03/07/2014
Por Claudio Oliveira/ Portal Fiocruz
Durante o inverno, é comum o aumento no número de casos de problemas respiratórios. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, por ano, a gripe cause comprometimento grave em 3,5 milhões de pessoas. Crianças, idosos, portadores de doença pulmonar, cardiopatas e imunocomprometidos são os mais afetados. As doenças respiratórias que guardam relação com mudanças climáticas são, na maior parte das vezes, as infecciosas, causadas por vírus e, em segundo lugar, por bactérias. Os vírus são responsáveis pela gripe (também chamada de influenza) e pelo resfriado, enfermidade que apresenta sintomas parecidos aos da gripe, mas com intensidade menor. “A gripe é caracterizada por febre alta, dores no corpo, dor de cabeça e calafrios. Os sintomas de coriza, tosse e faringite podem ficar em segundo plano diante de manifestações sistêmicas mais intensas. Febre, diarreia, vômitos e dor abdominal são comuns em crianças mais jovens. O resfriado, em geral, tem sintomas parecidos – espirro, coriza, congestão nasal e mal-estar -, mas estes aparecem de forma mais branda. A febre não é frequente e costuma ser baixa”, explica o pneumologista do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Hisbello da Silva Campos.
Os fatores responsáveis pelo maior desenvolvimento de vírus e bactérias nessa época do ano são diversos - o frio não é o principal responsável. É o que explica o presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Fábio Morato Costa: “No inverno as alergias respiratórias pioram muito devido às infecções virais frequentes, ao aumento da poluição ambiental, às constantes e bruscas mudanças climáticas, ao ar seco e ao fato de que casacos e cobertores são retirados dos armários depois de muito tempo guardados”.
Apesar de não ser possível se prevenir de algumas formas de infecção, existem muitas iniciativas que podem reduzir a possibilidade de contágio, a começar pela higiene ambiental. “Vivemos cerca de 90% a 98% de nossas vidas dentro de um ambiente fechado, e 40% dentro do quarto. Alguns cuidados que devemos ter: manter padrões de limpeza adequados, combate à umidade, lavar agasalhos e cobertores antes de usar, não deixar animais dentro de casa, retirar dos cômodos livros ou almofadas que acumulem poeira, evitar cigarro no ambiente doméstico e se vacinar contra a gripe”, afirma Costa.
Crianças pequenas precisam de cuidados especiais
No inverno, é comum que bebês e crianças pequenas sofram com constantes problemas respiratórios. Segundo Campos, o resfriado costuma ser a causa mais frequente de falta à escola entre as crianças. Isso acontece devido à aglomeração dos pequenos, que ainda não têm o sistema imunológico bem desenvolvido, em um ambiente fechado. “As crianças geralmente se contagiam a partir de outras crianças. Quando uma nova cepa viral é introduzida em uma escola ou creche, ela se espalha rapidamente por toda a classe, já que ambientes fechados e ventilação reduzida facilitam a transmissão dos vírus, que ficam suspensos no ambiente por até 24 horas”.
Diferentemente da gripe, que conta com uma vacina que reduz bastante a possibilidade de infecção, os resfriados são causados por pelo menos 200 vírus diferentes, e outras formas de prevenção devem ser adotadas. De acordo com Hisbello Campos, esses cuidados devem incluir:
- Higiene das mãos: as crianças e os adultos devem sempre lavar as mãos em momentos importantes – depois de limpar o nariz, depois de trocar fraldas ou ir ao banheiro, antes de comer e antes de preparar comida. O uso de desinfetantes com base alcóolica nas mãos é efetivo e seguro. Deve-se usar toalhas de papel para secar as mãos.
- Desinfetar as superfícies tocadas frequentemente (torneiras, cobertores) com um desinfetante comprovadamente efetivo.
- Evitar creches com aglomeramento de crianças nas salas. Frequentar uma creche onde há até 6 crianças por sala reduz drasticamente o contato com germes.
Tratamento
Adquirir uma gripe ou resfriado, apesar de todos os incômodos causados e das noites mal dormidas, não é motivo para pânico. Existem diferentes formas de tratamento, a começar pela mais conhecida: muita água e repouso. Segundo Campos, o uso de medicamentos antivirais está recomendado para o tratamento da gripe, mas alerta que os medicamentos habitualmente usados podem ajudar a aliviar os sintomas, mas não são capazes de diminuir a duração do resfriado.
O pneumologista não recomenda o uso de antibióticos, mesmo nos casos de secreções nasais espessas amarelas ou verdes. “Eles só devem ser usados se o problema não desaparecer entre 10 e 14 dias. Nesse caso, o resfriado pode ter evoluído com uma infecção dos seios nasais (sinusite) ou uma infecção pulmonar”.
Quando surgem complicações graves como a bronquite, que pode causar falta de ar e evoluir para uma pneumonia, é importante buscar ajuda especializada. “Nas alergias respiratórias deve-se procurar o alergista e imunologista. Os pneumologistas também cuidam da asma, os otorrinolaringologistas também cuidam de rinite, doenças infecciosas são tratadas por infectologistas e as deficiências imunológicas, pelos imunologistas clínicos”, explica Castro. Segundo o presidente da Asbai, 30% da população brasileira tem rinite alérgica e cerca de 15% são asmáticos, doença que anualmente é responsável pelo óbito de cerca de 2,5 mil brasileiros.
No Portal Fiocruz
Mais Notícias
Mais em outros sítios da Fiocruz