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Cooperação em saúde entre países de língua portuguesa é tema de simpósio

Nísia Trindade, Paulo Buss e Manoel Lapão

30/10/2017

Por: Nathállia Gameiro (Fiocruz Brasília)

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“A cooperação técnica é capaz de produzir impactos na sociedade e modificar realidades”, com esta frase o diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), João Almino, iniciou sua fala durante o Simpósio Global e Diplomacia da Saúde. O evento, realizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), reuniu profissionais da área de saúde e de relações internacionais, ministras e ministros da Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e representantes, além de embaixadores de países da África no auditório da Fiocruz Brasília, nesta quarta-feira (25/10). 

O que o Brasil tem em comum com países africanos e Portugal, além da língua portuguesa? O clima, a fauna, flora e projetos de cooperação internacional. As ações realizadas pelo Brasil em países da comunidade de língua portuguesa foram apresentadas por João Almino. Entre elas estão a Rede de Banco de Leite Humano, que foi implementada em 23 países e já atendeu mais de 1 milhão de crianças, a criação da rede de escolas técnicas e a fábrica de medicamentos instalada em Moçambique, projetos que contam com a parceria da Fiocruz. De acordo com Almino, são mais de 600 projetos, que buscam promover o respeito e a proteção da dignidade da vida de cada ser humano, a melhoria das infraestruturas hospitalares e outras formas que visam a promoção, prevenção e assistência à saúde. Moçambique é onde o Brasil desenvolve mais projetos na área de cooperação técnica.

O diretor destacou que a cooperação internacional do Brasil existe porque conta com a parceria de cerca de 100 instituições brasileiras que detêm o conhecimento e transferem para o exterior. A coordenação das ações fica a cargo da ABC. João Almino destaca que já foi possível alcançar resultados importantes com a cooperação, como capacitar muitos trabalhadores e salvar vidas e espera que os laços que unem esses países possam continuar a ser fortalecidos. 

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, reforçou o compromisso da Fiocruz com a perspectiva de cooperação, que tem em vista o fortalecimento dos sistemas de saúde. “São temas fundamentais do ponto de vista da saúde dos nossos povos e também da ciência e tecnologia em saúde. A Fiocruz tem uma grande contribuição na relação intersetorial e no bem estar dos povos”, afirmou. De acordo com Nísia, a saúde é um tema que vem alcançando um maior protagonismo e estará presente nas ações da instituição, seja na educação, inovação e desenvolvimento de tecnologias. Nove estados integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), espalhados pelos quatro continentes. Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste (país na Ásia). “São membros que falam um idioma comum, mas estão separados por oceanos, com uma riqueza muito particular. Essa riqueza permite que eles se comuniquem em diferentes espaços e partilhem agendas que são comuns a todos nós. É essencial para a difusão de projetos, é uma grande responsabilidade em um setor diverso como a saúde”, ressaltou Manuel Lapão, diretor da Comunidade de Países da Língua Portuguesa. 

O diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, destacou o aumento da desigualdade social diante da situação crítica de crise econômica que atingiu todo o continente americano e africano. Ele explicou que a crise foi gerada pelo espaço central da economia global, que são os Estados Unidos e a Europa, com repercussão no mundo inteiro. “Esse fato nos faz pensar que temos uma obrigação de diagnosticar e acompanhar a trajetória da saúde das nossas populações face a essa situação crítica que tende a se aprofundar”, ressaltou Buss. Assim, para o pesquisador, a saúde ganha uma importância maior do que já tinha e a iniciativa do Ministério da Saúde e Ministério das Relações Exteriores de reativar o grupo de cooperação solidária com a Unasur e a CPLP se tornou essencial.

Durante a palestra, Paulo Buss apresentou o conceito de governança global, diplomacia em saúde e diplomacia da saúde, apontando os principais atores e temas abordados pelos profissionais da área. Os temas têm relação direta ou indireta com a saúde, entre eles a segurança alimentar, migração ilegal, conflitos violentos, tratados sobre investimentos estrangeiros, propriedade intelectual, medidas de austeridade nas crises econômicas e atividades empresariais transnacionais, questões que impactam a saúde da população. 

A mesa de discussões contou com contribuições do coordenador do Núcleo de Estudos sobre Bioética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz), José Paranaguá de Santana, do diretor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Nova Lisboa (IHMT), Paulo Ferrinho e do diretor da Comunidade de Países da Língua Portuguesa, Manuel Lapão, que falou sobre o Plano Estratégico de Cooperação em Saúde da CPLP. As palestras completas estão disponíveis na página da Fiocruz Brasília no Facebook e serão disponibilizadas no canal do Youtube em breve. 

Depois da rodada de palestras, foi realizado o lançamento dos livros Diplomacia em Saúde e Saúde Global: perspectivas latino-americanas, de autoria de Paulo Marchiori Buss e de Sebastián Tobar, publicado pela Editora Fiocruz, e 30 anos da ABC: Visões da cooperação técnica internacional brasileira, de autoria de João Almino e Sérgio Eduardo Moreira Lima, publicado pela editora Funag. 

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