Esta retrospectiva dos eventos que marcaram a história da Fundação Oswaldo Cruz reúne momentos célebres da pesquisa no Brasil e conta a trajetória de cientistas que ajudaram a consolidar a instituição como referência em saúde pública.
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Seguem os principais destaques de mais de um século de história, organizados por décadas.
O período caracteriza-se pelo desenvolvimento da aviação e do automóvel. É também o momento em que se inicia a chamada Arte Moderna.
Anos em destaque:
• 1899/1900. Em 22 de agosto de 1899, o prefeito do Distrito Federal (Rio de Janeiro) Cesário Alvim solicitou ao Barão de Pedro Affonso, à frente do Instituto Vacínico Municipal do Rio de Janeiro (criado em 1894), a produção de soros contra a peste bubônica. Assim, em 25 de maio de 1900 nasce o Instituto Soroterápico Federal , na distante fazenda de Manguinhos, em Inhaúma, sob a direção geral do Barão de Pedro Affonso e a direção técnica de Oswaldo Cruz .
• 1902. Oswaldo Cruz assume a direção geral do Instituto Soroterápico Federal, após o pedido de exoneração do barão de Pedro Affonso. O engenheiro Francisco Pereira Passos é nomeado prefeito do Rio de Janeiro, com a incumbência de fazer uma ampla reforma urbana, a fim de modernizar a cidade.
• 1903. Oswaldo Cruz é nomeado pelo presidente Rodrigues Alves Diretor Geral de Saúde Pública, deflagrando campanhas de saneamento no Rio de Janeiro. Sua missão era realizar a reforma sanitária da capital, combatendo principalmente a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Tal fato foi decisivo para que Manguinhos, a exemplo do Instituto Pasteur de Paris, onde o cientista fez sua especialização, se tornasse referência em saúde pública. Nesse período Oswaldo Cruz inicia a construção do conjunto arquitetônico histórico de Manguinhos – o conjunto inclui o Pavilhão Mourisco ou Castelo de Manguinhos; a Cavalariça; o Quinino; o Pavilhão do Relógio ou Pavilhão da Peste; o Aquário de Água Salgada; o Hospital Oswaldo Cruz; o Pombal ou Biotério para Pequenos Animais.
• 1904. Entra em vigor o novo Código Sanitário, reformulado por Oswaldo Cruz, que institui a obrigatoriedade da vacinação antivariólica. A medida é duramente criticada pelos jornais de oposição, que a denominaram “Código de Torturas”. Oswaldo Cruz recrudesce as campanhas de saneamento, sofrendo represálias da opinião pública, que culminaram com a Revolta da Vacina. Ao final deste episódio, a obrigatoriedade é revogada.
• 1905/1906. Início da construção do Castelo Mourisco pelo arquiteto Luis Moraes Junior. Oswaldo Cruz segue em expedição pelos portos marítimos e fluviais do Brasil com o objetivo de traçar um grande plano de modernização e saneamento. É a primeira vez que um cientista faz um levantamento sobre as condições de saúde do Brasil. Nesse ano, Oswaldo Cruz inspeciona 23 portos no norte do país. A partir daí, a equipe de Manguinhos começou a desbravar o interior do Brasil com o objetivo de estudar e debelar moléstias que dificultavam a expansão do capitalismo brasileiro.
• 1907. A febre amarela é erradicada no Rio de Janeiro e Oswaldo Cruz e os demais cientistas de Manguinhos recebem a medalha de ouro no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, pelo trabalho de saneamento na capital da República. O Instituto Soroterápico Federal passa a se chamar Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos.
• 1908. O Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos é rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz. Concessão da primeira patente de Manguinhos com a descoberta da vacina contra o carbúnculo sintomático – ou peste da manqueira – realizada por Alcides Godoy. Adolpho Lutz ingressa no Instituto Oswaldo Cruz. A bagagem extraordinária de conhecimentos zoológicos que Adolpho Lutz leva para Manguinhos é decisiva para a construção de suas coleções biológicas e para o ensinamento dos jovens médicos recrutados por Oswaldo Cruz.
