Divulgado nesta quinta-feira (29/8), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz [1] mostra aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todas as faixas etárias analisadas. Os dados por faixa etária apontam manutenção do aumento dos casos de Sars-CoV-2 (Covid-19) entre os idosos e início de crescimento do vírus na faixa etária entre 15 e 64 anos. Quanto aos vírus influenza A e o vírus sincicial respiratório (VSR), há uma diminuição do número de casos em boa parte do território nacional. Já o rinovírus tem apresentado tendência de aumento em vários estados do país, e se mantém como a principal causa de incidências de SRAG entre as crianças e adolescentes de 2 a 14 anos.
O agregado nacional apresenta sinal de aumento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do Boletim InfoGripe, Tatiana Portella destaca que o aumento da SRAG no agregado nacional se deve ao rinovírus e Covid-19 em muitos estados do país. “O VSR e o rinovírus permanecem como as principais causas de internações e óbitos em crianças de até dois anos, embora os casos de SRAG por VSR já demonstrem queda nas últimas semanas”, destaca Portella.
Estados e capitais
Na presente atualização, 12 unidades federativas apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Os casos de SRAG por VSR e influenza A mantêm uma tendência de queda na maior parte do território nacional. Entre as capitais, nove apresentam indícios de crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Brasília (DF), Boa Vista (RR), Curitiba (PR), João Pessoa (PB), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Vitória (ES). Nas regiões Nordeste e Centro-Sul, o aumento de casos de SRAG concentra-se em crianças e adolescentes de até 14 anos de idade e está relacionado ao rinovírus. Em Goiás e São Paulo, o crescimento também está associado ao aumento de incidência de SRAG por Covid-19, especialmente entre os idosos.
“Devido ao alto fluxo de pessoas entre o estado de São Paulo e os demais estados, o aumento de casos de SRAG por Covid-19 pode impulsionar a disseminação do vírus para outras regiões nas próximas semanas. Por isso, é muito provável que a gente observe um crescimento do número de casos de Covid-19 em outros estados. Desta forma, é importante que os hospitais e as unidades sentinelas de síndrome gripal de todos os estados reforcem a atenção para qualquer sinal de aumento expressivo na circulação do vírus”, alerta a pesquisadora.
Diante desse aumento de casos de Covid-19, Portella ressalta que é essencial que todos os indivíduos que fazem parte do grupo de risco estejam em dia com a vacinação contra o vírus. A pesquisadora também reforça a importância da vacina contra a influenza. “Apesar do número de casos de influenza A estar diminuindo em todo o Brasil, o vírus continua sendo uma das principais causas de óbitos por SRAG entre os idosos”, reforça.
Mortalidade
A incidência e a mortalidade semanal média nas últimas oito semanas epidemiológicas mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. A incidência e mortalidade de SRAG em crianças de até dois anos de idade é mantida em maior parte pela circulação do VSR e rinovírus. Já a mortalidade na população a partir dos 65 anos continua sendo a mais impactada, fundamentalmente por conta dos vírus Influenza A e Covid-19.
Em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2, a incidência tem apresentado maior impacto em crianças pequenas, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos. Entre as crianças, os impactos tanto em hospitalizações quanto em óbitos são inferiores aos observados atualmente para o VSR e o rinovírus. Nos idosos, a incidência e a mortalidade de SRAG por Covid-19 já se aproximam da incidência e mortalidade por influenza A.
Prevalência e ano epidemiológico
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 14,6% para influenza A; 2,1% para influenza B; 15,9% para VSR; e 24,8% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a prevalência entre os casos positivos foi de 34,1% para influenza A; 2,2% para influenza B; 4,8% para VSR; e 44,5% para Sars-CoV-2.
Em 2024, já foram notificados 119.544 casos de SRAG, sendo 57.644 (48,2%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 47.542 (39,8%) negativos, e ao menos 7.896 (6,6%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos do ano corrente, 18,9% são Iinfluenza A, 0,6% são influenza B, 42,4% são VSR, e 17,8% são Sars-CoV-2 (Covid-19).