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Estudo mostra que aspiradores podem auxiliar no combate ao mosquito da dengue


27/06/2014

Por: Solange Argenta/ Fiocruz Pernambuco

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Os aspiradores de mosquitos podem ser uma ferramenta auxiliar no monitoramento do aedes aegypti, o transmissor da dengue? Um trabalho desenvolvido no mestrado profissional em Saúde Pública da Fiocruz Pernambuco aponta que sim. A autora, a bióloga e supervisora de vigilância entomológica do Centro de Vigilância Ambiental do Recife, Vânia Nunes, avaliou o uso desses aparelhos no monitoramento da densidade populacional do aedes, em áreas endêmicas do Recife. 

A pesquisa foi realizada no período de um ano, em duas áreas do bairro de Nova Descoberta, na Zona Norte da cidade. O local foi escolhido por possuir altos índices de infestação, com recorrentes notificações de casos da doença, e uma rede estruturada de ovitrampas (armadilhas, também desenvolvidas pela Fiocruz Pernambuco, para coleta de ovos de mosquito), implantada desde 2009. As duas áreas têm a mesma dimensão, 0,3 km2, porém na área 1 foram selecionados 50 imóveis e, na 2, um total de 25. A cada mês, as residências pesquisadas tiveram todos os cômodos aspirados durante 15 minutos, por três dias consecutivos, sempre no começo da manhã. No total, foram coletados 2.133 mosquitos aedes, sendo 1.230 fêmeas - as responsáveis pela transmissão da doença. Proporcionalmente, a área com menos imóveis apresentou maior infestação que a área com mais imóveis. Nesta última, foram realizadas 600 aspirações, sendo 284 (47%) positivas para A. aegypti, enquanto a área 2 recebeu 300 aspirações, com positividade em 180 (61%).  Embora não fossem objetos da pesquisa, a aspiração permitiu coletar também 11.564 exemplares de culex quinquefasciatus, mosquito de grande importância epidemiológica por ser o transmissor do parasita causador da filariose linfática.

Aspiradores usados estavam ociosos

Os números de mosquitos coletados revelam a importância do aspirador no controle das doenças causadas por esses vetores. No caso do aedes, a fêmea infectada permanece transmitindo o vírus da dengue ao longo de todo o seu ciclo de vida, que dura em torno de 45 dias. “Trata-se de um vetor complexo de controlar”, explica a orientadora do trabalho e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Cláudia Fontes. “São indivíduos muito estratégicos, com um poder de adaptação muito grande, que estão desafiando a nossa inteligência, em todos os aspectos. Cada nova técnica adotada no monitoramento ajuda a conhecer mais sobre o mosquito e na adoção de estratégias de controle”, afirmou.

A ideia de desenvolver essa pesquisa, no mestrado profissional, surgiu a partir da constatação que os aspiradores de mosquito recebidos pela Prefeitura do Recife, em 2007, para coleta do culex, ficavam ociosos por longos períodos. “Como não se trata de coleta contínua, esses equipamentos ficavam guardados. Daí a idéia de utilizá-los também para a captura do Aedes”, explicou Vânia. “O mestrado profissional traz para você esta responsabilidade, que o resultado final seja utilizado, se torne uma coisa útil”.

A partir desses dados, Vânia considerou bem sucedida a ideia de fomentar o aspirador como mais um instrumento de monitoramento, que atua na fase adulta do mosquito aedes. “Trata-se de uma ferramenta ambientalmente limpa, que pode vir a reduzir o uso dos inseticidas”, acredita a bióloga. “Em vigilância ambiental um só método não resolve. Se for possível acompanhar mais fases da vida do inseto é melhor”, ponderou.

Acesse também a edição completa do Informe Fiocruz Pernambuco.

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