• 1909. É implementado, no Instituto Oswaldo Cruz, um sistema de disseminação de informação entre os cientistas que se baseava na leitura e resumo, realizados semanalmente, de artigos de periódicos científicos nacionais e internacionais recém-chegados à instituição. Esse sistema é denominado “Mesa das quartas-feiras”. Carlos Chagas descreve o ciclo completo da tripanosomíase americana, um feito ímpar na área de ciências biomédicas. Primeira edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.
• 1910. Oswaldo Cruz e Belisário Penna vão à Amazônia a convite da empresa norte-americana que construía a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a fim de erradicar a malária. Nesse período, Cruz elimina a febre amarela no Pará.
O mundo vivencia a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Revolução Russa (1917). O rádio se populariza como mídia de massa e o automóvel como meio de transporte. É a década dos movimentos artísticos modernistas, especialmente o cubismo e o dadaísmo. O período é marcado também pelo surgimento do jazz.
Anos em destaque:
• 1911. O Instituto Oswaldo Cruz ganha diploma de honra na Exposição Internacional de Higiene e Demografia de Dresden, na Alemanha, pela descoberta da doença de Chagas.
• 1912. Início das obras de construção do Hospital Oswaldo Cruz, atual Instituto Nacional de Infectologia (INI) e antigo Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), cuja missão é estudar as doenças infecciosas por meio de projetos de pesquisa e ensino interprofissionais.
• 1916. Em função do agravamento do estado de saúde de Oswaldo Cruz, que sofria de insuficiência renal, diagnosticada por Salles Guerra (seu amigo e biógrafo) em 1907, o cientista é aconselhado a se afastar do Instituto. Nomeado prefeito de Petrópolis, assume o cargo com um ambicioso plano de urbanização.
• 1917. Oswaldo Cruz morre em Petrópolis, aos 44 anos, de insuficiência renal. Nesse período, o Instituto Oswaldo Cruz gozava de expressão nacional e o trabalho de seus pesquisadores se ligava a importantes feitos da ciência brasileira e mundial, como a descrição, por Carlos Chagas, do ciclo da doença de Chagas.
• 1918. Conclusão das obras do Pavilhão Mourisco. No ano seguinte, o Instituto Vacínico do Rio é incorporado ao Instituto Oswaldo Cruz. Isso possibilita que, em 1922, a vacina contra a varíola passe a ser fabricada no IOC.
• 1920. A Diretoria Geral de Saúde Pública é substituída pelo Departamento Nacional de Saúde Pública. Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz na direção do Instituto Oswaldo Cruz, é nomeado diretor do novo órgão federal, função que exerceu até 1926. Nesse período pode, finalmente, como pretendera Oswaldo Cruz, reorganizar os serviços sanitários do país, atribuindo à União a competência pela promoção e regulação desses serviços em todo território nacional.
É o período no qual os Estados Unidos se consolidam como potência mundial. No Oriente Médio, chega ao fim o Império Otomano. No Leste Europeu, cresce o comunismo e é formada a União Soviética. Avançam as ciências biológicas, principalmente após a invenção da insulina e da penicilina. É criada a televisão. No Brasil acontece a Semana de Arte Moderna, em São Paulo.
Anos em destaque:
• 1924. Criação, por iniciativa de Carlos Chagas e de Antonio Fernandes Figueira, fundador da Sociedade Brasileira de Pediatria, o Abrigo Hospital Arthur Bernardes, posteriormente denominado Instituto Fernandes Figueira. O IFF, atualmente centro de referência em Genética Médica, Neonatologia de Alto Risco, Patologia Perinatal e Doenças Infecto-parasitárias, é integrado à Fiocruz em 1970.
• 1925. O físico alemão Albert Einstein visita o IOC em 9 de maio. Na data, o periódico O Jornal abriu uma de suas reportagens com manchete de primeira página intitulada "O Dia de Einstein": "Einstein, o grande mathematico que, atualmente, o Rio hospeda, passou hontem mais um dia em nossa metropole, tendo feito uma visita ao Instituto Oswaldo Cruz e realizado sua segunda conferência na Escola Polytechnica".
É uma das épocas mais sangrentas da História mundial. Hitler assume o cargo de chanceler na Alemanha. Tem início a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Movimentos totalitários eclodem em outros países europeus, com Mussolini na Itália, Salazar em Portugal, Francisco Franco na Espanha e Stálin na União Soviética. No Brasil, o golpe de Estado de Getúlio Vargas dá início ao Estado Novo.
