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Cientistas investigam fluxo de micro-organismos no Rio durante as Olimpíadas

Foto de pesquisadora trabalhando no metrô do RJ

23/08/2016

Por: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

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Envolvidos no mapeamento da diversidade de micro-organismos presentes nos espaços públicos em cidades dos seis continentes, os pesquisadores do Consórcio Internacional Metagenômica e Metadesenho do Metrô e Biomas Urbanos, conhecido como MetaSUB, acompanham os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro de um ponto de vista inédito. Enquanto mais de um milhão de visitantes passam pela cidade para assistir às competições, os cientistas visitam estações de metrô para coletar amostras e analisar a transformação provocada pelo megaevento no microbioma carioca.

Batizado de Olimpioma, o projeto é coordenado na capital fluminense pelo pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Segundo ele, trilhões de micro-organismos habitam o corpo de qualquer indivíduo saudável, desempenhando funções relevantes para a saúde. “Uma vez que as Olimpíadas trazem visitantes de todas as regiões do planeta para o Rio e grande parte deles passa pelas estações de metrô, poderemos verificar o impacto desse fluxo de pessoas sobre a diversidade de micro-organismos que normalmente existe nesses locais”, afirma o pesquisador.

Líder do MetaSUB em São Paulo e coordenador adjunto do projeto Olimpioma, o pesquisador Emmanuel Dias-Neto, do A.C.Camargo Cancer Center, ressalta que este é o primeiro evento mundial no qual a migração de bactérias, fungos, vírus e outros seres microscópicos é estudada. “Vamos analisar como os micro-organismos são transportados com as pessoas e como eles podem perdurar de algum modo na cidade sede, levando assim a relevantes consequências no contexto de saúde pública local”, destaca.

Iniciada antes do período dos Jogos, a coleta de amostras foi realizada durante as Olimpíadas e seguirá nas Paralimpíadas e após a conclusão dos eventos. Em todas as etapas, o material é coletado dentro de composições de metrô e em nove estações com grande fluxo de passageiros: Vicente de Carvalho, Del Castilho, Maracanã, Central, Carioca, Saens Peña, Botafogo, Cardeal Arcoverde e General Osório. Ao todo, serão coletadas mais de mil amostras.

O consórcio internacional MetaSUB surgiu a partir da pesquisa de Christopher Mason, professor associado de fisiologia, biofísica e genômica computacional no Instituto de Biomedicina Computacional, do Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, líder da iniciativa. Em 2013, ele e sua equipe mapearam o microbioma do metrô de Nova York. Segundo o pesquisador, os sistemas de transporte de massa das cidades são os maiores locais de troca de DNA e RNA entre as pessoas no mundo, refletindo o microbioma de bilhões de indivíduos. "Estudamos estes sistemas para construir um mapa do microbioma, o que pode levar à descoberta de novas espécies e novos métodos de análise forense de DNA. Também buscamos acompanhar os marcadores genéticos de resistência aos antimicrobianos e pesquisar novos genes de biossíntese em micro-organismos desconhecidos, que podem ser capazes de produzir antibióticos", diz Mason, que também atua como WorldQuant Research Foundation Scholar, no Weill Cornell Medicine.

Para investigar a diversidade de micro-organismos no ambiente, os pesquisadores utilizam um cotonete especial com fibras sintéticas – chamado de swab – e coletam amostras de superfícies como bancos, corrimão e terminais de autoatendimento. No laboratório, todo o material genético encontrado é extraído e sequenciado. Em seguida, as sequências de DNA são analisadas para identificar as espécies presentes. Em junho, os pesquisadores do MetaSUB realizaram o primeiro dia de amostragem global de DNA, com coleta de amostras em 56 cidades de 33 países nos seis continentes. O objetivo é que a avaliação do Olimpioma seja realizada novamente nos Jogos de Tóquio, em 2020.

 

 

 

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