09/09/2014
Por Jaquecline Boechat*
Em 2014, ao completar 110 anos do início de sua construção, a Cavalariça está passando por uma intervenção geral que abrange interior, fachadas e cobertura, além da atualização das instalações prediais e dos sistemas de iluminação e comunicação. As obras começaram em fevereiro e estão previstas para durar mais um ano. Enquanto isso, o edifício abre as portas para quem quiser conhecer um pouco mais sobre sua história, funcionamento e processo de restauro. Serão recebidos grupos de até 20 pessoas, em horários previamente agendados.
Aberto ao público, o programa é dirigido à comunidade Fiocruz, aos profissionais que atuam na área de preservação do patrimônio cultural imóvel e a interessados na história das ciências e da saúde. “Espera-se que as visitas despertem nos trabalhadores da Fiocruz e usuários do campus maior identificação com o acervo patrimonial, gerando atitudes sustentáveis e responsáveis no seu uso cotidiano”, explica a arquiteta Cristina Coelho do Departamento do Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz (DPH/COC).
Para a comunidade profissional e científica, o objetivo é ampliar o conhecimento do repertório da arquitetura eclética do início do século 20 e a troca de experiências quanto às técnicas de conservação e restauração arquitetônica. Segundo Cristina, visitar uma obra de restauração “permite observar características históricas e técnicas da edificação, nem sempre possíveis de serem conhecidas com o edifício em uso". O acompanhamento será feito por profissionais habilitados que abordarão aspectos técnicos e históricos da edificação, como a área destinada à sangria dos cavalos para a produção de soro, e tecnologias consideradas de vanguarda para a época, como o reaproveitamento de refugos e da água.
Construção de vanguarda
Com cerca de 500 m², a Cavalariça é um dos edifícios que marcaram o início da ocupação da instituição idealizada por Oswaldo Cruz. Abrigo de animais utilizados para a fabricação de soros, o prédio adotava princípios de sustentabilidade ambiental, utilizando técnicas avançadas para o início do século 20. Os refugos eram reaproveitados integralmente: a água era utilizada para irrigação; as fezes dos animais forneciam os gases para a iluminação das baias e o estrume adubava os campos.
Um sistema automático permitia o abastecimento de água das baias de quatro em quatro horas. A distribuição das forragens era feita por meio de roldanas em corredores elevados, localizados entre as baias e as paredes externas, dando livre movimentação aos cavalariços. A edificação, tombada em 1981 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abrigou até 2012 a exposição interativa Biodescoberta, uma das áreas de visitação do Museu da Vida da COC.
Nos últimos anos, infiltrações nos telhados, em função do desgaste das telhas, e constantes entupimentos no sistema de drenagem pluvial aceleraram a degradação de trechos na fachada e no interior do edifício. Desde a década de 1990, após a última intervenção de restauro pela qual passou, a Cavalariça está sob os cuidados da COC, tendo sido utilizada por um breve período como área administrativa, até a definição do uso atual como área de exposição.
Como visitar as obras
Alguns cuidados são necessários para evitar acidentes: deve-se utilizar calçados fechados com solado grosso e emborrachado, calça comprida e capacetes, disponíveis no local da obra. A visita é vedada a crianças e adolescentes com 14 anos ou menos. Os interessados devem entrar em contato com o Núcleo de Educação Patrimonial, do Departamento de Patrimônio Histórico, por meio do telefone: (21) 3865-2220 ou enviar e-mail para nep@fiocruz.br. As visitas podem ser feitas de 3ª a 5ª feira, 9h30 às 10h30; de 10h30 às 11h30; de 14h às 15h; e de 15h às 16h, sob agendamento prévio.
*Reportagem originalmente publicada no jornal Linha Direta, da Presidência da Fiocruz.