Ano em destaque:
• 1937. Inauguração do Laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela pela Fundação Rockfeller, dentro do Instituto Oswaldo Cruz, e emprego da vacina contra a febre amarela pela primeira vez no Brasil. Desde então, ela vem sendo produzida pela Fundação Oswaldo Cruz. Atualmente, a Fiocruz é responsável por 80% da produção mundial deste imunizante.
Os conflitos armados que assolaram a década anterior chegam ao apogeu, com o Holocausto e as bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que puseram fim à Segunda Guerra Mundial. Tem início a Guerra Fria. São criados o primeiro computador, o primeiro helicóptero e o primeiro transistor.
Anos em destaque:
• 1942. Início da construção do núcleo modernista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). O núcleo modernista constitui-se de quatro prédios: o Pavilhão Arthur Neiva, ou Pavilhão de Cursos, construído entre 1948 e 1951, com mural de azulejos desenhado por Burle Marx; o Pavilhão do Restaurante Central, ou Pavilhão Carlos Augusto da Silva, construído entre 1947 e 1951, que garantiu ao arquiteto Jorge Ferreira menção do júri na 1ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, em 1951; o Pavilhão de Patologia (atual Carlos Chagas) e o Pavilhão da Biologia.
• 1948. Delimitação definitiva dos limites físicos do campus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) com a incorporação de dois terrenos situados entre o mar e a Avenida Brasil. Com a delimitação física do terreno, a estrada de Manguinhos, antes via pública, passa a ficar dentro do campus, atendendo somente ao fluxo interno do Instituto. O acesso externo ao campus deu-se com a construção da Avenida Brasil, em 1946.
É a fase que antecede as revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade do século XX. Têm início as primeiras transmissões de televisão no Brasil. É considerada a "idade de ouro" do cinema norte-americano e o período de importantes descobertas científicas, como o DNA. A primeira vacina de poliomelite, desenvolvida por Jonas Salk, é oferecida ao público.
Ano em destaque:
• 1950. Comemoração do cinqüentenário do Instituto Oswaldo Cruz. Em função da data, o IOC organiza o V Congresso Internacional de Microbiologia, sediado no Hotel Quitandinha, em Petrópolis. O cientista Alexander Fleming, descobridor da penicilina e participante do congresso, visita o IOC.
• 1954. A União cria a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), incorporada à Fiocruz em 1970. Em 2003, ano em que falece Sergio Arouca, a Ensp passa a agregar o nome do médico sanitarista. Hoje, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca atua na capacitação e formação de recursos humanos, produção científica e tecnológica e prestação de serviços de referência no campo da saúde pública. Mantém cooperações técnicas em todos os estados e municípios brasileiros e com várias instituições nacionais e internacionais atuantes em diversos campos da saúde. Em suas salas foram desenhados os projetos que culminaram na adoção do Sistema Único de Saúde (SUS).
• 1957. Criado o Núcleo de Pesquisas da Bahia, através de convênio entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), o Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERU) e a Fundação Gonçalo Moniz, com a finalidade de estudar endemias parasitárias no estado da Bahia. Em 22 de maio de 1970, o Núcleo de Pesquisa da Bahia é incorporado à Fiocruz e passa a denominar-se Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM).
• 1958. O Instituto Aggeu Magalhães, no Recife, criado em 1950, passa a denominar-se Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM). Torna-se unidade técnico-científica da Fiocruz em 1970. Nasce com a missão de combater as doenças endêmicas, mas hoje, além de sua atividade principal, dedica-se também à formação de recursos humanos e à produção de tecnologias.
Surgem os movimentos em favor da igualdade de direitos das mulheres, dos negros e dos homossexuais. As manifestações contrárias à Guerra Fria e à Guerra do Vietnã ganham força, principalmente nos Estados Unidos. Ocorre a Revolução Cubana e Fidel Castro chega ao poder. O astronauta Neil Armstrong pisa na Lua.
