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Fiocruz recebe Universidade de Pittsburgh para fortalecer estudos sobre a Amazônia


20/06/2023

Júlio Pedrosa (Fiocruz Amazônia)

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Representantes da Universidade de Pittsburgh (EUA) estiveram, na última sexta-feira (16/6), na sede do Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia) como parte de uma programação de visitas da universidade norte-americana a instituições de ensino e pesquisa da Amazônia. A finalidade é buscar parcerias para projetos de cooperação visando a criação de um programa de estudos amazônicos. A ideia é promover seminários conjuntos e oferecer oportunidades de intercâmbio para alunos, professores e pesquisadores das instituições envolvidas. A comitiva foi formada pela diretora do Centro de Estudos da América Latina da Universidade Pittsburgh, Keila Grinberg; o vice-reitor para Assuntos Globais, Ariel Armony; a pró-reitora da Escola de Relações Internacionais, Carissa Slotterback; e o diretor acadêmico do centro, Luiz Bravo. 

Finalidade da visita foi buscar parcerias para projetos de cooperação visando a criação de um programa de estudos amazônicos (foto: Fiocruz Amazônia)

 

Antes, o grupo esteve em Belém, onde conversou com representantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), e em Manaus, em visitas a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Na Fiocruz Amazônia, a comitiva foi recebida pela diretora da instituição, Adele Benzaken, as vice-diretoras de Pesquisa e Inovação, Stefanie Lopes, e de Ensino, Informação e Comunicação, Rosana Parente, juntamente com o pesquisador do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), Rodrigo Tobias de Souza Lima, coordenador do projeto Manaós: Saúde Indígena no Contexto Urbano, apresentado aos representantes da Universidade de Pittsburgh. A visita da comitiva, inclusive, iniciou com a ida à comunidade Parque das Tribos, primeiro bairro indígena de Manaus, onde a Fiocruz Amazônia desenvolve o projeto.

“Nosso objetivo é tentar criar um grupo de estudos amazônicos em parceria com várias universidades e institutos de pesquisa pan-amazônicos, a exemplo do Brasil, Bolívia, Peru, Colombia, Equador, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa e Guiana, que permitam o desenvolvimento de pesquisas sobre temas de interesse comum e, neste momento, estamos realizando os contatos com parceiros, a partir de ideias discutidas em janeiro deste ano durante reunião, realizada na Universidade de Pittsburgh”, explicou a diretora do Centro de Estudos da América Latina, da Universidade de Pittsburgh, Keila Grinberg. “Mais adiante, queremos criar um programa permanente de intercâmbio de conhecimento sobre a região”, diz Keila, que é brasileira.

Projeto Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano é desenvolvido pela Fiocruz Amazônia (foto: Fiocruz Amazônia)

 

Segundo ela, o interesse maior é o do intercâmbio de conhecimentos. “Queremos aprender com as práticas que já existem aqui e propiciar que nossos alunos possam absorver também conhecimentos com os programas de excelência desenvolvidos pela Fiocruz Amazônia, a exemplo do trabalho com as comunidades indígenas, e que também possamos realizar colaborações para pesquisas futuras”, afirmou Grinberg, se dizendo entusiasmada com a possibilidade de colaboração conjunta para a criação de um programa de estudos amazônicos dentro do Centro de Estudos da América Latina, na universidade norte-americana. 

“Nossa intenção é facilitar que estudantes das diversas instituições amazônicas possam estudar em Pittsburgh, com um programa de bolsas, e facilitar o intercâmbio entre professores, pesquisadores e alunos para que alunos de cá possam ir pra lá e vice-versa, identificando temas de interesse comum podemos tentar partir para atividades específicas. Um dos temas, por exemplo, sobre o qual temos muito interesse é o da Amazônia urbana e suas questões, assim como as discussões sobre os direitos humanos, memória, formação de políticas públicas e saúde coletiva”, pontuou Grinberg. Segundo a diretora, a Universidade de Pittsburgh possui uma escola de saúde pública que é referência internacional, com um dos institutos mais importantes dos EUA nessa área. “Queremos justamente expandir isso para aprender e conhecer mais sobre a questão cultural e de tantos diferentes saberes dn Amazônia”, observou.

Representantes de Pittsburgh tiveram oportunidade de contato com indígenas de algumas das 35 etnias existentes na comunidade (foto: Fiocruz Amazônia)

 

No Parque das Tribos, os representantes de Pittsburgh tiveram oportunidade de contato com indígenas de algumas das 35 etnias existentes na comunidade, participantes de projeto da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) da Prefeitura de Manaus, voltado para idosos. Na sequência, visitaram as obras da Unidade Básica de Saúde (UBS), a primeira do bairro, construída pelo município para atender a população do bairro. O projeto conta com a parceria da Fiocruz Amazônia na discussão quanto à caracterização e concepção do uso espaço para troca de saberes tradicionais. Na oportunidade, Rodrigo Tobias fez um apanhado da trajetória de conquistas do projeto Manaós - atualmente na segunda fase de estudos – e destacou a importância da participação indígena no processo de melhoria das condições de assistência à saúde da localidade.

Projeto Manaós

O projeto Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano é desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, por meio do Edital Saúde Indígena, do Programa Inova Fiocruz. O projeto entrou em sua segunda fase de execução de atividades voltadas para as 750 famílias de 35 etnias indígenas, que vivem atualmente no Parque das Tribos, primeiro bairro indígena de Manaus. Inicialmente, o Manaós atuou no diagnóstico da realidade dos indígenas desaldeados e as dificuldades enfrentadas por eles no acesso aos serviços de saúde. Passará agora a desenvolver linhas específicas de ação, voltadas ao empoderamento comunitário, formação de agentes indígenas de saúde e a investigação de fatores de risco cardiovasculares dos indígenas que vivem na área urbana. Essa investigação inaugura no Brasil uma linha de pesquisa específica com indígenas não aldeados que convivem com contextos urbanos e periféricos das grandes cidades.

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