Políticas do Feminino: saúde, sexo, gênero

O livro resgata a complexa história das políticas de saúde para a mulher do Brasil e sua articulação com o movimento feminista, enfatização a participação, seja movimentos sociais, seja de mulheres feministas comprometidas com a pauta da melhoria da saúde da mulher.

A autora se aprofunda e esmiúça questões que envolvem o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (Paism), que se torna Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Pnaism) e, posteriormente, a Rede Cegonha (RC). O Paism se inicia em um momento de ebulição política e de reconquista da democracia, alguns anos antes da elaboração da Constituição de 1988 e do Sistema Único de Saúde (SUS), momento fundamental da ampliação de direitos. Já o Pnaism se estabelece em um contexto no qual a saúde reprodutiva é reconhecida globalmente como um direito humano e a violência contra a mulher é tomada como um problema de saúde pública, ao passo que a RC focaliza a dimensão inaceitável das mortes maternas desnecessárias e evitáveis. A participação das mulheres, os conflitos, as dificuldades, os avanços e retrocessos estão analisados na obra, que coloca a questão: quem são as mulheres protagonistas e alvo dessas políticas?

Ao mapear essa história cheia de paradoxos, “temas sensíveis de um diagrama de alta densidade na produção de sexo e gênero nas políticas públicas investigadas”, nas palavras da autora, é com pesar que ela leva o leitor a reconhecer as grandes perdas políticas das propostas iniciais como a integralidade; a questão de gênero, que se acomoda na cis-heteronormatividade; e a perda do controle e de participação social. No entanto, o livro também traz os diagnósticos para que se possam superar as limitações e os retrocessos e abarcar, no futuro, mulheres cada vez mais diversas.

Dessa forma, é importante compreender a política também como a arte da transformação da realidade e entender a sua construção, como diz a autora, os “outros mundos possíveis pelas veredas da saúde da mulher”. 

Coleção Criança, Mulher e Saúde

Os estudos da saúde da criança e da mulher se desvinculam, gradativamente, de uma visão puramente médica, incorporando novas abordagens disciplinares. Isso levou a criticar a ótica que percebia a mulher apenas como mãe, ou a que ignorava os apelos da subjetividade da criança.

Buscando superar tais limitações, a coleção Criança, Mulher e Saúde está aberta ao novo, que se pode inaugurar em diversos aspectos desse complexo campo que é a atenção à saúde da criança e da mulher, tanto sob a forma de relatos de pesquisas, descrições de casos e textos técnicos de grande abrangência quanto com inovações metodológicas que venham questionar o estabelecido e fundar novas possibilidades.

Aqui serão partilhadas várias óticas do conhecimento, abordagens disciplinares e interdisciplinares, visando à melhor compreensão do objeto de trabalho que engloba a clínica médica, as ciências sociais e humanas, as ciências básicas e a saúde coletiva.

Sobre a autora

Hevelyn Rosa é psicóloga, sanitarista, doutora em saúde pública e pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. 

R$ 89,00 (impresso) | R$ 53,40 (digital) | 393 páginas

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2023, 393 páginas.
ISBN: 978-65-5708-185-3.
eISBN: 978-65-5708-186-0

Prefácio    
Apresentação
I – Tecendo percursos    
1. Interlocuções teóricas    
2. Trabalhando com documentos
3. A saúde da mulher no século XX: uma breve mirada
II – A política nacional de atenção integral à saúde da mulher
4. A inclusão do conceito de gênero na política pública
5. Uma conjuntura de ampliação de direitos
III – A Rede Cegonha
6. A cegonha e a "mulher-mãe"
7. Humanização do parto e nascimento: disputas por um novo modelo de atenção à saúde
IV – A coprodução de mulheres, Estado e movimentos sociais
8. Caracterização da mulher na política de saúde dos anos 2000
9. Implicações do engajamento com o Estado
Considerações finais
Referências    
Anexo