Anos em destaque:
• 1966. O Centro de Pesquisa de Belo Horizonte passa a denominar-se Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), incorporado à Fiocruz em 1970. O CPqRR é composto de 14 laboratórios, onde são estudadas enfermidades como doença de Chagas, helmintoses intestinais, esquistossomose, leishmanioses e malária, além de epidemiologia e antropologia do envelhecimento. A unidade mantém na cidade de Bambuí, a 280 quilômetros de Belo Horizonte, o Posto Avançado de Estudos Emanuel Dias, onde a Fiocruz desenvolveu pesquisas fundamentais para o controle da doença de Chagas.
• 1970. O regime militar cassa, por dez anos, os direitos políticos de dez renomados cientistas, vinculados ao Instituto Oswaldo Cruz há mais de 30 anos. Os decretos (AI-5 e AI-10) também incluíram a aposentadoria compulsória e impediam esses cientistas de trabalhar em qualquer instituição que recebesse ajuda do governo federal. O episódio ficou conhecido como “Massacre de Manguinhos”. A Fundação de Recursos Humanos para a Saúde é transformada, por decreto, em Fundação Instituto Oswaldo Cruz, cujo objetivo era realizar pesquisas científicas no campo da medicina experimental, biologia e patologia, formar e aperfeiçoar pesquisadores, além de elaborar e fabricar remédios e vacinas para atividades da própria Fundação e do Ministério da Saúde.
Fase marcada pela crise do petróleo, o que levou os Estados Unidos à recessão, ao mesmo tempo em que economias de países como o Japão começavam a crescer. Surge o movimento em defesa do meio-ambiente. É a década do rock e das discotecas. É lançado nos Estados Unidos o primeiro videogame do mundo, o Odyssey 100. Dá-se a Revolução dos Cravos em Portugal e a independência das então colônias portuguesas na África. Fim da Guerra do Vietnã.
Anos em destaque:
• 1972. Comemoração do centenário de nascimento de Oswaldo Cruz. Dois anos depois (1974), a Fundação Instituto Oswaldo Cruz passa a denominar-se Fundação Oswaldo Cruz.
• 1976. Com a extinção do Instituto Nacional de Produção de Medicamentos (Ipromed), são criados o Laboratório de Tecnologia em Produtos Biológicos de Manguinhos, hoje Bio-Manguinhos, e o Laboratório de Tecnologia em Quimioterápicos de Manguinhos – hoje Far-Manguinhos. O primeiro é o maior centro produtor de vacinas e kits e reagentes para diagnóstico laboratorial de doenças infecto-parasitárias da América Latina; e o segundo tem, atualmente, a capacidade instalada de 1,62 bilhão de unidades farmacêuticas.
• 1979. Inauguração da Diretoria Regional de Brasília (Direb), criada pela presidência da Fiocruz para oferecer suporte operacional e logístico aos dirigentes da instituição no Distrito Federal. A Direb tem por missão representar a Fiocruz na capital da República e contribuir para a consolidação do SUS na Região Centro-Oeste, desenvolvendo, em parceria e de forma integrada, atividades de ensino, pesquisa, comunicação e assessoria em Saúde Pública.
Chega ao fim a era industrial e se inicia a idade da informação. No Brasil, termina a ditadura militar, ocorre o movimento "Diretas Já" e a transição para a democracia. Cai o Muro de Berlim. É considerada a "década perdida" da América Latina, devido à estagnação econômica. Predominam o neoliberalismo econômico e um novo conservadorismo em relação ao sexo, derivado da pandemia da aids.
Anos em destaque:
• 1981. Incorporado à Fiocruz em 1978, o Laboratório Central de Controle de Drogas, Medicamentos e Alimentos (LCCDMA) passa a denominar-se Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. O INCQS é o principal órgão nacional direcionado a questões tecnológicas e normativas relativas ao controle da qualidade de insumos, produtos, ambientes e serviços para a saúde. O conjunto arquitetônico de Manguinhos é tombado pela então Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan). Fazem parte deste conjunto os pavilhões Mourisco, da Peste, a Cavalariça, o Pombal, o Quinino e o Hospital Evandro Chagas.
