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Fiocruz Amazônia desenvolve método que utiliza o próprio mosquito da dengue no controle da doença


24/11/2015

Fiocruz Amazônia

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Principal transmissor do vírus da dengue, o mosquito Aedes aegypti pode ser usado para combater a doença. A descoberta faz parte de um projeto inovador de pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e do Instituto Rene Rachou (IRR/Fiocruz Minas) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que desenvolveram um método no qual os próprios mosquitos são usados para disseminar inseticida em criadouros.

O teste em campo foi feito no município de Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus) por uma equipe composta por técnicos, uma pesquisadora e agentes de saúde locais. O grupo visitou a casa da aposentada Maria Santos,65, e a orientou que deixasse no quintal baldes com um pouco de água e inseticida para o combate ao mosquito.

Com baldes com um pouco de água e suas paredes internas cobertas de um pano preto aveludado, no qual é aplicado o larvicida pyriproxyfen triturado até a consistência de um pó, a armadilha permite que as fêmeas sejam atraídas até o recipiente. Dessa forma, ao pousarem na armadilha, os mosquitos ficam impregnados com inseticida que acaba sendo levado por eles para outros criadouros, aumentando o combate às larvas.

Um dos pesquisadores do projeto, o diretor do ILMD/Fiocruz Amazônia, Sérgio Luz, explicou que o método é importante, pois há muitos criadouros que ficam em locais fechados, escondidos ou inacessíveis.

“Um dos problemas mais importantes e difíceis de resolver no controle dos mosquitos vetores da dengue e outras doenças (como a febre Chikungunya e Zica) é que muitos dos criadouros dos mosquitos não são tratados durante as ações de controle, por conta do difícil acesso ou por não conseguirem ser identificados. Os agentes de controle simplesmente não podem tratar esses criadouros, que continuam a produzir mosquitos. O nosso trabalho mostra que os próprios mosquitos podem tratar muitos desses criadouros”, disse.

Antes do projeto, que começou sua fase inicial de estudo básico em novembro de 2013, os criadouros positivos de larvas nas casas de Manacapuru eram presentes em 98% das residências. Até outubro deste ano, a equipe registrou apenas 2% de casas positivas.

As notificações das doenças no município, segundo o subgerente de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Mário Fernandes da Silva, em 2015, foram 79.  No ano passado, o número chegou a 200.

Conforme Sérgio Luz, após a utilização das armadilhas disseminadoras, o trabalho de monitoramento dos mosquitos continua. “Este trabalho indica qual(is) localidade(s) que aparece(m) mosquitos. Assim, é possível fazer o bloqueio utilizando armadilhas disseminadoras de inseticida, apenas nas áreas positivas, pelo próprio serviço e agentes de endemias e controle. Tivemos uma baixa populacional de mosquitos bem representativa, onde caiu de mais de 1,5 mil por mês, para menos de 50. Com isso fica quase impossível ter transmissão epidêmica do vírus”, explicou o pesquisador.

Além do diretor do ILMD/Fiocruz Amazônia, o projeto também conta com as participações dos pesquisadores Dr.Fernando Abad-Franch (IRR), Elvira Zamora e os técnicos de campo, Ricardo Mota e Sebastião Dias, ambos do ILMD.

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