Fiocruz

Fundação Oswaldo Cruz uma instituição a serviço da vida

Início do conteúdo

Ciclo de Debates discute saúde, ambiente e sustentabilidade


30/05/2018

Júlia Dias (Agência Fiocruz de Notícias)

Compartilhar:

Os múltiplos olhares sobre o ambiente foi tema do 1º Ciclo de Debates de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade, que aconteceu no dia 28 de maio, no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), em Manguinhos, no Rio de Janeiro, como parte da comemoração dos 118 anos da Fiocruz. No evento, os olhares da ciência, da arte, da filosofia e da Fiocruz sobre o tema foram apresentados.

“É importante inserir o ambiente não só no debate da Fiocruz – no qual já está presente – mas na saúde como um todo”, reforçou Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, que participou da mesa de abertura. O pioneirismo da instituição na interface entre saúde e meio ambiente também foi lembrado por Guilherme Franco Netto, especialista em saúde, ambiente e sustentabilidade da vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz. “O Centro de Estudos do Trabalho e Ecologia Humana [Cesteh] foi criado em 1986, ou seja, seis anos antes da ECO 92”, lembrou.

Franco Netto também destacou a abrangência e interdisciplinaridade com que se busca abordar o assunto, demonstrada pela multiplicidade de olhares presentes na mesa. Para ele, a Fiocruz deve usar seu pioneirismo para continuar intervindo junto a sociedade, como sempre fez, mas também para ir além, posicionando-se sobre temas como a agroecologia e a água como um bem comum. 

Múltiplos olhares sobre o ambiente

A água como matéria de vida e matéria de arte foi o foco da apresentação da artista visual Claudia Tavares, que representou o olhar da arte sobre o ambiente. Tavares apresentou sua obra Um jardim na floresta, que discute a abundância e a escassez de água em diferentes regiões do Brasil, e também comentou algumas outras obras e artistas que trazem esse tema. “A questão ambiental é uma questão atual, portanto é também uma questão da arte”, afirmou.

O geógrafo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Carlos Walter Pinto apresentou “os muitos olhares da ciência sobre o ambiente”, lembrando que existem muitas epistemologias e que todas elas possuem uma história e uma visão de mundo. Para ele, a ciência que pensa a dominação da natureza precisa ser questionada, pois ela coloca em risco tanto o homem quanto a natureza. “A crise de paradigma é a crise dessa sociedade. E a questão ambiental a resume melhor que qualquer outra, até porque põe em cheque a divisão homem e natureza, ciências sociais e naturais”, destacou.

O olhar da filosofia sobre o ambiente foi apresentado por Auterives Maciel Junior, professor da PUC-Rio. Partindo da ética de Espinoza, ele propôs levar a saúde e o ambiente para o campo dos afetos, que é oposto ao individualismo: “cuidando dos afetos, cuidamos do outro, da nossa morada, das relações e do mundo”, explicou. Para ele, arte, ciência e filosofia precisam resistir ao poder, e resistir com alegria, conforme propõe Espinoza. 

Série temática

O Ciclo de Debates Saúde, Ambiente e Sustentabilidade será realizado em caráter continuado. Após o primeiro evento no Rio de Janeiro, estão previstos debates em espaços nas outras quatro regiões do Brasil: Nordeste, Sul, Centro Oeste e Norte, sempre com a participação das unidades regionais da Fundação.

Além disso, será lançada uma série temática para discutir sete assuntos relacionados a ambiente, a aspectos históricos no desenvolvimento do campo de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade, e à trajetória da Fiocruz. A Coleção de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Série Fiocruz – Documentos Institucionais será composta pelos volumes: Agrotóxicos e Saúde; Biodiversidade e Saúde; Clima, Saúde e Cidadania; Grandes empreendimentos e impactos à saúde; Saúde dos Povos e Populações do Campo, da Floresta e das Águas; Saúde do Trabalhador; e Saneamento e Saúde.

Voltar ao topoVoltar