• 1985. Criação da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), unidade de ensino voltada para a formação de pessoal de nível técnico em saúde pública. Visita de Albert Sabin, descobridor da vacina oral contra a poliomielite, à Fiocruz. O Instituto Fernandes Figueira (IFF), juntamente com o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (Pniam), do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (Inan), autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, encabeça um projeto ousado que visava a ampliação quantitativa e qualitativa dos bancos de leite em todo o país. Da iniciativa surge a Rede Nacional de Bancos de Leite Humano.
• 1986. Criação da Superintendência de Informação Científica (SIC), atual Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT), cujo objetivo é desenvolver estratégias e executar ações de informação e comunicação no campo da ciência e tecnologia em saúde. Criação da Casa de Oswaldo Cruz (COC), unidade dedicada à preservação da memória da instituição e às atividades de pesquisa, ensino, documentação e divulgação da história da Saúde Pública e das ciências biomédicas no Brasil. Reintegração dos cientistas de Manguinhos cassados em 1970.
• 1987. Equipes da Fiocruz isolam, pela primeira vez no Brasil, o vírus HIV, causador da Aids. Com isso, a Fiocruz foi capacitada a integrar a Rede Internacional de Laboratórios para o Isolamento e Caracterização do HIV-1, coordenada pelo Programa Mundial de Aids da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O período caracteriza-se pelo fim da Guerra Fria, pelo advento da democracia, da globalização e do capitalismo global. Acontece a Guerra do Golfo. O computador pessoal e a internet se popularizam. Após anos de inflação galopante, o Brasil experimenta a estabilidade econômica com o Plano Real. Começa o Projeto Genoma Humano.
Anos em destaque:
• 1995. Inaugurada a iluminação monumental do conjunto histórico de Manguinhos, realização conjunta do Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz (COC), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da General Eletric e do cantor Ney Matogrosso.
• 1999. Criação do Museu da Vida, vigoroso instrumento de educação da Fiocruz. Criação do Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane (CPqLMD), em Manaus, a partir da consolidação da estrutura do Escritório Técnico da Amazônia. O CPqLMD concentra sua atuação no estudo da bio e da sociodiversidade amazônica e desenvolve estudos sobre a transmissão de Aids entre índios, populações ribeirinhas e grupos populacionais específicos.
• 2000. Comemoração do 1º Centenário da Fundação Oswaldo Cruz. A Fiocruz é tema de enredos de duas escolas de samba do Rio de Janeiro.
O início do século XXI é marcado pelos conflitos militares entre os Estados Unidos e o Oriente Médio, desencadeados pelos atentados terroristas ao World Trade Center, em Nova York. A Europa passa a adotar o euro como moeda comum entre os países. A internet se consolida como veículo de comunicação de massa e armazenagem de informações, e a globalização da informação atinge um nível sem precedentes históricos. Dá-se a expansão da telefonia fixa e do uso de celulares. Surgem as tevês de plasma, de LCD, a tevê digital e a internet banda larga.
Anos em destaque:
• 2006. A Fiocruz recebe o Prêmio Mundial de Excelência em Saúde Pública 2006, concedido pela maior e mais importante instituição de Saúde Pública do mundo, a Federação Mundial de Associações de Saúde Pública, e a Ordem do Mérito Científico Institucional 2006, a mais importante honraria concedida anualmente pelo governo federal. É realizado o seqüenciamento do genoma da vacina BCG, em conjunto com a Fundação Ataulpho de Paiva. Em dezembro, foi encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro a ópera “O Cientista”, baseada na vida e obra de Oswaldo Cruz.
• 2007. Os programas de pós-graduação da Fiocruz ultrapassam a marca histórica de 3,3 mil teses de mestrado e doutorado e a Ensp inaugura seu primeiro mestrado no exterior - em saúde pública - na capital de Angola, Luanda. O prof. José Gomes Temporão torna-se o primeiro servidor da Fiocruz a assumir o Ministério da Saúde desde sua criação em 1954. A vacina contra meningite meningocócica A e C, produzida em Bio-Manguinhos, é préqualificada pela OMS para fornecimento às agências das Nações Unidas. Arquivo Oswaldo Cruz é reconhecido como acervo de relevância nacional pelo Programa Memória do Mundo, da Unesco.
