Desde sua “these” de livre-docência na cadeira de Higiene e Mesologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro a tratados sobre a vacina contra a peste e a profilaxia da febre amarela, parte do legado científico de Oswaldo Cruz já está a um clique de distância para quem quiser se aprofundar em sua obra. Por meio do site de Obras Raras da Fiocruz (www.obrasraras.fiocruz.br [1]), sua produção digitalizada vem sendo difundida
na internet, sob os pressupostos da política de acesso aberto.
Apesar de não ter vivido para presenciar os avanços das tecnologias digitais da informação e da comunicação, Oswaldo Cruz teria ficado feliz em ver a consolidação da plataforma. “Era um homem à frente de seu
tempo. Para ele, ciência não precisava apenas de laboratórios, equipamentos e as pessoas que faziam a ciência, mas também uma boa biblioteca. Ele privilegiou a informação no campo científico”, explica o chefe da
Biblioteca do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Alexandre Medeiros, autor de dissertação sobre o contexto da informação na época do cientista. Até o momento, oito documentos
já constam no site, que disponibilizará progressivamente grande parte do acervo da Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos e de outros acervos da Fundação, por meio do Laboratório de Digitalização
de Obras Raras do setor de Multimeios do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict). “Os documentos passam por um processo de conservação e preservação e aqui são acondicionados para a digitalização”, explica o fotógrafo Rodrigo Méxas, um dos responsáveis pela tarefa.
“O site de Obras Raras se insere dentro dessa visão de Oswaldo Cruz justamente por fazer com que o material seja divulgado e difundido, ampliando para o público o acesso ao conhecimento”, opina Medeiros. Com o acesso digital, as obras raras também ganham maior proteção, pois passam a receber menos manuseios, sem deixar de estarem à disposição de pesquisadores e estudiosos. A reunião de sua obra até então vinha sendo consultada na Opera Omnia, publicação lançada no centenário de nascimento de Oswaldo Cruz, há 45 anos. O livro, organizado pela então chefe da Divisão de Informação da Fiocruz, Emília Bustamante, traz em formato impresso todos os seus trabalhos escritos, em fac-símile. A capa traz a imagem do ex-libris de Oswaldo Cruz, selo comum usado antigamente como marca identificadora de coleções pessoais, produzido pelo ateliê Stern, em Paris, e onde consta a frase “Fé eterna na ciência”, em latim.
Títulos disponíveis
Peste [2] (1906)
Relatorio àcerca da molestia reinante em Santos [3] (1900)
Dos accidentes em sorotherapia [4] (1902)
Discurso pronunciado na Academia Brazileira de Letras [5] (26 de junho de 1913)
A vaccinação anti-pestosa: trabalho do Instituto Sôrotherapico Federal do Rio de Janeiro [6] (Instituto de Manguinhos, 1901)
Prophylaxia da febre amarella [7](1909)
A vehiculação microbiana pelas águas [8] (these,1893)
Allocução proferida na abertura do curso de pathologia geral [9](1917), dedicada à Oswaldo Cruz.
Texto adaptado da edição edição nº 37 da Revista de Manguinhos, publicada em maio de 2017.