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Estímulos podem contribuir para a reversão de dano cognitivo causado pela malária

O efeito de estímulos imunes na manutenção da função neurocognitiva, que pode ser afetada pela infecção por malária, foi o alvo de novo estudo conduzido pelo Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Em artigo publicado na revista Scientifc Reports [1], os autores relatam que o estímulo da resposta imune com uma combinação de imunógenos referenciados como promotores de resposta imune do tipo 2 aumentou a memória de reconhecimento de longa duração de camundongos adultos jovens saudáveis e reverteu o comprometimento neurocognitivo causado pela infecção experimental com o parasito causador da malária murina Plasmodium berghei ANKA.

“Considerando que os sistemas imune e nervoso são cognitivos e interagem entre si e que a malária, sobretudo na sua forma cerebral, pode causar comprometimento cognitivo em humanos e no modelo experimental, nós trabalhamos com a possibilidade de que as performances cognitivas poderiam ser aprimoradas através de estímulos imunes promotores da cognição”, destaca Luciana Pereira de Sousa, pós-doutoranda que divide a primeira autoria do artigo com a pesquisadora Flávia Lima Ribeiro-Gomes, ambas do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC, liderado por Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro.

O modelo experimental empregado no trabalho é o mais comumente utilizado para o estudo da malária cerebral, tendo sido os animais, entretanto, tratados antes do surgimento de qualquer manifestação clínica de comprometimento cerebral. “Da forma como o usamos, esse modelo simula o cenário de malária humana mais prevalente no mundo, a causada pelo Plasmodium falciparum, que pode resultar em malária cerebral, a forma mais grave da doença, que é, entretanto, prevenida no modelo de laboratório, pelo tratamento na fase inicial da doença”, explica Cáudio Ribeiro.

Para avaliar a hipótese, camundongos foram divididos em quatro grupos: saudáveis sem estimulação do sistema imune; saudáveis com estimulação; infectados com P. berghei ANKA, tratados e sem estimulação; e infectados com P. berghei ANKA, tratados e imunoestimulados. A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (Ceua-IOC) e seguiu todos os procedimentos éticos para saúde e bem-estar dos animais.

Após a realização dos protocolos de infecção, tratamento e imunização, todos os grupos experimentais e controle foram submetidos a estudos imunológicos e a uma série de tarefas de comportamento, nas quais foram analisadas a capacidade locomotora, a memória de reconhecimento de objeto novo e o comportamento do tipo ansioso. Os resultados apontam que os camundongos saudáveis que tiveram o sistema imune estimulado, quando comparados aos camundongos do grupo controle (saudáveis e não estimulados), apresentaram melhor desempenho na tarefa de reconhecimento de objeto. Já os camundongos que tiveram um episódio de malária não grave e passaram pelo mesmo processo de estimulação imune apresentaram reversão do déficit neurocognitivo e da ansiedade causados pela malária.

“O estudo evidencia que estímulos imunes de um determinado tipo podem ser benéficos para a memória de reconhecimento com potencial no tratamento adjuvante de sequelas neurocognitivas de doenças infecciosas, como a malária, e, eventualmente, de doenças crônico-degenerativas, e até na atenuação dos efeitos naturais do envelhecimento”, conclui o grupo.

O trabalho foi realizado em conjunto com neurocientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de Ouro Preto e colaboradores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O estudo deriva de outro realizado em 2018, publicado na revista Parasite & Vectors [2], sobre os efeitos a longo prazo da malária no comportamento, com o mesmo modelo experimental aplicado ao estudo atual. Na época, não havia relatos de comprometimento da memória e ansiedade em modelos experimentais tradicionais de malária não grave. O emprego do modelo na forma em que vem sendo feito pelo grupo do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC deu aos autores a possibilidade de estudar o efeito dos estímulos imunes em sequelas neurocognitivas de uma doença infecciosa, além de na homeostase.

Nas próximas etapas, o grupo vai estudar os mecanismos imunes e cerebrais que justificam os achados dos estudos conduzidos até o momento.

 

Projeto em malária do IOC é contemplado pelo edital ‘Grand Challenges Explorations' [3]
Fiocruz Minas ganha o Inova Labs por Programa FreeMallaria [4]
Crédito: 
Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)
Editoria: 
Pesquisa [5]
Publicações [6]
Saúde do cidadão [7]
Doença(s) relacionada(s): 
Doenças infecciosas [8]
Malária [9]
Unidade: 
Instituto Oswaldo Cruz (IOC) [10]
Testeira 120 anos?: 
Não
É importada?: 
Não
Fonte: 
Agência Fiocruz de Notícias [11]
Data orignal: 
quinta-feira, 26 Agosto, 2021 - 13:54
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Links
[1] https://www.nature.com/articles/s41598-021-94167-8 [2] https://parasitesandvectors.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13071-018-2778-8 [3] https://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-em-malaria-do-ioc-e-contemplado-pelo-edital-grand-challenges-explorations [4] https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-minas-ganha-o-inova-labs-por-programa-freemallaria [5] https://portal.fiocruz.br/noticias-editorias/pesquisa [6] https://portal.fiocruz.br/noticias-editorias/publicacoes [7] https://portal.fiocruz.br/noticias-editorias/saude-do-cidadao [8] https://portal.fiocruz.br/taxonomia-geral-6-doencas/doencas-infecciosas [9] https://portal.fiocruz.br/doenca/malaria [10] https://portal.fiocruz.br/cursos-unidades/instituto-oswaldo-cruz-ioc [11] https://portal.fiocruz.br/conteudo-noticias-fontes/agencia-fiocruz-de-noticias