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Projeto da Fiocruz contribui para o aumento da cobertura vacinal na Paraíba e no Amapá


11/04/2023

Fundação Oswaldo Cruz

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Após intenso trabalho de campo do projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV) junto ao poder público e ampla rede de mobilização social, Paraíba e Amapá foram as primeiras unidades da Federação a alcançarem a meta de 95% de crianças vacinadas contra a poliomielite (VIP) na última campanha nacional. Os resultados obtidos em pouco mais de um ano das ações do projeto nos dois estados foram publicados na revista científica Cadernos de Saúde Pública.


No Brasil, a queda da cobertura vacinal teve início em 2012, acentuando-se a partir de 2016, e sendo agravada pela pandemia de Covid-19 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)  

O declínio global das coberturas vacinais levou a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, a definir a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças mundiais à saúde pública. No Brasil, a queda da cobertura vacinal teve início em 2012, acentuando-se a partir de 2016, e sendo agravada pela pandemia de Covid-19. Diante deste preocupante cenário e da possibilidade de reintrodução de doenças imunopreveníveis, a Fiocruz lançou o projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), unindo esforços para consolidar uma rede interinstitucional pública e privada com profissionais de saúde que atuam na ponta do sistema de vacinação.  

Como piloto para a implementação desta estratégia, caracterizada pela intensa mobilização social, foram escolhidos os estados do Amapá e da Paraíba, ambos com baixas coberturas vacinais. O primeiro, por ser o estado com maior número de casos de sarampo e, o segundo, em função da ampla rede de colaboração pré-existente com instituições paraibanas para a realização de estudos clínicos.

Em 2021, a cobertura vacinal da poliomielite (VIP) em crianças menores de 1 ano de idade no Brasil foi 69,9%, tendo o Amapá ficado em último lugar, com 44,2%, e a Paraíba na 18ª posição entre as 27 unidades federativas, com 68,4%. Em 2020, quando a cobertura do país foi de 76,2%, o Amapá também ocupava o último lugar, com 42%, e a Paraíba, a 16ª posição, com 72,7%. Em dezembro de 2022, após a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite, a cobertura vacinal contra doença, em crianças menores de 5 anos de idade no Brasil, atingiu 72,57%; e apenas os dois estados, onde havia atuação do PRCV, superaram a meta de 95%: a Paraíba como primeiro colocado, e o Amapá em segundo lugar. 

Na Paraíba, o trabalho resultou em uma alta taxa de homogeneidade de 91,03%. Apenas 20 dos 223 municípios do Estado da Paraíba não alcançaram cobertura vacinal adequada da pólio, demonstrando alta eficiência da estratégia do PRCV adotada pela Coordenação Estadual de Imunizações da Paraíba. “Os resultados já alcançados permitem afirmar que é possível conseguir a reversão das baixas coberturas vacinais, a partir da articulação de ações estruturais e interinstitucionais, com o fortalecimento das políticas públicas e desenvolvimento de medidas de curto, médio e longo prazos”, avalia o assessor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), coordenador do projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais e autor principal do artigo, Akira Homma. A iniciativa é coordenada por Bio-Manguinhos, em parceria com o Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis (substituindo o antigo Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O PRCV

O projeto é organizado em três eixos temáticos com atuação compartilhada e ações específicas: vacinação; sistemas de informação; comunicação e educação. O primeiro deles conta com gestores, especialistas e profissionais da saúde para qualificar equipes, melhorar a infraestrutura das salas de vacina e garantir que toda a população tenha acesso às vacinas e seja vacinada. O segundo trata dos sistemas de informação do SUS para gestão de dados de vacinação, de forma a elaborar propostas para otimizar e integrar as bases de dados e sistemas antigos que permanecem em operação nas diferentes esferas. O terceiro e último eixo se debruça na comunicação e educação com o propósito de dialogar com a população nos territórios e articular com o poder público, instituições, organizações sociais e lideranças comunitárias uma grande rede de incentivo à vacinação.

“O Brasil sempre foi referência no campo da vacinação e vem enfrentando um cenário difícil com a queda da cobertura e a formação de uma população desprotegida. O projeto surgiu da necessidade de colocarmos a mão na massa, trabalhando o sistema na ponta, a partir de uma rede”, explica a coordenadora da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos e do projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, Lurdinha Maia.

Os fatores mais potentes do PRCV são sua abordagem junto aos profissionais da ponta, o pacto social pela vacinação, e a estruturação de redes locais de apoio às imunizações. A ação integrada e compartilhada de trabalhadores de saúde, gestores de diferentes esferas, instituições formadoras, das instâncias de controle social do SUS e da sociedade civil como um todo é que pode tirar o país da rota que leva ao desastre anunciado e fazer com que, de modo sustentável, as altas coberturas vacinais sejam reconquistadas.

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