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Febre amarela: seminário discutiu a utilização de biomodelos em pesquisas contra à doença

Palestrantes do evento

26/05/2017

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Fonte: ICTB/Fiocruz

Realizado pela Coordenação de Ensino do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz), no campus Manguinhos, Rio de Janeiro, em 19/5, o seminário A febre amarela após 100 anos de Oswaldo Cruz reuniu especialistas para discutir a utilização de biomodelos em pesquisas de combate à doença. O agravo, controlado por Oswaldo Cruz em 1906, ressurgiu no Brasil neste ano, em que também é comemorado o centenário de morte do cientista.
 
A diretora do ICTB/Fiocruz, Carla Campos, abriu o evento destacando a importância da utilização de biomodelos para a saúde pública, em especial nos testes vacinais de febre amarela, no contexto do Programa Nacional de Imunizações. A seguir, o coordenador de Vigilância e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio da Cunha, parabenizou a iniciativa e a pertinência da promoção do evento: “vivemos, neste momento, a reemergência da febre amarela no Brasil, doença transmitida por mosquito, assim como dengue, zika, chikungunya, febre do nilo ocidental e febre do mayaro. Isso traz grandes desafios para a Fiocruz, sobretudo na produção de imunobiológicos”, advertiu ele. A conselheira e membro da Comissão Estadual de Ética, Bioética e Bem-estar Animal, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), Sandra Thomé, encerrou a mesa de abertura alertando sobre a importância dos primatas não humanos (PNH) no ciclo da febre amarela. Segundo Sandra, eles atuam como sentinelas da doença e permitem às autoridades sanitárias tomarem medidas preventivas antes do vírus atingir a população humana. 
 
O pesquisador e chefe do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ/Inea), Alcides Píssinati, abordou a suscetibilidade, morbidade e mortalidade nas principais espécies de PNH utilizadas em pesquisas. Segundo Pissinati, nas Américas, onde há 137 espécies descritas até o momento, poucas são as reconhecidas como suscetíveis, indicando a necessidade de estudos. Sabe-se, contudo que as espécies arbóreas têm maior imunidade que terrestres. O gênero Alouatta (ou bugio, como é popularmente conhecido) é o mais suscetível à febre amarela e apresenta altos índices de morbidade e mortalidade. Já representantes dos gêneros Aotus, Saguinus, Ateles, Saimiri, Cebus e Callicebus podem desenvolver a doença, mas de forma mais branda. O pesquisador esclareceu ainda que a febre amarela não é considerada doença de animais cativos, embora haja casos.
 
Os aspectos relacionados à vacina contra febre amarela e biomodelos foram discutidos pelo pesquisador do Laboratório de Neurovirulência, Renato Marchevsky, e a coordenadora do Laboratório de Febre Amarela, Caroline  Ramires, ambos do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-manguinhos (Bio-manguinhos/Fiocruz). Marchevsky destacou que a Fiocruz produz o imunizante desde 1937 e é hoje a maior fabricante mundial da vacina. O pesquisador explicou os parâmetros de controle de qualidade do produto preconizados pela Organização Mundial de Saúde e o rigor de seu cumprimento pela Fiocruz. “A vacina de febre amarela é segura, eficaz e alcança índices entre 95% e 98% de imunidade”, complementou Caroline. Segundo ela, a fundação forneceu 25,7 milhões de doses do imunizante ao Ministério da Saúde neste ano, até abril, devido ao surto de febre amarela no país. A produção é cerca de seis vezes maior que a prevista, de 4,1 milhões de doses. 
 
A bióloga e coordenadora do Centro de Informação em Saúde Silvestre (Ciss/Fiocruz), Márcia Chame, discutiu a relação entre a saúde silvestre e a saúde humana. “A febre amarela é uma doença extremamente complexa. O Brasil tem 118 espécies de primatas não humanos e, a princípio, todos eles podem ser infectados pela doença. Quanto aos mosquitos transmissores, há 18 espécies de Haemagogus, 32 espécies de Sabethes e mais de 300 espécies de Aedes. O ciclo da doença é totalmente silvestre e a alteração e a perda de espécies acabam estimulando a passagem do vírus para os humanos”, esclarece ela. Márcia também informou sobre o aplicativo SISS-Geo, que permite cidadãos comuns reportarem facilmente informações sobre animais silvestres, auxiliando na prevenção de febre amarela e outras doenças de origem animal.
 
A coordenadora de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), Patrícia Soares Meneguete, encerrou o evento abordando as ações contra a febre amarela no estado e as medidas relacionadas a macacos. Para ampliar o combate ao surto da doença, a SES-RJ está realizando a vacinação de bloqueio em 21 municípios e intensificou a vigilância de pacientes com sintomas característicos da febre amarela e de epizootias (termo técnico para a ocorrência de um evento em um número de animais ao mesmo tempo e na mesma região, podendo levar ou não à morte). De janeiro a maio de 2017, o órgão registrou a morte de 277 animais em quatro epizootias confirmadas laboratorialmente e há 48 municípios com epizootias em investigação.

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