• 2009. A Fundação inaugura novas instalações em Pernambuco e no Paraná e pactua nova unidade no Ceará. Também forma a primeira turma de pós-graduação internacional em Moçambique, amplia o convênio com o Instituto Pasteur, na França, e inicia novos acordos com Estados Unidos, China e Argentina, entre outros países. A expansão regional e a consolidação internacional alcançadas nesse ano são expressões da ampliação do papel estratégico da instituição no Estado. Outra conquista é o reconhecimento dado ao Centro de Referência para Bancos de Leite do IFF/Fiocruz que recebe, em Washington, prêmio da OMS e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) durante a II Exposição Global de Desenvolvimento Sul-Sul.
Catástrofes naturais marcam os primeiros anos da década: um grande terremoto abala o Haiti, e o Japão também é assolado por tremores, seguidos de tsunami e tragédia nuclear. A crise do euro põe em xeque a ordem econômica mundial. Uma extensa revolta popular, em diferentes países, derruba governos ditatoriais: é a Primavera Árabe, que busca a democracia, mas também provoca derramamento de sangue no Oriente Médio e no Norte da África. O Brasil elege sua primeira mulher presidente: Dilma Rousseff. No campo tecnológico, tablets e smartphones conquistam mais popularidade.
Anos em destaque:
• 2010. A Fiocruz completa 110 anos de existência, firmando-se como instituição estratégica de Estado na área da saúde. É um ano de descobertas científicas marcantes. A Fundação desenvolve o sal híbrido Mefas, que permite o combate à malária com menos efeitos colaterais; identifica o gene de impermeabilização dos ovos do mosquito transmissor da malária, o que é útil tanto para o controle desta quanto da dengue; cria a vacina contra a fasciolose e avança na criação de uma vacina contra a esquistossomose. Produz, ainda, um método laboratorial que permite identificar pacientes de tuberculose com maior chance de desenvolver hepatite medicamentosa em função do tratamento à base de isoniazida. No âmbito de sua estratégia de expansão, inaugura o novo prédio da Fiocruz Brasília, firma convênio com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e assina acordo com o laboratório indiano Lupin para fabricação de medicamentos contra a tuberculose. É lançada a TV Canal Saúde.
• 2011. É desenvolvido um método que permite a confirmação do diagnóstico do HIV em cerca 20 minutos. A Fundação prossegue na sua expansão: inaugura o escritório do Mato Grosso do Sul e o campus Mata Atlântica, em Curicica (RJ). Além disso, começam as atividades do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, instalado num prédio histórico de Petrópolis. Cooperações e parcerias, muitas delas internacionais, fomentam avanços importantes, como a criação, em solo nacional, de nova vacina contra a febre amarela, e a produção do Atazavir, presente no coquetel antiaids.
• 2012. A fábrica de medicamentos de Moçambique entrega os primeiros antirretrovirais, o antimalárico criado no Brasil se torna referência mundial a partir de certificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), e é concluída a primeira fase de testes da vacina contra esquistossomose desenvolvida e patenteada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Além dessas conquistas em produção e inovação, novos acordos de transferência de tecnologia e cooperação internacional foram assinados, ao passo que a Fundação conquistou o certificado de nível sete de gestão do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública). A instituição lançou a edição atualizada de sua Carta de Serviços ao Cidadão - listando os serviços prestados pela instituição -, e a nova versão de seu portal institucional, também com foco nos serviços aos cidadãos. A Fiocruz participou, ainda, da Rio + 20, destacando a influência do meio ambiente na saúde, e teve parte de seu material histórico (os negativos de vidro com fotos dos primeiros momentos da Fundação), considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
• 2013. Divulgados os resultados da maior pesquisa sobre crack no mundo. Nova espécie de micobactéria não causadora de tuberculose é descoberta e recebe o nome Mycobacterium fragae. Lançado o Mapa de vulnerabilidade da população dos municípios do estado do Rio de Janeiro frente às mudanças climáticas. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) autoriza o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) a fornecer medicamento antimalárico a países latino-americanos. Assinada parceria com a França que permitirá a produção de vacina contra sete doenças - difteria, tétano, coqueluche, Hepatite B, Hib - Haemophilus influenza tipo B-, meningite C e poliomielite -, em uma única aplicação, com a assistência técnica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Projeto Ciência Móvel completa cem municípios visitados e mais de meio milhão de pessoas atendidas.
