerado no ambiente de trabalho".

Durante o encontro, Denize Nogueira, integrante do Núcleo de Psicologia e Serviço Social (NUPSS/CST), apresentou uma visão geral sobre o suicídio e sua ocorrência nas Américas. "Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, foram registrados mais de 100 mil casos nas Américas. O suicídio não é causado por um único fator; trata-se de um fenômeno multifatorial. Fatores culturais, socioeconômicos, de saúde, entre outros, contribuem para que esse desfecho ocorra" explicou.

Como lidar com a dor

A vice-presidente da Abrases, Lígia Mastrangelo, palestrante do evento, perdeu sua filha Julia há seis anos. Com o tempo, percebeu que a melhor maneira de enfrentar a dor do luto por suicídio era buscar apoio em grupos de pessoas que haviam vivido situações semelhantes. "Era uma dor tão profunda. Logo percebi que a solidão era meu maior inimigo. Sentia culpa, vergonha e receio das críticas. Isso me fazia me fechar ainda mais, porque a dor já era imensa e eu não queria intensificá-la com palavras cortantes", relatou.

Lígia explicou que a Abrases é uma organização cujo objetivo é promover a cultura de prevenção e posvenção do suicídio, que é todo o cuidado concedido após a perda. "A pessoa enlutada por suicídio imediatamente se torna parte de um grupo de risco. Por isso, é essencial reduzir os estigmas, oferecer amparo e até mesmo proteger esses sobreviventes. Oferecemos diversas atividades para ajudar a enfrentar esse processo sem solidão, a compreender o fenômeno do suicídio e o luto, e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos enlutados."

O enlutado e o trabalho

Marcelle Martins, trabalhadora da CST, compartilhou seu depoimento, destacando o quanto foi essencial o apoio no trabalho. "Contar com uma gestão atenta, além de ter acesso a serviços de psicologia e assistência social, apoio dos meus colegas de trabalho e da equipe, isso tudo foi fundamental para que eu pudesse hoje compartilhar meu relato com tranquilidade. O luto não é linear. Um dia você se sente bem, no outro, acorda sem energia. Apenas um local que valoriza e prioriza a saúde mental do trabalhador é capaz de lidar de maneira compreensiva com essa realidade", concluiu.

Mais de 100 pessoas acompanharam o evento de forma presencial e remota. Para mais informações, conheça o site da Abrases: www.org.br . Conheça também o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo site www.cvv.org.br ou, se precisar de ajuda, ligue 188.

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