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Estudo reforça a necessidade de vigilância ativa para a prevenção de doenças infecciosas

Alessandra Nava

05/02/2018

Por: Marlúcia Seixas (Fiocruz Amazônia)

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Mudanças climáticas, destruição de ecossistemas, desmatamento e urbanização contribuem para o aumento de várias doenças infecciosas como síndrome pulmonar de hantavírus, dengue, febre amarela, malária, tripanossomíases, leishmaniose e leptospirose no Brasil.

A afirmação é da pesquisadora Alessandra Nava, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Em artigo publicado recentemente, a pesquisadora conclui que “há evidências fortes de que algumas dessas mudanças ambientais se intensificarão no futuro próximo se as principais atividades antropogênicas não forem controladas”, o que hoje é preocupante, diante do aumento dos casos de febre amarela e de outras doenças.

No artigo publicado em 15/12/2017, no National Research Council, Institute of Laboratory Animal Resources (ILAR), Alessandra Nava e os pesquisadores Juliana Suieko Shimabukuro, Aleksei A. Chmura, e Sérgio Luiz Bessa Luz alertam para a necessidade de uma vigilância ativa na prevenção do aparecimento de doenças, especialmente focada em identificar possíveis áreas de risco, antes que estas possam tornar-se ameaça para a saúde humana e animal.

Para a pesquisadora, é necessário que se observe as ações antropogênicas em regiões-chaves que envolvem interações de populações humana, animais e vetores e que dessas interações possam resultar o surgimento de doenças emergentes e reemergentes. Esse cuidado deve estar inserido antes da tomada de decisões e da adoção de políticas públicas para construção de obras que possam alterar significativamente o ecossistema. “Com esses cuidados seria possível não só estabelecer um sistema de alerta precoce sobre prováveis surtos, bem como fazer a modelagem de propagação, análises e aplicação de medidas rápidas de controle ou mitigação”, reforça a pesquisadora.

Além disso, o artigo sugere que a mortalidade e morbidade humana e animal causada pelas doenças infecciosas emergentes só serão controladas quando for delineada uma abordagem holística e transdisciplinar que seja efetivamente implementada.

Brasil

No Brasil, a situação é crítica, especialmente dada a ocupação de espaços de florestas e o consequente desmatamento para urbanização, construção de hidrelétricas e expansão da fronteira agrícola, para a produção de alimentos e criação de animais em larga escala.

A consequência disso é que vírus antes identificados apenas em primatas e outros animais, agora estão mais perto de humanos. Acesse o artigo.

Sobre a pesquisadora

Alessandra Nava atua no ILMD/Fiocruz Amazônia, é doutora em Ciências em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade de Marília (Unimar), professora e pesquisadora em Epidemiologia e Saúde Pública, membro da Associação Internacional em Ecologia e Saúde IAEH e do grupo especialista em Taiassuídeos da IUCN e membro da Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do Oeste do Pará.

A pesquisadora atua principalmente nos seguintes temas: ecologia de doenças infecto contagiosas, doenças emergentes, saúde pública, medicina da conservação, epidemiologia, biologia da conservação e enfermidades infecciosas.

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