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Autora de tese sobre 'Acinetobacter baumannii' explica como a bactéria tem se disseminado

Imagem de duas mulheres sentadas atrás de uma mesa

15/10/2014

Fonte: INCQS/Fiocruz

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Com o objetivo de estudar a ocorrência da bactéria Acinetobacter baumannii em infecções hospitalares, a engenheira de alimentos Karyne Rangel Carvalho desenvolveu a tese Estudo da diversidade genética e caracterização fenotípica e molecular de mecanismos de resistência a antimicrobianos e virulência em Acinetobacter baumannii isolados em hospitais do Rio de Janeiro.

O estudo foi o primeiro a mostrar a disseminação de dois genótipos multirresistentes de Acinetobacter baumannii produtores do gene blaOXA-23 em hospitais públicos e privados do Rio de Janeiro. Também foi investigada a estrutura populacional dos isolados produtores deste gene por diferentes métodos de tipagem genômica. Nesse estudo foi descrita, pela primeira vez, a ocorrência desse mesmo gene em isolados sensíveis ao antibacteriano imipinen.

A tese foi desenvolvida no Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), pelo Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (PPGVS/INCQS), sob orientação da pesquisadora Marise Asensi. E acaba de receber uma Menção Honrosa do Prêmio Capes de Teses 2014.

Como surgiu a ideia de pesquisar esta bactéria?

Karyne: Comecei a estudar a bactéria Acinetobacter baumannii em 2006 quando ela ainda era pouco frequente nos hospitais. Em 2009, quando ingressei no doutorado, sua ocorrência nos hospitais já havia aumentado drasticamente, causando grande preocupação, já que esta é uma bactéria oportunista que ocorre na maioria das vezes em UTIs. Ela pode causar pneumonia, meningite, infecção do trato urinário e septicemia (infecção generalizada). Essa bactéria, quando endêmica nos hospitais, apresenta resistência a praticamente todos os antibióticos disponíveis no tratamento dos pacientes internados, além de ser capaz de sobreviver por longos períodos no ambiente hospitalar.

Qual é a importância dos seus resultados?

Karyne: Para o Brasil, os dados obtidos representam um estudo pioneiro pois demonstram uma realidade preocupante, principalmente devido à ocorrência de cepas extremamente resistentes, disseminadas em diversos hospitais no Rio de Janeiro. Essa transmissão, intra- e inter-hospitais pode estar associada a diversos fatores, incluindo a transferência de pacientes colonizados ou mesmo a circulação de profissionais da área de saúde. Internacionalmente, foi observada a presença de um genótipo (A) em diferentes estados brasileiros que possuía correlação com um dos clones predominantes na Europa (EUII).

E qual é a importância desta premiação?

Karyne: Fiquei muito surpresa com a premiação. Não esperava recebe-la, já que a concorrência era muito grande. Foi muito importante, sem dúvida, porque mostra a necessidade de se pesquisar esta bactéria e compensa todo o esforço que foi despendido. É um estímulo para que eu continue e aprofunde a pesquisa. Além disso, é importante que um trabalho assim, voltado para a melhoria da saúde da população brasileira, seja reconhecido. Vale lembrar que não realizei o estudo sozinha, tive importantes colaborações de diversos pesquisadores como a Maria Cristina Vidal Pessolani e Luciana Silva Rodrigues, do Laboratório de Microbiologia Celular do IOC/Fiocruz; Luiza Peixe, da Universidade do Porto; Denise Dagnino, da Universidade Estadual do Norte Fluminense; e Suzana Corte Real, do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC/Fiocruz.

Pretende continuar este estudo?

Karyne: Sim, já estou dando continuidade através do pós-doutorado pelo Programa Nacional de Pós-Doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PNPD/Capes) vinculada ao PPGVS/INCQS. O estudo está sendo realizado sob supervisão da pesquisadora Maria Helena Simões Villas Boas, no Setor de Saneantes do Departamento de Microbiologia do INCQS. Essa vinculação possibilitou dar continuidade ao desenvolvimento de uma linha de pesquisa, onde buscamos esclarecer algumas questões anteriormente não respondidas. Estamos realizando um estudo com isolados clínicos oriundos de quatro hospitais no Rio de Janeiro, que tem o objetivo de realizar a caracterização fenotípica e molecular de mecanismos de resistência a antimicrobianos e biocidas, analisar a diversidade genética por PFGE e a diversidade populacional através do MLST e o estudar com mais profundidade alguns mecanismos de virulência. Parte deste projeto está sendo desenvolvida pelas alunas de mestrado acadêmico Gabrielle Limeira Gentelluci e Daniela Betzler Cardoso dentro do PPGVS/INCQS, orientadas por mim e pela minha supervisora. Além disso, fico feliz de poder contar com a colaboração das pesquisadoras Cristina Vidal Pessolani e Viviane Zahner, do IOC/Fiocruz, e Gisele Peirano, da Universidade de Calgary (Canadá).

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