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Pesquisadora recebe prêmio por estudo sobre influenza

Paola apresentando seu trabalho na Alemanha

14/07/2017

Por: Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)*

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A identificação de uma nova variante do vírus influenza em um caso de gripe no Brasil rendeu à pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Paola Cristina Resende, o Prêmio Jovem Pesquisador na 19ª edição do Simpósio Internacional sobre Infecções Virais Respiratórias. Realizada na última semana de junho, em Berlim, na Alemanha, a premiação foi concedida pela Fundação Macrae, organização sem fins-lucrativos com sede nos Estados Unidos.

O estudo investigou um caso ocorrido em 2015, no Paraná. A detecção de um vírus influenza A foi feita pelo Laboratório Central do estado, parceiro na pesquisa, mas o subtipo do patógeno não pôde ser estabelecido pela metodologia de RT-PCR em tempo real. A amostra foi, então, encaminhada para o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, que atua como Centro de Referência Nacional em Influenza junto ao Ministério da Saúde e à Organização Mundial da Saúde (OMS). O sequenciamento genético do microrganismo apontou para um vírus influenza A H1N2 variante.

A comparação do genoma com sequências genéticas depositadas em bancos de dados revelou alto índice de similaridade com vírus influenza A H1N2 detectados em porcos em Santa Catarina, em 2011, apontando a provável origem da infecção. “Uma vez que a paciente trabalhava em contato direto com suínos no Paraná, é provável que ela tenha contraído o vírus desses animais. Esse achado foi muito relevante para a rede de vigilância da influenza no Brasil, pois foi a primeira vez que detectamos uma variante viral suína infectando uma pessoa no país”, afirma Paola.

O estudo também detectou semelhanças entre a nova variante viral e diferentes linhagens de vírus humanos, em trechos específicos do genoma: um gene foi associado ao vírus A H1N2 que circulou em 2003, outro ao vírus A H3N2 identificado em 1998 e os demais ao vírus A(H1N1)pdm09, causador da pandemia de 2009. Segundo Paola, esses dados indicaram a ocorrência de rearranjo genético, que acontece frequentemente em porcos. “Esses animais vivem na natureza e em contato próximo com seres humanos, podendo ser infectados por diferentes linhagens de vírus simultaneamente. Nessa situação, é possível que o material genético dos microrganismos se misture, dando origem a uma nova variante viral”, explica ela.

Logo após o sequenciamento genético, o achado sobre a nova variante viral foi comunicado pelo Serviço de Referência imediatamente ao Ministério da Saúde. Foram realizadas ações de vigilância epidemiológica e laboratorial para avaliar a ocorrência de outros casos de infecção, o que não foi identificado, indicando que o vírus não se propagou. A paciente se recuperou completamente. Para Paola, a premiação do estudo reconhece a atuação da rede de vigilância da influenza no Brasil. “Esse trabalho é fruto do esforço de uma grande equipe, incluindo o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, o Ministério da Saúde, o Lacen do Paraná e a Secretaria de Saúde do estado. Fico orgulhosa de fazer parte de uma rede comprometida com programa de vigilância para os vírus influenza no Brasil”, ressalta a pesquisadora.

O Prêmio Jovem Pesquisador é concedido anualmente pela Fundação Macrae com o objetivo de estimular a participação de cientistas com menos de 35 anos no Simpósio Internacional sobre Infecções Virais Respiratórias. Este ano, quatro pesquisadores foram selecionados na premiação e puderam apresentar seus trabalhos no evento. Única brasileira entre os vencedores, Paola também conquistou o reconhecimento em 2012, quando participou do Simpósio apresentando um estudo sobre um polimorfismo no vírus H1N1 pandêmico associado a casos graves.

*Edição: Vinícius Ferreira (IOC/Fiocruz)

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