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Pesquisa analisa como os Agentes Comunitários de Saúde cuidam dos idosos


13/12/2023

Por: Tatiane Vargas (Ensp/Fiocruz)

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Na próxima quinta-feira, 14 de dezembro, serão apresentados na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), os resultados da pesquisa 'Terapeuta da Vida’: Agentes Comunitários de Saúde frente a idosos e vulneráveis', desenvolvida pelas pesquisadoras do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Ensp) Cecília Minayo e Patrícia Constantino, junto com Raimunda Mangas e Telma Freitas, ambas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

O estudo traz um panorama sobre a assistência à saúde dos idosos, por meio do trabalho dos ACS, e se esses cuidados são suficientes para promover uma velhice saudável e atender aqueles que perderam a autonomia. Busca compreender ainda, o que os Agentes conhecem sobre o assunto e como tratam nas atividades cotidianas, além das dificuldades na prática profissional em relação ao cuidado aos idosos. O evento é destinado aos Agentes Comunitários de Saúde que participaram da pesquisa e acontecerá no auditório térreo da Ensp.  

A pesquisa foi realizada com 100 Agentes Comunitários de Saúde que atuam em dez áreas de Coordenações Programáticas (CAP), organizadas entre os 162 bairros do município do Rio de Janeiro. Concebido por meio do diálogo com os profissionais, através de ‘Rodas de Conversa’, os resultados do estudo mostram, acima de tudo, o trabalho incansável e dedicado dos ACS, grupo composto (majoritariamente) por mulheres e homens que constituem o braço longo e sensível do Sistema Único de Saúde nas comunidades. No Brasil, atualmente, 250.864 Agentes trabalham em todo o território nacional. No Rio de Janeiro, aproximadamente 7.550 ACS atendem a população do município.  

Para a realização da pesquisa, foram realizadas dez rodas de conversa com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de cada uma nas dez Coordenações das Áreas de Planejamento (CAP). O número médio de participantes foi de oito por sessão, predominando a presença de mulheres, e representando a diversidade dos territórios, dos bairros e dos locais onde as atividades de saúde são desenvolvidas. No jargão dos Agentes Comunitários, o 'asfalto', a 'favela' e o 'morro'. Desta forma, as experiências trabalhadas na pesquisa abrangem diferenciações quanto às condições sociais, geográficas e necessidades de cuidados. 

O estudo ressalta a preocupação e o empenho dos ACS com a saúde da população e com a atenção aos idosos. “A pesquisa mostra, com clareza, o quanto os Agentes são implicados com o trabalho e com as famílias nos territórios onde atuam. Não há dúvidas sobre a importância dessas pessoas no acolhimento ao público em geral e, também, na atenção aos idosos dependentes que ficam invisíveis nas Clínicas, por estarem restritos ao lar, não terem com quem compartilhar suas dores ou sofrimento ou serem totalmente acamados. Esses profissionais se tornaram os olhos e ouvidos do setor saúde em relação a esse grupo, vocalizando suas demandas e, na medida de suas possibilidades, cuidando de suas dores e feridas e os protegendo. Infelizmente, constatam que podem muito, mas não podem tudo”, afirmam as autoras.  

Para mensurar os resultados do estudo, que foi organizado em torno das falas e interações do Agentes Comunitários de Saúde, foram selecionados seis tópicos com temas considerados de relevância pelos entrevistados, entre eles: a sociogeografia do trabalho dos ACS e do atendimento aos idosos; o perfil dos idosos atendidos; a desestabilização do sistema de saúde devido a pandemia; a prioridade para os idosos nos serviços da Atenção Primária; a efetividade do Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso (PADI); a rede de atenção formal e informal; e os casos de pessoas idosas vítimas de violência nos territórios da Atenção Primária.  

O estudo aponta “a importância da formulação urgente da Política de Proteção à Pessoa Idosa Dependente, discutida em sua totalizada, com os atores sociais que praticam os cuidados, com aqueles que recebem, com a academia, e com os gestores - para a efetiva implementação das ações”. O desejo das autoras é que a pesquisa seja uma luz a mais no caminho humanitário e que concerne aos direitos humanos de todos os brasileiros. 

Confira o sumário executivo da pesquisa Terapeuta da Vida no Informe Ensp.

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