02/07/2014
Em 2002, a Declaração de Budapeste cunhou o termo "acesso aberto". Grosso modo, a possibilidade de que qualquer pessoa, no mundo todo, possa ter acesso on-line, gratuito, a textos integrais de artigos e estudos feitos por pesquisadores. Algo possível pela existência de versões digitais de revistas científicas e de repositórios institucionais, onde esses textos são depositados. Mais de dez anos depois, universidades e institutos de pesquisa ao redor do mundo têm aderido ao movimento. Mesmo assim, ainda é pequeno o percentual da produção científica que está, de fato, disponível gratuitamente para o público. Como tornar o acesso aberto sustentável do ponto de vista financeiro? Como promover o acesso integral à produção científica, se ainda há a presença marcante, também no mundo da ciência, das lógicas de mercado? De que formas o compartilhamento de dados pode reordenar os processos de pesquisa? Será que a proposta apresentada pelo chamado "Relatório Finch" é a mais apropriada para democratizar o conhecimento científico?
Os artigos reunidos na mais recente edição da Revista Reciis apresentam algumas das questões mais relevantes, hoje, sobre o acesso aberto, no Brasil e no mundo. Na seção de artigos originais, Simone da Rocha Weitzeli mapeia os principais desafios e propostas contemporâneas sobre o tema. Luís Fernando Sayão e Luana Farias Sales abordam os impactos do acesso aberto nos sistemas de informação para a pesquisa. Sandra Lúcia Rebel Gomes analisa a cadeia de produção do conhecimento científico, atribuindo à universidade um papel de destaque na política de livre acesso. Maria Eduarda Pereira Rodrigues e António Moitinho Rodrigues apresentam inquérito feito, por meio de questionário, com docentes e pesquisadores de uma universidade, e que revela os impactos do uso de repositório.
Experiências no Brasil e no mundo
"Comunicação da ciência: (r)evolução ou crise?", artigo de revisão assinado por Marynice Medeiros Matos Autran e Maria Manuel Borges, mostra como os repositórios constituem um instrumento para o compartilhamento irrestrito do conhecimento. Na seção de ensaios, os textos abordam temas como as indefinições sobre a política no Brasil e as suas implicações para a comunidade científica. Em "Relatos de experiência", seis textos esmiuçam casos como o uso de recursos digitais na Universidade de Coimbra e a implantação da Política de Acesso Aberto da Fiocruz.
O número 2 do volume 8 da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis/Icict) teve como editoras convidadas Cícera Henrique da Silva, professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict), e Maria Manuel Borges, pesquisadora do Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Portugal. A edição marca, ainda, o aniversário de sete anos da revista.
Leia a edição na íntegra.
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