Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

HIV/Aids: adesão ao tratamento está associada à aceitação do diagnóstico, mostra estudo


09/03/2015

Fonte: Informe Ensp

Compartilhar:

Um estudo sobre o tratamento antirretroviral entre crianças e adolescentes, que adquiriram HIV a partir da infecção materna e estão em acompanhamento em serviços de referência localizados nas cinco macrorregiões do Brasil, verificou que a maioria (93%) das crianças e (77%) dos adolescentes relatou 100% de adesão. No entanto, mais da metade (57% das crianças e 49% dos adolescentes) tinham carga viral abaixo do limite de detecção. A pesquisa foi desenvolvida pela aluna do doutorado em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Maria Letícia Santos Cruz, sob orientação da pesquisadora Simone Souza Monteiro. Segundo a investigação, a adesão ao tratamento está associada à melhor aceitação do diagnóstico, reconhecimento da importância de revelar o diagnóstico para criança/adolescente, valorização e disponibilidade para o cuidado, crença na eficácia do tratamento e nas perspectivas de sobrevida e investimento no futuro da criança. 

Para Maria Letícia, é importante refletir sobre o motivo de alguns desses pacientes atravessarem a infância e chegarem à adolescência com supressão viral mantida, mesmo tendo acesso aos mesmos medicamentos e cuidados institucionais, jamais conseguirem atingir iguais resultados e se beneficiar do mesmo modo do tratamento. 

A aluna informou que foram considerados aderentes aqueles com carga viral indetectável (<50 cópias/mL) e nenhuma dose de antirretroviral perdida nos últimos três dias (adesão 100%). Participaram do estudo 260 crianças e adolescentes vivendo com HIV (CAVHIV) e seus cuidadores que responderam a questionários e entrevista semiestruturada. 

O estudo leva em conta aspectos de ordem individual/familiar: se o cuidador é portador de HIV ou não,  situação da testagem anti-HIV da criança, qualidade de vida do cuidador, uso de álcool e/ou outras drogas pelo cuidador, se sofre ansiedade e/ou  depressão, estagiamento clínico e imunológico da infecção da criança, número e tipo de esquemas de tratamento utilizados, frequência de visitas à farmácia, interação entre crianças/adolescentes e suas famílias com os serviços de saúde e das características socioculturais (avaliadas por dados sociodemográficos e pelas representações sociais de cuidadores de CAVHIV  em relação ao diagnóstico e uso dos antirretrovirais.

A pesquisa recomenda, a partir da caracterização dos fatores de natureza individual, institucional e social que determinam o papel dos cuidadores na adesão de crianças e adolescentes à terapia antirretroviral combinada, que as equipes de saúde considerem tais fatores na interação com as famílias vivendo com HIV/Aids.  

Sobre a autora

Maria Letícia Santos Cruz é pediatra do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Federal dos Servidores do Estado, no RJ, desde 1985, onde é responsável pela atenção a crianças e adolescentes expostos e infectados pelo HIV. Com mestrado em Medicina Tropical pela Fiocruz, ela é colaboradora do Eunice Kennedy Shriver National Institutes of Child Health and Development do NIH e membro da Comissão Técnica Assessora para o tratamento de crianças e adolescentes vivendo com HIV/Aids do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Ela defendeu sua tese intitulada Crianças e adolescentes vivendo com HIV em acompanhamento em serviços brasileiros: análise dos fatores de vulnerabilidade na adesão ao tratamento antirretroviral, no dia 12/2, na Ensp.

Mais em outros sítios da Fiocruz

Voltar ao topoVoltar