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Linhagem africana do vírus HTLV-1 é identificada no Brasil


14/01/2013

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Por: Isadora Marinho / IOC / Fiocruz

Ainda não há tratamento específico para as doenças associadas ao vírus linfotrópico da célula humana tipo 1 (HTLV-1), virose que pode ser transmitida sexualmente, de mãe para filho ou pelo sangue. Estima-se que, no mundo, entre 15 e 20 milhões de pessoas sejam portadoras – calcula-se que até três milhões delas estejam no Brasil. Em estudo inédito publicado no Journal of Virology, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) fazem um alerta: o subtipo 1b, uma linhagem até então restrita a países da África Central, acaba de ser identificada em nosso país.

O vírus foi encontrado no Rio de Janeiro pela equipe do Laboratório de Genética Molecular de Microorganismos do IOC em parceria com o laboratório Sérgio Franco Medicina Diagnóstica. O estudo também revelou, pela primeira vez, o genoma completo desta linhagem.

“O fato de termos identificado uma linhagem da África Central mostra que a disseminação do vírus está em progresso e a nível global”, explica a chefe do laboratório, Ana Carolina Vicente. O Brasil tem motivos para se preocupar. Ainda de acordo com a especialista, desde 1992 estima-se que o país tenha o maior número absoluto de infectados do mundo. Apesar de apenas 5% dos pacientes desenvolverem doenças, ainda não há tratamento específico para estes agravos – ao contrário do que acontece com o HIV-1, que também é um retrovírus. Dentre os quadros clínicos mais graves, estão a leucemia de células T e a mielopatia associada ao HTLV-1, também conhecida como paraparesia espástica tropical.

Ainda de acordo com Ana Carolina, a maioria dos portadores costuma descobrir a infecção quando doa sangue, pois desde 1990 é obrigatória a realização de triagem sorológica para HTLV nos voluntários. No entanto, a especialista defende que a vigilância epidemiológica do vírus ainda precisa ser aperfeiçoada. “A comunidade científica vem lutando para que o teste seja incorporado no protocolo de atendimento a gestantes, pois uma das principais formas de transmissão do vírus é de mãe para filho e, principalmente, pela amamentação, o que poderia ser facilmente controlado”, conta.

A sequência completa do HTLV-1b SF26 foi depositada no banco de dados mundial GenBank. São conhecidos sete subtipos genéticos do HTLV-1 (a-g), mas apenas o 1a, mais recorrente e conhecido como Cosmopolita, e o 1c, chamado de Melanésio, já haviam sido revelados. O mapeamento do genoma teve financiamento do edital ‘SUS/Faperj para o diagnóstico molecular de doenças infecciosas’, que também envolve pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). O Centro Nacional de Referência para Paraparesia Espástica Tropical do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) também é parceiro em projetos sobre HTLV desenvolvidos pela equipe liderada por Ana Carolina.

“O fato de termos identificado uma linhagem da África Central mostra que a disseminção do vírus está em progresso e a nível global”, explica a chefe do laboratório, Ana Carolina Vicente

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