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Comitiva de deputados realiza visita técnica a Bio-Manguinhos

Nisia Trindade e as deputadas Jandira, Benedita e Laura

25/08/2017

Por: André Costa (AFN) e Paulo Schueler (Bio-Manguinhos/Fiocruz)

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Deputados federais da Comissão de Seguridade Social e Família realizaram uma visita técnica ao campus da Fiocruz em Manguinhos, na última sexta-feira (18/8), para conhecer as instalações e processos de produção do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Os deputados tiraram dúvidas e ouviram explicações sobre a importância do Complexo Econômico e Industrial da Saúde (Ceis) para o desenvolvimento e a segurança sanitária do país. A comitiva foi composta por Alexandre Serfiotis (PMDB/RJ), Benedita da Silva (PT/RJ), Chico D'Angelo (PT/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ), Laura Carneiro (PMDB/RJ) e Odorico Monteiro (PSB/CE). 

A visita teve o objetivo de esclarecer questionamentos sobre a cooperação internacional com Cuba para a produção de alfaepoetina, o primeiro biofármaco sintetizado 100% no Brasil, indicado no tratamento da anemia associada à insuficiência renal crônica, incluindo os pacientes em diálise. Em maio, uma audiência pública realizada na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara debateu repasses de recursos para a compra da substância. Na ocasião, o então diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, realizou um convite para que congressistas conhecessem as instalações produtivas da substância, aceito pelos parlamentares. 

Em reunião no Castelo Mourisco no começo da visita, a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, afirmou que o convite foi feito como um esforço para esclarecer os parlamentares da importância estratégica da Fiocruz e dos laboratórios públicos de produção de fármacos para o Estado. A presidente se focou nas ações de produção da Fiocruz, assim como nos desafios enfrentados pela instituição.

“Do ponto de vista de ações finalísticas, nossa diretriz principal é reforçar nossa cadeia de inovação, estabelecendo índices mais sólidos nas áreas de pesquisa e de produção. Temos um papel muito relevante na área de vigilância, e oferecemos uma resposta importante à sociedade no caso da epidemia de zika”, disse Nísia. “Isso só foi possível porque a Fiocruz tem uma grande diversidade de ações, que nos permite agir de forma sinérgica. Só seremos instituição de Estado se o investimento nessas áreas for visto como um investimento no futuro. Nossa agenda é a da defesa da ciência e tecnologia como um todo”, afirmou.

A comitiva teve contato com equipes técnicas ligadas à produção de biofármacos e conheceu o Centro Henrique Penna, unidade de produção inaugurada no final de 2016. O diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma, listou ganhos que o empreendimento traz ao país. “Conseguimos elevar a capacidade de entrega de reativos para diagnóstico ao Ministério da Saúde”, disse. Além disso, Zuma afirmou que o empreendimento é conquista não apenas de Bio-Manguinhos, mas sim do Estado brasileiro, que passa a dispor de uma planta de protótipos com capacidade de escalonamento de lotes de medicamentos biológicos para estudos clínicos, em boas práticas laboratoriais (BPL), Boas Práticas de Fabricação (BPF) e biossegurança. 

A planta deve produzir também kits moleculares para zika, dengue e chikungunya e o kit NAT, que traz segurança transfusional ao país ao verificar a presença de vírus HIV e das hepatites B e C nas bolsas de sangue coletadas para doação. 

Produção de biofármacos

Os deputados conheceram também as duas plataformas tecnológicas de produção de biofármacos, incluídos os laboratórios e equipamentos onde é feita a produção de alfaepoetina. Os parlamentares tomaram ciência ainda do atual estágio de desenvolvimento do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), nova planta da Fiocruz a ser construída em Santa Cruz. “No novo centro de processamento final multiplicaremos por quatro nossa capacidade de entrega”, explicou Zuma.

Os deputados deixaram a visita impressionados com o que viram. Odorico Monteiro, que também é servidor da Fundação, afirmou que a instituição é estratégica para a ciência e a tecnologia nacionais. “A Fiocruz deve ser sempre entendida como instituição de Estado, que ultrapassa questões de governo. Temos que desenvolver nosso complexo produtivo da saúde, onde hoje temos nossa maior dependência externa”, disse. “Precisamos também levar em consideração a importância dos biofármacos hoje para o futuro da saúde. É um projeto de Estado, estratégico”.

Deputados conheceram também as duas plataformas tecnológicas de produção de biofármacos (Foto: Peter Iliciev)

Jandira Feghali deu declaração em tônica parecida ao deputado. “Cada vez que piso na Fiocruz fico mais convencida do papel estratégico dessa instituição. Precisamos blindá-la de momentos conjunturais. Tenho muita preocupação que a mudança política no ministério esvazie instituições públicas e fortaleça instituições privadas. Nesse momento, vamos sair daqui com visão mais clara dessa instituição”, afirmou, acrescentando desejar que os presidentes da Câmara e do Senado também conheçam as instalações da Fundação, para ter melhor ideia de sua função.

A posição da deputada foi endossada por Laura Carneiro, que afirmou que “todo o Congresso Nacional deveria fazer essa visita”. “A planta que vimos aqui é uma coisa especialíssima. É importante que o Ministério da Saúde utilize essa planta da melhor maneira, para avançar o desenvolvimento nacional e, que de alguma maneira, tenhamos os produtos desenvolvidos pelos órgãos públicos”.

Benedita da Silva, por sua vez, destacou a “importante visita”. “Saímos com a responsabilidade de interagir com outras comissões, principalmente a de Finanças. Temos também que levar esta mensagem ao Ministério da Saúde, demonstrando a capacidade que a Fiocruz tem. Precisamos de mais recursos, para que a planta em Santa Cruz vá adiante”. 

Chico D’Angelo, por fim, disse que “a visita tem importância muito grande porque há desconhecimento de setores do congresso da importância da Fiocruz como um todo para o país. Na verdade, isso aqui é uma política de Estado, não de governo, inserida no SUS. O ideal é que todos os parlamentares, todos os 513 e senadores, viessem aqui para ver. Isso aqui é um orgulho do país. Há uma parcela grande de pessoas que opinam sobre Fiocruz com desconhecimento profundo do que ela representa para o Brasil”. 

A reportagem não conseguiu falar com Alexandre Serfiotis. Os deputados comprometeram-se a produzir um relatório contando o que viram na visita, a ser entregue à Comissão de Fiscalização e Controle. A Fiocruz aguarda o reagendamento da visita da Câmara, atendendo ao requerimento realizado na audiência pública.

 

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