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Fiocruz lamenta a morte de sua pesquisadora emérita Eridan Coutinho


22/03/2024

Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

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A Presidência da Fiocruz lamenta com profundo pesar o falecimento, na madrugada desta sexta-feira (22/3), da pesquisadora Eridan de Medeiros Coutinho. Nascida no Recife em 7 de agosto de 1931, ela ingressou no Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco) em 1953 e se tornou a primeira, e até o momento única, diretora da unidade. Em 12 de fevereiro de 2004, Eridan recebeu o título de pesquisadora emérita da Fiocruz. A pesquisadora marcou toda uma geração de cientistas por sua competência, dedicação e empenho em defesa da ciência. Em 2023 ela gravou um vídeo para a série Por que escolhi ser cientista, produzida pela Fiocruz Pernambuco, em que conta a sua trajetória.

Médica formada pela Universidade Federal de Pernambuco em 1954, fez mestrado em Nutrição em Saúde Pública pela Universidade Federal de Pernambuco (1974) e doutorado e livre-docência em Patologia da Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco (1977). A pós-graduação foi complementada por cursos e estágios realizados em 1955 na Universidade de São Paulo, na Universidade de Harvard, na qual estagiou como bolsista da Kellog Foundation, e na Inglaterra, como bolsista do British Council.

Eridan desenvolveu trabalhos como pesquisadora na área da patologia das doenças tropicais, estudando, particularmente, a patobiologia do hospedeiro desnutrido em relação à esquistossomose e outras parasitoses. Sobre esse tema, seus trabalhos foram pioneiros e têm sido citados por autores nacionais e estrangeiros. Teve grande experiência pedagógica e investigativa nas áreas de Anatomia Patológica e Patologia da Nutrição, atuando nas seguintes linhas de pesquisa: desnutrição e esquistossomose, desnutrição e parasitoses em geral, patologia e imunopatologia da esquistossomose e patologia de doenças tropicais.

Eridan foi professora titular de Anatomia Patológica (1982 a 1993) e professora titular de Processos Patológicos Gerais e de Histologia e Embriologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco. Fez doutorado e livre docência em Patologia da Nutrição na Universidade Federal de Pernambuco. Cursou especialização em Anatomia Patológica e Patologia da Nutrição na Universidade de Harvard. 

Eridan ingressou na Fiocruz como estagiária de Frederico Simões Barbosa, trabalhando inicialmente com parasitologia e leishmaniose em São Lourenço da Mata, município da Região Metropolitana do Recife. Ela ocupou por várias vezes a chefia do antigo Departamento de Patologia e Biologia Celular do IAM, do qual também foi vice-diretora de 1963 a 1969 e de 1974 a 1979.

Sua gestão à frente do IAM, de 1993 a 1997, foi marcada pela qualificação de recursos humanos em todos os níveis, a criação do primeiro mestrado em Saúde Pública de Pernambuco e a adequação das estruturas físicas da unidade. Eridan deixa uma legião de admiradores entre orientandos, amigos e colegas de trabalho.

O diretor da Fiocruz Pernambuco, Pedro Miguel dos Santos Neto, conheceu a pesquisadora no início dos anos 1990. “Foi a época de construção do Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz Pernambuco, à qual ela deu numerosas provas de apoio e suporte. Pessoa de muita firmeza na defesa da saúde pública brasileira e do papel da Fiocruz para o país. Sabemos o quanto fará falta pra gente mas seus exemplos ficam e nos orientarão. Aos familiares e amigos, meus sinceros sentimentos".

Ao longo de sua trajetória, recebeu prêmios e homenagens, com destaque para a Medalha do Mérito Médico (Academia Pernambucana de Medicina), em 2009; a medalha do Mérito da Educação Médica Professor Otávio de Freitas (Escola Pernambucana de Medicina), em 2008; a Medalha Pirajá da Silva (Ministério da Saúde), em 2008; a Medalha de Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 1995; o Prêmio Pirajá da Silva, em 1995; e o Prêmio Carlos Chagas, em 1962, entre outros. Teve mais de 70 artigos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais, sete capítulos em livro e o prefácio do livro Desnutrição-magnitude significado social e possibilidade de prevenção (2000).

Eridan de Medeiros Coutinho tinha 93 anos e deixa dois filhos, sete netos e três bisnetas. Em 2007 ela perdeu o filho Frederico Guilherme Coutinho Abath, aos 50 anos, vítima de infarto. O velório será realizado nesta sexta-feira (22/3), no cemitério Morada da Paz, no município de Paulista (PE), às 14h, e a cremação às 18h45.

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