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Saúde global: livro lançado pela Fiocruz busca despertar vocações para o campo


03/02/2017

Fonte: Editora Fiocruz

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Pautada por valores como ética, justiça e solidariedade, a saúde global é um campo de estudos que não só tem atraído cada vez mais atenção de instituições, como ainda tem um grande potencial de crescimento. Despertar interesse e vocações de estudantes e pesquisadores para este fascinante campo é um dos objetivos do livro Saúde Global: olhares do presente, novo volume da coleção Temas em Saúde. De maneira compacta e de fácil comunicação, a autora Helena Ribeiro, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, traz as bases formadoras da saúde global, seus conceitos, definições e algumas linhas de pesquisa de maior realce na atualidade.

O contexto do surgimento do campo de estudos da saúde global e algumas definições do termo concebidas por diferentes autores são alvo do primeiro capítulo. “Países e instituições adotam concepções de acordo com sua visão de mundo, seus interesses e mesmo suas capacidades de trabalho. No entanto, interesses corporativos, nacionalistas, financeiros e mesmo religiosos podem se apropriar do discurso da saúde global para sua própria defesa”, explica Helena Ribeiro. “Dessa forma, argumenta-se a favor de compromisso com todos no mundo, em relações não assimétricas, em que o conhecimento e a cultura de todos os povos tenham contribuições válidas, que possam se somar na construção da saúde global, como ciência emergente”, defende a autora. “A melhoria dos sistemas de saúde das nações mais pobres, e não o mero auxílio pontual de países ricos para combate a algumas epidemias, é crucial para atingir maior segurança sanitária, alimentação adequada e bem-estar global”, destaca também.

O livro não compreende a saúde apenas como o acesso a serviços, “mas inclui também a promoção do bem-estar, das condições de trabalhar, ter autonomia e amar”. Entre os temas de que trata a saúde global estão os determinantes sociais e ambientais da saúde; a equidade em saúde e a justiça social; a globalização da saúde e da força de trabalho em saúde; e a saúde como direito humano e recurso para o desenvolvimento.

“Em todas as sociedades, verifica-se uma explosão da carga de doenças, com custos sociais e financeiros elevadíssimos”, afirma Helena Ribeiro. Segundo a autora, esse quadro requer ações de saúde associadas a outros setores, com o envolvimento de profissionais de diferentes disciplinas, como direito, agricultura, meio ambiente, engenharia, diplomacia, sociologia, antropologia, geografia e comunicação, e com a participação da própria sociedade.

As respostas às novas realidades e aos novos desafios no âmbito da saúde exigem pesquisas e ações interdisciplinares, bem como parcerias nacionais e internacionais, que levem em conta a relação do local com o global. “Todos os processos que compõem a saúde global na atualidade são muito dinâmicos no tempo e no espaço. As migrações, os ecossistemas naturais e modificados, as doenças infecciosas e crônicas, a violência e os hábitos de vida estão em constante evolução e mudança, fortemente influenciados pela crescente internacionalização das economias e culturas”, lembra Helena Ribeiro.

A globalização, ainda segundo a autora, não diminui a importância dos Estados nacionais, mas estende o alcance dos países a novas arenas políticas e acaba por reforçar o poder que por eles pode ser exercido. Nesse cenário – e considerando a emergência de epidemias de doenças crônicas relacionadas ao aumento do consumo de fumo, álcool, alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e medicamentos –, destaca-se a necessidade de regulamentações nacionais e internacionais que se contraponham aos enormes interesses comerciais de grandes empresas.

As doenças não transmissíveis e seus determinantes sociais são discutidos em um dos capítulos, enquanto outro analisa a questão das doenças infecciosas, as quais, mesmo após décadas de ações de controle, ainda são relevantes e urgentes no âmbito mundial. Entre os assuntos em destaque no livro também estão a saúde ambiental global e a dinâmica demográfica, associada ao consumo de recursos naturais e à distribuição de riquezas.

“A ida e vinda de profissionais e de migrantes, em geral, é um dos pontos mais importantes para as discussões e os acordos em saúde global, no âmbito da diplomacia em saúde”, lembra Helena Ribeiro. E, conforme demonstra a autora, a solução de alguns problemas socioambientais e de saúde “só se dará por ações conjuntas e acordos de diferentes países, o que corresponde ao que a saúde global se propõe como campo teórico e prático”.

Outras informações sobre o livro podem ser obtidas na página da Editora Fiocruz.

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