• 2014.O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) recebe o primeiro caso suspeito de contaminação pelo vírus ebola em território nacional. O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) adquire os registros de dois medicamentos considerados estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS): o antirretroviral que associa dois princípios ativos em um único comprimido; e a Cabergolina 0,5 mg, indicada para o tratamento do excesso de produção do hormônio feminino prolactina ou hiperprolactinemia. Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) identificam bactérias produtoras da enzima KPC, resistentes a antibióticos, em amostras de água coletadas no Rio Carioca. Lançado o primeiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), uma parceria entre Ministério da Saúde, Fiocruz e IBGE. Estudo liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) apresenta o genoma da bactéria Bordetella pertussis, que tem, atualmente, causado a coqueluche no Brasil. Após quase dez anos de tramitação nos Estados Unidos, a Fiocruz obtém patente por método inédito para elaborar imunizantes contra diversas doenças usando como base a vacina contra a febre amarela. Fiocruz é designada Centro Colaborador para Saúde Global e Cooperação Sul-Sul da OMS.
2015. O aumento de casos de crianças nascidas com microcefalia no país foi o acontecimento mais dramático desse ano. A Fiocruz identificou a presença do vírus zika em dois casos de microcefalia, mas ainda não podia afimar que o vírus era o causador da má-formação. O estudo das arboviroses também fez com que a Fundação isolasse o vírus da chikungunya, o que permite desenvolver kits de diagnóstico diferencial entre dengue, zika e chikungunya. Outros estudos da Fundação resultaram na descoberta de novo vírus que afeta crianças e pode causar encefalite e levar a morte, em um novo teste diagnóstico para fibrose císitica (doença genética que acomete 1,5 mil pessoas no Brasil), na inovação rumo a uma vacina contra leishmaniose. Participando de iniciativas internacionais, a Fiocruz iniciou testes de tratamento preventivo contra HIV e enviou medicamento antimalárico à Venezuela. A Fundação recebeu reconhecimento por meio do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, na categoria "Instituição ou Veículo de Comunicação" e por meio do certificado da OMS de erradicação da rubéola. A fundação ainda evoluiu na criação de aplicativos para celulares e lançamento de sistemas na área de saúde.
2016. A crise relacionada ao zika deflagrada no final de 2015 fez do vírus o grande protadonista da Saúde Pública brasileira em 2016. Pesquisadores da Fiocruz integraram o esforço internacional para compreender o funcionamento do vírus e descobrir maneiras de evitar a propagação da síndrome da zika congênita. Frente à crise política nacional, a Fiocruz se manifestou em defesa da democracia e do Sistema Único de Saúde (SUS) e analisou o papel da Fundação no cumprimento da Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável, além de criar sua política institucional de Comunicação. O tema Saúde e Ambiente também esteve na pauta da Fundação durante o ano com a análise dos seis meses do desastre ambiental da Samarco, no Rio Doce; com a realização do estudo sobre a contaminação de mercúrio em terras Yanomani, em Roraima; e com a reportagem sobre o uso de agrotóxicos no estado do Rio. Estudo diversos resultaram na evolução de produção de medicamentos e tratamentos para diversos agravos e doenças e a Fundação participou do Painel das Nações Unidades de Alto Nível sobre Acesso a Medicamentos.
2017. Nísia Trindade Lima é eleita presidente da Fiocruz, tornando-se a primeira mulher a ocupar esta posição. Fiocruz realiza os primeiros sequenciamentos completos do genoma de amostras do vírus da febre amarela referentes ao surto da doença no Brasil.
2018. Fundação obtém o registro do antirretroviral Entricitabina+Tenofovir, medicamento composto usado na Profilaxia Pré-exposição ao HIV. Fiocruz é a sede do maior evento da área de saúde da América Latina, o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva - Abrascão 2018 -, que contou com cerca de sete mil congressistas. É inaugurada a Fiocruz Ceará.
2019. Fundação foi requisitada pelo Ministério da Saúde a produzir medicamentos essenciais para abastecimento emergencial do SUS, por meio de Farmanguinhos. Fiocruz inaugura o Fioantar, laboratório permanente de pesquisas na Antartica, que reúne pesquisadores para o desenvolvimento de estudo multidisciplinar.
