24/05/2016
Por: Alexandre Matos (Farmanguinhos/Fiocruz)
Em meio à crise epidemiológica provocada pelo zika vírus, a Revista Fitos, em seu Volume 10, número 1 (2016), apresenta o editorial A Ciência no uso de produtos naturais para controle do vetor do vírus Zika.
As pesquisadoras Jislaine de Fátima Guilhermino, Ana Tereza Gomes Guerrero, Fernanda Savicki de Almeida, Zoraida Del Carmen F. Grillo analisaram a importância dos produtos naturais no controle do Aedes aegypti (vetor do vírus da Zika), de maneira que sejam menos custosos à saúde humana e ambiental.
Um dos objetivos do estudo foi diagnosticar o perfil das publicações sobre o tema – produtos naturais usados no controle do vetor, identificando o modo de ação desses produtos em relação ao mosquito: ação repelente ou ação biocida, sendo que essa última foi subdividida pelo estágio do inseto em que atua – ovicida, larvicida, adulticida.
Ao todo, foram encontrados 479 artigos, publicados no período de 1968 a 2016. Os critérios de inclusão foram produtos à base de plantas e controle do Aedes aegypti.
De acordo com as observações das autoras, as ações de controle do vetor no estágio larval são as mais eficientes como medida pontual. Elas informam que se tratam de estudos de produtos à base de plantas, que ainda não focam no uso comercial em grande escala, mas apenas testam sua eficácia no controle.
As autoras ressaltam que o significativo número de publicações de produtos de ação biocida destaca o importante potencial desses sob o ponto de vista industrial. No atual período de questionamento ao uso de agrotóxicos, tanto pela sua eficácia, quanto pela quantidade liberada ao ambiente, as pesquisadoras sugerem que descobrir novos potenciais produtos, de base natural, que sejam menos tóxicos e perigosos ao ambiente e que possam substituir paulatinamente produtos nocivos, vem totalmente ao encontro às necessidades atuais.
Ressalta-se que a categoria repelente é a única, de fato, medicinal, entre todas. As demais categorias referem-se à eliminação do vetor, somente a repelência está vinculada a melhorar uma condição humana – proteção à predação. Esse é um fator que, associado à necessidade de produtos menos tóxicos à saúde humana, torna mais frequente a busca por plantas repelentes.
“Em face ao atual cenário, sanitário e mercadológico, é urgente a investigação e o desenvolvimento de ferramentas terapêuticas eficazes e que sejam menos poluentes ou tóxicas. A biodiversidade brasileira tem potencial para capitanear esses esforços e oferecer alternativas relevantes. Portanto, o incremento da ciência e tecnologia no complexo industrial da saúde com enfoque na sustentabilidade dos processos e produtos, deverá ser incorporado como uma demanda em saúde pública”.
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