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Simpósio de Pesquisa e Inovação: cobertura especial


30/03/2017

Comunicação/Instituto Oswaldo Cruz / Fotos: Gutemberg Brito

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O segundo dia de atividades do III Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em 28/03, foi marcado por discussões em torno dos desafios relativos ao financiamento da produção científica no Brasil. O tema foi alvo das apresentações de Jerson Lima e Silva, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e Rodrigo Correa-Oliveira, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz (VPPCB/Fiocruz). A programação contou, ainda, com a palestra ‘Interface pesquisa/inovação: uma vacina para esquistossomose’, ministrada por Miriam Tendler, pesquisadora do Laboratório de Esquistossomose Experimental do Instituto. Os temas ‘Desenvolvimento científico e Política de Acesso Aberto à Informação’ e ‘Pesquisa e Serviço de Referência: Como é este binômio?’ também deram tônica ao penúltimo dia de evento.

Agências financiadoras em foco

Principais provedoras da produção científica brasileira, as agências de fomento à pesquisa e inovação vêm sofrendo os efeitos da situação política e econômica do país. Segundo o diretor científico da Faperj, Jerson Lima, o que vinha num ritmo promissor desde 2003, há três anos passou a sofrer uma queda vertiginosa. "De 2006 a 2014, a Faperj viveu anos de ouro com o aumento da receita do Estado e o cumprimento do repasse de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para Ciência e Tecnologia. No último triênio, o número de editais lançados diminuiu gradativamente devido à recessão financeira do Estado. Este ano, por exemplo, se a situação político-econômica não melhorar, a perspectiva de lançamento de algum edital é pequena", enfatizou Jerson, contrapondo que, apesar da crise, a ciência brasileira cresceu bastante nas últimas três décadas. "No período de 1980 a 2010, houve um crescimento relevante da produção científica no país e no mundo. Isso se deu, em grande parte, graças ao aumento do número de pós-graduações, que, nos últimos 12 anos, passou por uma evolução histórica de 209%", disse.

Jerson ressaltou que o oferecimento de condições efetivas para a produção científica no Brasil garante o desenvolvimento econômico da nação e incentiva o processo inovador nos laboratórios de pesquisa. "Se você acha que a pesquisa é cara, tente a doença. Esta foi a frase que a ativista Mary Lasker disse ao então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, quando o mesmo decidiu diminuir a verba para ciência e tecnologia. Acho que podemos repeti-la para os nossos governantes”, finalizou. Mary teve um papel relevante no rápido crescimento da pesquisa biomédica nos Estados Unidos, no pós Segunda Guerra Mundial.

Sustentabilidade à pesquisa na Fiocruz

Em sua apresentação, o pesquisador Rodrigo Correa-Oliveira destacou as quatro áreas de atuação da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz: geração e difusão do conhecimento de excelência; pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico; aprimoramento das redes de plataformas; e ações estratégicas de pesquisa translacional. Ele também contextualizou o atual cenário de CT&I na instituição e apresentou as propostas da Fundação para incentivar e alavancar a inovação nos laboratórios de pesquisa. “Os projetos precisam de integração com a cadeia de inovação, que, por sua vez, necessita estar relacionada à interação entre os envolvidos, seja no contexto institucional, regional, nacional ou internacional”, comentou.

Sobre a sustentabilidade à pesquisa e os desafios da inovação no cenário científico, Oliveira ressaltou que o principal problema enfrentado pela Vice-Presidência ainda está atrelado ao pouco entendimento do papel da ciência no desenvolvimento econômico e social de um país. “A baixa cultura institucional para o compartilhamento, interações e parcerias, a pouca cooperação com a indústria e a falta de avaliação dos programas de pesquisa estão entre os principais gargalos da inovação na Fiocruz”, elencou.

Segundo Rodrigo, a proposta para a sustentabilidade da cadeia de inovação na instituição gira em torno da otimização e racionalização do uso dos equipamentos de pesquisa; da cooperação com outras instituições e setores da sociedade civil; da agilidade e qualidade na gestão dos recursos; e dos mecanismos de avaliação dos projetos mais relevantes e produtivos. “Está inserido nesta proposta o mapeamento dos projetos que possuem caráter inovador em nossa instituição. É um processo interessante, que reforça a cultura da inovação a partir do laboratório”, completou.

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