2020. Fiocruz comemora 120 anos de contribuições científicas nas áreas da ciência e da saúde à sociedade brasileira. Em menos de dois meses, Fiocruz inaugura Complexo Hospitalar para atender pacientes graves de Covid-19. Por meio do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, a Fiocruz é nomeada Referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Covid-19 nas Américas. A atuação é voltada para o diagnóstico de amostras e na capacitação de equipes para análises laboratoriais, incluindo treinamentos de profissionais dos laboratórios públicos do Brasil e de países da América Latina. Fiocruz produz testes moleculares do Covid-19 em grande escala para o Ministério da Saúde. Até setembro serão entregues 11 milhões de testes. Desenvolvimento do Monitoracovid, mapeamentos, pesquisas e divulgação de informação confiável, com dados epidemiológicos e o objetivo de prestar serviço de comunicação pública. Fiocruz coordena, no Brasil, o ensaio clínico Solidariedade (Solidarity) da OMS, cujo objetivo é investigar a eficácia de quatro tratamentos para a Covid-19. O projeto envolve três áreas: coordenação do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), apoio da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz) e fornecimento de parte dos medicamentos de Farmanguinhos.
2021. O ano de 2021 foi marcado na Fiocruz, sobretudo, pela urgência na disponibilização da vacina contra a Covid-19 para a população brasileira. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou ainda em janeiro o uso emergencial da vacina Covid-19 produzida na Fiocruz e até o final do ano foram mais de 150 milhões de doses da vacina Covid-19 Fiocruz entregues ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. A Fiocruz também se destacou no monitoramento e combate à pandemia, com estudos que acompanharam os índices de hospitalizações relacionadas à Coovid-19, desenvolveram novas metodologias de tratamento das amostras para identificação de variantes do vírus, identificaram fatores relacionados à gravidade da doença e efetividade das vacinas em diferentes públicos, avaliaram a qualidade das máscaras utilizadas no país e monitoraram os impactos sociais e econômicos do coronavírus. Além disso, a Fiocruz também integrou iniciativas para avaliar as condições de saúde e trabalho dos profissionais na linha de frente (de médicos e enfermeiros e profissionais mais invisibilizados, como auxiliares de enfermagem, recepcionistas, pessoal de segurança e limpeza) e se dedicou a estudar a disseminação de fakenews e o negacionismo em relação à pandemia e à vacinação, além de seus impactos no combate à pancemia. O ano de 2021 também foi marcado por reforços na infraestrutura da Fundação: em fevereiro foi lançado um edital para a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), em Santa Cruz, no Rio de Janeiro e em dezembro foi inaugurado o Biobanco Covid-19 (BC19-Fiocruz), localizado no campus Expansão. A Fundação também participou da exitosa campanha #VacinaMaré, que imunizou cerca de 37 mil moradores da localidade e se tornou referência no combate à pandemia em territórios de favelas, e comprometeu-se junto ao Ministério da Saúde com um protocolo de intenções para implementar o projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais no país.
2022. Por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), a Fiocruz disponibiliza para o Ministério da Saúde (MS) as primeiras doses da vacina Covid-19 produzidas com o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional. Por intermédio do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), a Fundação recebe amostras de autotestes com pedido de registro da Anvisa. Resultado da Lei Nº 8.972/20, do Fundo Especial da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) à Fiocruz, a Fundação destina R$1 milhão a 17 projetos aprovados na última Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro. A Fiocruz e o laboratório francês Servier assinam um Memorando de Entendimento para uma cooperação técnica no desenvolvimento de novos medicamentos voltados para o tratamento de doenças crônicas a partir de uma nova plataforma farmacêutica, produzidos pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) Por meio do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), a Fiocruz desenvolve dois novos testes moleculares para o diagnóstico da Covid-19. O diferencial do Kit Molecular Inf A/Inf B/SC2 é a possibilidade de diagnosticar em um único teste os vírus da Influenza A, B e do Sars-CoV-2. A Fundação, por meio de seu Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), e a farmacêutica americana MSD (Merck Sharp & Dohme) assinam um acordo de cooperação tecnológica para a produção de Molnupiravir, primeiro antiviral oral para o tratamento da Covid-19, no Brasil.