Quando falamos em enfermagem, pode nos vir a ideia de alguém que cuida de pessoas, dá medicamentos, acolhe. A profissão, entretanto, vai muito além da assistência a pacientes e envolve áreas como gestão, pesquisa e ensino. No dia 12 de maio, comemora-se o Dia Internacional da Enfermagem e, este ano, a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) foi “Recursos humanos de enfermagem para atender às populações que vivem em condições de vulnerabilidade na Região das Américas: disponibilidade, capacidade e regulação”. No apoio ao desenvolvimento desses profissionais na área da pesquisa, a Rede Global de Saúde (The Global Health Network [1]em inglês) , parceira da Fiocruz, inclusive com um portal dedicado à Fundação [2], tem há 12 anos um portal voltado para profissionais de enfermagem e parteiras, chamado Rede Global de pesquisa em enfermagem (Global Research Nurses - GRN). [3] Para saber mais sobre o trabalho do portal, os desafios e oportunidades para esse público na região, conversamos com a enfermeira, pesquisadora e professora de enfermagem, Daniela Morelli, uma das coordenadoras do GRN.
Recursos educacionais para enfermeiros e parteiras da América Latina e Caribe
Apesar do alcance global da plataforma, a atuação na América Latina e Caribe (LAC) ainda é menor do que a esperada. Para Morelli, é importante que os profissionais de enfermagem da LAC conheçam a plataforma que oferece cursos de formação específicos em enfermagem, investimento em pesquisas e até mesmo funciona como um lugar de troca entre colegas ao redor do mundo, o que eles chamam de comunidade de práticas. “Nosso hub oferece capacitações destinadas a diferentes etapas da pesquisa, por meio de cursos e atividades tanto na modalidade online como presencial. Também disponibiliza materiais, colabora para a integração e intercâmbio entre os profissionais dos diferentes países de LAC e do sul global e oferece bolsas para fortalecimento da capacidade de pesquisa” explica a pesquisadora.
Bolsa de pesquisa em enfermagem e obstetrícia
Em 2023, a GRN disponibiliza bolsas de pesquisa para pessoas e equipes de países de renda baixa e média (LMIC) desde que dirigidos por profissionais de enfermagem e obstetrícia (parteiras), financiadas pelo fundo Burdett Trust por Nursing. “Chamamos Pump-Priming a essas oportunidades de bolsas. Acabamos de fechar a primeira convocatória no mês de abril, mas já em junho um novo edital estará aberto para financiamento de estudos liderados por enfermeiros e parteiras”, comenta Morelli.
A oportunidade de junho será direcionada a projetos de investigação que possam ser realizados no prazo máximo de um ano. “Gostaria de convidar que as pessoas da nossa área ingressem, conheçam a comunidade, se inscrevam no hub, deixando claro que todos nossos recursos são gratuitos”. “Ainda teremos ao longo do ano oportunidades de financiamento para viagens de intercambio e para publicações de artigos científicos.”, acrescenta. Veja aqui oportunidades do GRN [4].
Reconhecimento profissional da enfermagem
Para que os profissionais de enfermagem fortaleçam o reconhecimento profissional entre outros colegas na área de saúde, Daniela acredita que o primeiro passo é investir no reconhecimento interno da categoria. “A gente deve se posicionar como profissional que é. Precisamos reconhecer internamente o nosso trabalho, o nosso esforço e nosso investimento” destaca a pesquisadora. Para Daniela, o reconhecimento profissional é o alicerce de uma solidez na formação, salários dignos e condições de trabalho justas. “Os profissionais de saúde podem colaborar fomentando a consciência sobre o profissionalismo e o papel crítico da enfermagem para o funcionamento adequado dos serviços de saúde, seja por meio da atenção direta aos usuários do sistema de saúde, da gestão ou da pesquisa” informa a enfermeira.
Desafios e conquistas atuais da enfermagem e obstetrícia
Os desafios atuais de quem trabalha com enfermagem incluem ocupar o rol de liderança nas equipes de saúde, ter progressão profissional e econômica, além de conseguir integrar a pesquisa como alicerce da prática baseada em evidência. “Precisamos desmitificar que a pesquisa é para poucos e está limitada ao âmbito acadêmico”, defende a pesquisadora.
“Entre as conquistas (dos últimos anos) posso citar o aumento da consciência pública sobre o papel da enfermagem, um aumento da disponibilidade de opções educacionais.” Morelli sugere que durante a pandemia ficou mais claro para a população como os profissionais de enfermagem são essenciais em todo o sistema de saúde.
Enfermagem aqui na Fiocruz
Dados do Conselho Federal de Enfermagem do Brasil (Cofem) apontam que os profissionais (enfermeiros, obstetrizes, técnicos em enfermagem e auxiliares de enfermagem) no Brasil ultrapassam a marca de 2 milhões e 800 mil pessoas. A Fiocruz oferece diferentes formações para quem trabalha com enfermagem. Um exemplo são os cursos de especialização oferecidos pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Ao longo do ano, o instituto oferece vagas para especialização em enfermagem, especialização multiprofissional em ciências humanas e sociais e especialização multiprofissional em medicina. Há também opções de residência em enfermagem oferecidas pelo IFF.
Além disso, o Campus Virtual da Fiocruz oferece cursos, simpósios e outros recursos de educação a distância. Exemplo disso será a 2a Semana de Enfermagem nos dias 24 e 25 de maio. Acompanhe todas as oportunidades do Campus Virtual relacionadas à enfermagem aqui. [5]
Outra área que deve ser conhecida por profissionais da enfermagem são os periódicos científicos da Fiocruz [6]. Com revistas de diferentes áreas, mas todas em saúde, há espaço para pesquisadores publicarem artigos científicos e as revistas são todas disponíveis em Acesso Aberto. A revista HCS-Manguinhos da Fiocruz fez inclusive uma seleção especial para o Dia Internacional da Enfermagem no portal contando parte da história da profissão no Brasil. Confira a matéria sobre o assunto. [7]