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Fiocruz apresenta aprendizados do projeto Ará no Encontro Internacional de Territórios e Saberes  


26/09/2024

Agenda de Saúde e Agroecologia (VPAAPS) e Aline Rickly (Fórum Itaboraí) 

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Iniciativa teve atuação nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, com objetivo de promover a saúde e o desenvolvimento sustentável   

Os resultados do projeto Ará, iniciativa que buscou a promoção da saúde e o desenvolvimento sustentável em territórios do Rio de Janeiro e de São Paulo, foram apresentados no dia 12 de setembro durante o Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS) em Paraty.   

Coordenado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) entre 2021 e 2024, o projeto Ará teve atuação integrada de três programas territoriais da Fiocruz: o Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, o Observatório dos Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina e a Fiocruz Mata Atlântica. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Articulação Nacional de Agroecologia e outras organizações da sociedade civil foram parceiras da iniciativa. 


Foto: Vinícius Carvalho (OTSS)

Durante o EITS, foram apontados os principais resultados relacionados aos quatro eixos do projeto Ará: soberania e segurança alimentar e nutricional, saúde das pessoas e dos territórios, construção social de mercados e construção de conhecimentos. Esses aprendizados irão compor uma publicação do projeto, que está em fase final de elaboração.   

A abertura contou com a participação da dona Benedita, escritora e rezadeira de 84 anos, que benzeu todos os presentes. Logo após, Guilherme Franco Netto, coordenador de Saúde e Ambiente (VPAAPS) falou sobre a importância do projeto. “Tivemos uma aproximação muito importante com os movimentos sociais desses territórios que vêm trabalhando na perspectiva da agroecologia. Para nós, este é um momento muito precioso. Este projeto traz esse grãozinho, essa semente fundamental, e a gente pretende que tenha uma repercussão ao nível de todos os territórios do nosso país”, disse.  

Em seguida, Angélica Almeida, comunicadora da Agenda de Saúde e Agroecologia (VPAAPS), apresentou o processo de sistematização. “Desde o começo, ficou nítido para nós que seriam muitos os aprendizados deste projeto construído com diversidade de atores e que precisávamos registrar as ações de forma muito cuidadosa, para inspirar os caminhos dos programas territoriais da Fiocruz e futuros projetos”, afirmou.  

Fizeram parte das reflexões críticas do projeto, encontros de imersão em cada um dos territórios, análise de diversos documentos de registro e prestação de contas de atividades, bem como escrita de histórias sobre o impacto das ações nas comunidades.  


Foto: Angélica Almeida (VPAAPS)

Em relação à soberania e segurança alimentar e nutricional, o projeto incentivou ações de solidariedade e geração de renda no contexto da pandemia da Covid-19, fortalecendo famílias em situação de vulnerabilidade e quem produz alimentos saudáveis. Incentivou a produção de alimentos por meio de adequações sociotécnicas, como a aquisição de ferramentas, cursos, organização sociopolítica das pessoas agricultoras. Também promoveu debates sobre a qualidade da alimentação nos territórios.   

Em relação à saúde das pessoas e territórios, o projeto fomentou a valorização de quintais produtivos manejados por mulheres que guardam conhecimentos da medicina popular. Incentivou o cuidado com as águas e implementação de tecnologias sociais, tendo em vista que os territórios de atuação convivem com falta de saneamento e insuficiência de água potável. Além disso, promoveu intercâmbio sobre medicina e saúde tradicional entre mulheres indígenas e discutiu estratégias de cuidado, diante dos muitos adoecimentos e violações de direitos identificados.  

Em relação à construção social de mercados, incentivou mercados justos e abastecimento popular, politizando o compromisso de acesso a alimentos saudáveis como direito de todas as pessoas. Contribuiu para a estruturação e formalização de feiras agroecológicas e para ampliação de Sistemas Participativos de Garantia (SPG) que atestam, por meio de um selo, a qualidade orgânica da produção. Promoveu formações sobre viabilidade econômica e sustentabilidade de empreendimentos solidários e da agricultura familiar, incentivou o Turismo de Base Comunitária e a contratação de serviços locais.  

Em relação à construção de conhecimentos, o projeto valorizou a diversidade e o diálogo horizontal entre diferentes saberes; o reconhecimento do protagonismo dos povos que habitam os territórios; as metodologias participativas; a centralidade da arte, da comunicação e das práticas culturais que sustentam os modos de vida e a identidade das várias comunidades. Também propôs formas de gestão pautadas na responsabilidade compartilhada, na incorporação de juventudes e mulheres nas equipes de trabalho responsáveis pela mobilização de territórios e tomada de decisão sobre os rumos do projeto, bem como metodologias com base no diálogo, no respeito à diferença, na afetividade.  

Durante o encontro, André Burigo, coordenador da Agenda de Saúde e Agroecologia, afirmou a importância das ações desenvolvidas em um cenário de retomada dos processos de articulação territorial e de construção de 'baixo para cima", desde os territórios. “A gente precisa fazer uma transição nos sistemas agroalimentares do tamanho do desafio que a gente está enfrentando diante das crises climáticas. É a partir de redes territoriais, de processos como o Ará, que a Fiocruz aprende e se reinventa”, disse. 

O momento também contou com falas de representantes dos programas territoriais da Fiocruz, das comunidades, bem como da Embrapa. 


Foto: Marina Duarte (OTSS)

Sobre o EITS  

O Encontro reuniu participantes de 22 países em uma proposta de diálogo entre saberes científicos e tradicionais entre os dias 9 e 15 de setembro em Paraty. O encontro contou com mais de 70 atividades entre mesas, oficinas, vivências e visitas de campo.   

O evento foi organizado por meio de uma parceria entre a Fiocruz, a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT). Também participaram da construção organizações como a Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras, a Coordenação Nacional de Comunidades Negras e Rurais Quilombolas e a Comissão Guarani Yvyrupá.  

 

 

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