Obra celebra os 35 anos de criação da Abrasco em textos e imagens

Os 35 anos de atuação da Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva – são comemorados em livro que traz 11 capítulos de pesquisadores e estudiosos que fazem parte dessa história. Saúde Coletiva: a Abrasco em 35 anos de história é uma coedição da Editora Fiocruz com a Associação.

Escrito a várias mãos por pessoas que fizeram, fazem e continuarão fazendo e planejando a história da saúde coletiva no país, o livro é um registro fundamental do caminho trilhado desde o início da atuação da Abrasco, num período político bastante complicado no Brasil, até os dias de hoje, quando ainda há tantos desafios a serem vencidos na área da saúde coletiva.

O primeiro capítulo, “Gênese sócio-histórica da saúde coletiva no Brasil”, assinado por Ligia Maria Vieira-da-Silva, é um cuidadoso trabalho sobre a trajetória da saúde coletiva no Brasil e de sua construção como um campo de conhecimento.

Carlos Henrique Assunção Paiva e Cristina Maria Oliveira Fonseca, autores do texto seguinte, “A Abrasco na construção do SUS (1979-1990): ação política na saúde”, discutem o papel da Associação nos diferentes espaços de disputa e luta política que, no fim da década de 1980, acabariam por inscrever o direito à saúde na chamada Constituição Cidadã.

Essa faceta política da Associação também aparece no capítulo “A Abrasco e os anos de chumbo: a Comissão da Verdade no campo da saúde”, de Anamaria Testa Tambellini, Carlos Botazzo, Guilherme Chalo Nunes e Paulo Buss. 

A análise dos veículos de divulgação e disseminação de conhecimento da Associação está no capítulo “A Abrasco faz ciência e avança em conhecimentos: contribuições da ‘Ciência & Saúde Coletiva’ e da ‘Revista Brasileira de Epidemiologia’”, de Maria Cecília de Souza Minayo, Romeu Gomes, Márcia Furquim de Almeida, Moisés Goldbaum e José da Rocha Carvalheiro. É bom destacar que “Ciência & Saúde Coletiva” e “Revista Brasileira de Epidemiologia” têm acesso aberto e estão disponíveis a todos os interessados nos endereços eletrônicos: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/index_interno.php e http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_1415-790X/lng_pt/n...

No capítulo seguinte, trata-se dos eventos organizados pela equipe da Associação, importantes espaços de troca de conhecimento. “Congressos da Abrasco: a expressão de um espaço consolidado” é de autoria de Soraya Almeida Belisário.
 
Isabela Pinto e Jairnilson Paim abordam a questão da formação de quadros de nível superior em saúde coletiva, uma preocupação que existe desde o início dos trabalhos da Associação, no capítulo “A Abrasco e a experiência da graduação em saúde coletiva”. 

A questão educativa continua em foco no capítulo seguinte: “Os cursos lato sensu na formação em saúde coletiva: evolução histórica e desafios contemporâneos”, de Tânia Celeste Matos Nunes, Terezinha de Lisieux Quesado Fagundes e Catharina Leite Matos Soares. As autoras mostram como os chamados cursos lato sensu, em suas diferentes modalidades, se estabeleceram como espaços para a introdução das inovações surgidas a partir de políticas e práticas de saúde. 

“A Abrasco e a pós-graduação stricto sensu em saúde coletiva”, de Rita Barradas Barata, é o capítulo que segue e relata minuciosamente o processo de construção e fortalecimento da pós-graduação em saúde coletiva. 

No capítulo seguinte, “A Abrasco e a experiência dos mestrados profissionais”, Eduarda Ângela Pessoa Cesse e Maria Amélia de Sousa Mascena Veras destacam a importância dos mestrados profissionais tanto para o fortalecimento do campo da saúde coletiva quanto para o apoio às políticas de saúde e ao sistema de saúde vigentes.
 
A forma como a Associação contribuiu para consolidar as propostas de saúde coletiva defendidas no Brasil no cenário internacional é o tema do capítulo “Abrasco na construção de uma agenda internacional em saúde”, de Alvaro Hideyoshi Matida e Paulo Buss. 

Em “Trajetórias recentes da Abrasco: fazendo o ‘por fazer’”, Luis Eugenio Portela Fernandes de Souza, Carlos dos Santos Silva, Alvaro Hideyoshi Matida e José da Rocha Carvalheiro fazem um balanço da trajetória recente da Associação. Os autores também identificam tendências de atuação com base em uma leitura não só da realidade setorial da saúde, mas também do cenário social, político e econômico do Brasil nos últimos dez anos.

Saúde Coletiva: a Abrasco em 35 anos de história traz ainda uma cronologia revista e atualizada da atuação da Associação desde a fundação até o fim de julho de 2015, momento que coincide com a realização do 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Goiânia (GO). 

A história da Abrasco é contada também através de ícones, no capítulo “A Abrasco em imagens”, que recupera documentos preciosos como fotografias de personagens e de momentos marcantes da Associação, além de materiais de divulgação que pontuam a trajetória de 35 anos.

A palavra dos fundadores da associação está no capítulo “A Abrasco em perspectiva: olhares dos presidentes”. Ali estão registrados depoimentos importantes sobre a agenda da Abrasco, colhidos em encontros que nortearam a elaboração desse livro comemorativo.

Saúde Coletiva: a Abrasco em 35 anos de história tem organização de Nísia Trindade Lima, José Paranaguá de Santana e Carlos Henrique Assunção Paiva e privilegia os grandes eixos da política da Abrasco sem deixar de lado as diferentes áreas temáticas em que atuam seus associados. Porém, os organizadores deixam claro logo na apresentação do livro que é quase impossível apresentar toda a diversidade do trabalho realizado: “reconhecemos que a intensa vida da Associação é mais rica e multifacetada do que o livro pode apresentar, mas estamos convencidos de que essa publicação é capaz de oferecer uma visão fidedigna e relevante das ações de todas as áreas e da própria diversidade da atuação da Abrasco”. 

Sobre os organizadores: 

Nísia Trindade Lima: Socióloga, doutora em sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro; pesquisadora titular da Casa de Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz.

José Paranaguá de Santana: Médico, doutor em ciências da saúde pela Universidade de Brasília; coordenador do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis – Fiocruz/Opas/UnB), assessor de Relações Internacionais em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Brasília

Carlos Henrique Assunção Paiva: Historiador, doutor em saúde coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; pesquisador no Observatório História e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz da Fundação Oswaldo Cruz, professor do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde (COC/Fiocruz) e do mestrado em saúde da família da Universidade Estácio de Sá.