Desde a época da Liga das Nações (1920 a 1946) que se utilizavam instituições nacionais para fins internacionais, tais como laboratórios designados como centros de referência para a padronização de produtos biológicos. Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi criada em 1948, nomeou outros centros de referência e estabeleceu a política de que a Organização deveria avançar com seu trabalho, coordenando e utilizando instituições já existentes nos Estados Membros, ampliando assim a participação nacional nas atividades da OMS. Com o tempo, estes centros de referência passaram a ser chamados de centros colaboradores.
Por definição, um centro colaborador da OMS é uma instituição designada pelo Diretor-Geral da Organização para fazer parte de uma rede colaborativa internacional criada para apoiar seu programa de trabalho nos níveis nacional, interpaíses, regional, inter-regional e global. De acordo com a política e estratégia de cooperação técnica da OMS, um centro colaborador da OMS também participa do fortalecimento da informação, serviços, pesquisa e treinamento, em apoio ao desenvolvimento nacional da saúde.
Atualmente, existem mais de 800 centros colaboradores da OMS em mais de 80 Estados Membros que trabalham com a OMS nas mais diversas áreas. Na Região das Américas são mais de 180 centros colaboradores ativos e são chamados de centros colaboradores da Opas/OMS. Uma instituição é designada inicialmente para um período de quatro anos que pode renovada por um período igual ou inferior. Atualmente no Brasil existem 20 centros colaboradores, sendo seis na Fiocruz. São eles:
O Centro Colaborador da OMS para as Políticas Farmacêuticas, é o centro colaborador mais antigo da Fiocruz, tendo sido designado pela primeira vez em 1998. Está sob a responsabilidade do Departamento de Políticas de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (NAF) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP). Seu principal objetivo é fortalecer a assistência farmacêutica, entendida como “grupo de serviços e atividades relacionadas com o medicamento, destinados a apoiar as ações de saúde que demanda a comunidade” nos sistemas de saúde do Brasil e de outros países da América Latina e Caribe e Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). O centro colaborador realiza atividades de ensino, pesquisa e cooperação para a formulação, implementação e avaliação de políticas farmacêuticas que envolvem tanto parceiros nacionais nos diferentes níveis de gestão do sistema de saúde e organizações não governamentais, como parceiros internacionais dentro os quais organizações governamentais e não governamentais da América Latina e Caribe e do continente africano.
O Centro Colaborador da OMS para a Educação de Técnicos em Saúde sob a responsabilidade da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) trabalha desde 2004 como centro colaborador da OMS promovendo, desenvolvendo e disseminando informações e conhecimentos técnico-científicos para a formação de técnicos em saúde e realiza projetos de formação e desenvolvimento com ações locais de formação continuada e elaboração de materiais didáticos. Em 2014, para comemorar seus 10 anos como centro colaborador da OMS, a EPSJV lançou um livro destacando suas principais ações como centro colaborador, assim como outras ações de cooperação técnica com os países da América Latina e Palop e outros países africanos. O livro ressalta, ainda, o trabalho da Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (Rets) e suas sub-redes: a Rede de Escolas Técnicas de Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Rets-CPLP) e a Rede Ibero-Americana de Educação de Técnicos em Saúde (Riets).
O Centro Colaborador da OMS para a Leptospirose sob a responsabilidade do Laboratório de Referência Nacional em Leptospirose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) atua como centro colaborador da OMS desde 2008. Há 14 anos, este centro colaborador tem contribuído para a formulação de políticas de curto e longo prazo tanto para pesquisa como para o controle da doença. Da mesma forma, tem inovado no desenvolvimento tecnológico para o treinamento e capacitação de profissionais de saúde para o diagnóstico da leptospirose, Atualmente, o centro colaborador tem o compromisso de oferecer apoio técnico e científico para a OMS em situações epidêmicas e em todas as questões relacionadas à doença, além de investir no desenvolvimento de outros centros de pesquisa, na multiplicação do conhecimento sobre a leptospirose e na formação profissional na região das Américas e Caribe.
O Centro Colaborador da OMS para a Saúde Pública e Ambiental sob a responsabilidade da Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) começou suas atividades em 2010 e teve suas atividades encerradas no dia 3 de fevereiro de 2022. No entanto, a Fiocruz foi solicitada a apresentar uma nova proposta de centro colaborador na área do meio ambiente.
O Centro Colaborador da OMS para a Diplomacia da Saúde Global e Cooperação Sul-Sul sob a responsabilidade do Cris, foi designado como centro colaborador, pela primeira vez, em 2014. Em 2022, em sua segunda redesignação, tem o mandato de fortalecer as políticas e sistemas de saúde proporcionando o desenvolvimento de teorias e práticas de saúde global e diplomacia da saúde, além de apoiar tecnicamente a Opas/OMS na compreensão dos determinantes sociais da saúde, seu impacto na equidade em saúde e Agenda 2030 para o desenvolvimento. Considerando uma de suas principais funções, o centro colaborador também atua no intercâmbio do conhecimento e multilinguismo para fortalecer a cooperação Sul-Sul, especialmente entre os países da América Latina e países da comunidade dos países de língua oficial portuguesa (CPLP).
O Centro Colaborador da OMS para o Fortalecimento dos Bancos de Leite Humano está sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF). Foi designado como centro colaborador em 2021 com a tarefa de apoiar a OMS na expansão e no compartilhamento de conhecimentos, tecnologias, documentos e evidências científicas para que seus Estados Membros possam implementar e gerir os bancos de leite humano como ação estratégica de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, tanto no nível intra-hospitalar como na articulação com a atenção primária. Além disso, o centro colaborador proporciona capacitação profissional em diferentes níveis de complexidade e desenvolve ações inovadoras nos campos da vigilância, do monitoramento e da promoção da saúde infantil.