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Especialista esclarece as principais dúvidas sobre a infecção aguda pelo HIV


24/07/2014

Fonte: Agência Fiocruz

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A infecção aguda pelo vírus HIV, também chamada de síndrome retroviral aguda, é um quadro semelhante à gripe, que surge de duas a quatro semanas após o paciente ter sido contaminado. Nem todos os pacientes recém-infectados apresentam uma fase aguda e muitos dos que apresentam o fazem de forma não específica, com sintomas semelhantes aos de qualquer uma das várias viroses respiratórias comuns ao ser humano.

A infecção aguda pelo HIV é o período de tempo imediatamente depois do contato com o vírus da imunodeficiência humana. Nesse período, nos dias posteriores à infecção, a multiplicação do HIV é extremamente rápida e o vírus faz muitas cópias de si mesmo, levando a uma quantidade extremamente alta de HIV no sangue. Essa quantidade de vírus no sangue é chamada de carga viral, frequentemente muito alta porque as defesas do corpo ainda não tiveram tempo suficiente para responder ao vírus. À medida que a quantidade de HIV aumenta no corpo, um grande número de glóbulos brancos, chamados de células T CD4 +, responsáveis pela defesa do corpo, são destruídas. Ao longo do tempo, a infecção pelo HIV provoca uma grande diminuição no número e na qualidade de células T CD4 + no corpo, enfraquecendo o sistema imunológico.

Cerca de seis a oito semanas depois de adquirir a infecção pelo HIV, o corpo começa a defender-se através da criação de anticorpos. O desenvolvimento de anticorpos faz com que a quantidade de HIV caia, mas o vírus ainda permanece no sangue, e nunca desaparece completamente. O período conhecido como infecção aguda pelo HIV pode ser referido por nomes diferentes, tais como infecção primária pelo HIV, síndrome retroviral aguda e síndrome de infecção aguda pelo HIV. Todos os nomes descrevem esta rápida fase imediatamente posterior à infecção pelo HIV.

Nesta entrevista, a pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), Brenda Hoagland, especialista no tema, esclarece as principais dúvidas sobre a infecção aguda.

Quais são os sintomas de infecção aguda pelo HIV?

A infecção aguda pelo HIV pode ou não ser acompanhada por sintomas. Aproximadamente metade das pessoas infectadas com HIV desenvolvem sintomas logo após a infecção. Tipicamente, os sintomas ocorrem de 5 a 30 dias após a infecção inicial e podem durar cerca de duas semanas, podendo persistir por períodos mais curtos ou mais longos. Os sintomas incluem: febre (geralmente 38,3ºC ou mais); fadiga; inchaço dos gânglios linfáticos; dor de garganta; perda de peso; dores musculares; dor de cabeça; náuseas; suores noturnos; diarreia; rash (erupções cutâneas de aspecto avermelhado consequentes de doenças provocadas por vírus).

Ter estes sintomas não significa que a pessoa tem o HIV. Os mesmos sintomas podem ocorrer com a gripe, mononucleose (mono), infecções na garganta e outras doenças virais.

Quais os testes para detecção da infecção aguda pelo HIV?

O teste mais comum é o que procura os anticorpos que o corpo produz especificamente em resposta a infecção viral pelo HIV (ensaio imunoenzimático EIA, também conhecido como Elisa). Estes anticorpos podem não estar presentes no sangue durante várias semanas a alguns meses após a infecção. Os testes rápidos de HIV, feitos no sangue ou em fluidos orais, são testes de anticorpos. Outro tipo de teste de HIV procura o próprio vírus (é chamado frequentemente de RNA do HIV ou de carga viral). Este teste detectará o vírus e fornecerá um resultado positivo logo após a infecção (em cerca de cinco dias). Por isso é um teste importante para diagnosticar as pessoas recentemente infectadas pelo HIV.

O exame de sangue normal de anticorpos de HIV (EIA) pode ter resultado negativo ou indeterminado para alguém com infecção aguda pelo HIV. No entanto, o exame de RNA de HIV terá um resultado positivo durante a infecção aguda. Um resultado negativo ou indeterminado em um teste de anticorpos do vírus e um resultado positivo em um teste de RNA sugerem fortemente infecção aguda pelo HIV. Os testes EIA de HIV e Western Blot, que geralmente são negativos ou indeterminados durante a infecção aguda pelo HIV, comumente tornam-se positivos ao longo dos próximos um a três meses. Se ambos os testes forem positivos, então a infecção pelo HIV, provavelmente, ocorreu várias semanas ou meses antes do teste.

O Laboratório de Pesquisa Clínica em DST/Aids do INI/Fiocruz, em parceria com a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e o grupo Arco-Íris estão disponibilizando um método de testagem que identifica a infecção pelo HIV em estágio ultra precoce (RNA do vírus), possibilitando dessa forma o diagnóstico prematuramente da infecção pelo vírus e o início imediato da terapia antirretroviral combinada. Este procedimento possibilita uma ação menos agressiva do vírus no sistema imunológico do indivíduo além de proteger a propagação da infecção.

Se a pessoa está preocupada com uma possível exposição ao HIV e experimentou recentemente ou atualmente algum dos sintomas descritos, é muito importante procurar avaliação médica. Para quem tem HIV, a intervenção precoce pode melhorar a longo prazo o estado de saúde. É importante lembrar que os sintomas de infecção precoce pelo HIV são semelhantes aos sintomas de outras infecções, incluindo o da gripe e outras doenças sexualmente transmissíveis, como mononucleose e hepatite. Experimentar estes sintomas não significa necessariamente que a pessoa tem HIV, mas é importante descobrir a causa dos sintomas.

 

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