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Fiocruz Pernambuco aprimora armadilha criada para controle de vetores


24/04/2015

Fonte: Informe Fiocruz Pernambuco

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A busca pela melhoria contínua de produtos e serviços em saúde é uma filosofia de trabalho da Fiocruz Pernambuco. Dentro dessa perspectiva, estudos e equipamentos desenvolvidos na instituição passam por aprimoramento constante, incorporando novas soluções e tecnologias. Um exemplo disso é a armadilha BR-OVT, uma invenção desenvolvida no centro de pesquisas pernambucano, que, por suas qualidades, integra o portifólio de inovação da Fundação Oswaldo Cruz. O instrumento, já consolidado no monitoramento do mosquito transmissor do verme causador da filariose (Culex), foi aperfeiçoado e o novo modelo agora é objeto de novas pesquisas, que avaliam seu desempenho para o controle da dengue.

A partir da esquerda: Cláudia, Rosângela e Morgana, responsáveis pelo aprimoramento 

A armadilha original foi idealizada pela pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Rosângela Barbosa, para o monitoramento e controle de mosquito Culex, conhecido como muriçoca ou pernilongo. O equipamento consta de uma caixa preta, com um reservatório onde é colocada água e o larvicida biológico Bacillus thuringiensis israelensis (Bti). Diferentemente da armadilha ovitrampa, que é utilizada na área externa das residências, a BRT-OVT é utilizada dentro do domicílio. O dispositivo reproduz, em pequena escala e sem cheiro, as condições de uma fossa, escura e com matéria orgânica, que atraem as fêmeas dessa espécie para a deposição de seus ovos. Na nova versão, a BR-OVT adesiva, o recipiente para água teve sua capacidade aumentada e foi adicionada uma borda adesiva - que contém uma cola entomológica para reter os insetos adultos - e um substrato para a oviposição que forra todo seu interior. As modificações foram pensadas para alcançar duas fases diferentes do ciclo de vida do mosquito (ovo e adulto) e para que, além de continuar servindo para o controle do Culex, outra espécie de mosquito passe a ser atraída para a armadilha: Aedes aegypti, o vetor do vírus dengue.

Os dados preliminares de dois estudos apontam para a efetividade dessa ferramenta. No teste piloto, realizado no arquipélago africano de Cabo Verde pela doutoranda em Biociências e Biotecnologia em Saúde, Morgana Xavier, foram coletados 27.400 ovos de Aedes e 420 mosquitos, dos quais 299 Culex e 121 Aedes. Isso apesar do trabalho ter transcorrido durante a estação seca, nos meses de julho e agosto do ano passado. “O resultado de Morgana foi alcançado num período em que a população de mosquitos não apresentava a sua maior densidade no ambiente, mostrando o quanto a armadilha é sensível em detectar sua presença”, esclarece pesquisadora Cláudia Fontes, que integra a equipe envolvida em diferentes trabalhos que avaliam o uso do dispositivo.

Em busca de parceria

Outro estudo, iniciado em agosto de 2014 no bairro de Sapucaia, em Olinda, já retirou do ambiente 78.719 ovos de Aedes e eliminou 754 mosquitos adultos, sendo 459 Culex e 295 Aedes. Esses números são parciais e levam em conta apenas as duas coletas iniciais, que são realizadas com periodicidade bimensal. Essa pesquisa prevê também o uso de outro instrumento, o aspirador de mosquitos, no bairro vizinho de Aguazinha, que ao final vai permitir a comparação entre áreas com e sem as BR-OVT adesivas.

A equipe procura a parceria de empresas para a produção da armadilha em maior escala, pois hoje o instrumento é produzido artesanalmente, a partir de pastas de arquivo, pelos próprios profissionais do Departamento de Entomologia. Assim o uso dessa ferramenta simples e barata poderá ser melhor disseminado. “A proposta é que esse instrumento possa se integrar ao plano de trabalho que já é executado rotineiramente pelos agentes de saúde dos municípios”, afirma Rosângela. As melhorias implementadas na armadilha original agregam uma grande vantagem a esses profissionais, pois a manutenção do equipamento passa a ser realizada com intervalos mais longos, a cada dois meses, e pode ser conciliada com a rotina de visitas dos agentes às residências.

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