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Estudo da Fiocruz Paraná sobre vesículas extracelulares é destaque internacional


20/04/2015

Renata Fontoura / Ascom Fiocruz Paraná

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O Instituto Carlos Chagas (ICC/ Fiocruz Paraná) vem ganhando destaque em uma área de investigação relativamente nova para a comunidade científica. No mês de abril, os resultados de uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores do ICC serão apresentados no ISEV 2015 Annual Meeting, o mais importante evento científico sobre o estudo de vesículas extracelulares (VE), que acontece entre os dias 23 e 26, no Estados Unidos. O trabalho descreveu e caracterizou, pela primeira vez no Brasil, o ácido ribonucleico (RNA, na sigla em inglês) em moléculas de VE produzidas por fungos.

“Hoje, já sabemos que essas microvesículas, liberadas por todo tipo de células e em grande quantidade, possuem uma função importante e podem ser determinantes para vários processos biológicos, incluindo a comunicação celular e o desenvolvimento de infecções e doenças”, ressalta a pesquisadora do Laboratório de Regulação de Expressão Gênica do ICC, Lysangela Alves, que desenvolveu o estudo junto com pesquisador do ICC e diretor da unidade, Samuel Goldenberg, e em parceria com um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo Lysangela, que apresenta os resultados no evento dos EUA no próximo dia 25, os primeiros estudos nessa área são de 1979. “Naquela época, foi constatado a liberação das VE pelas células, mas se acreditava que elas eram irrelevantes para o organismo. Só em 2007, depois de uma longa investigação do médico sueco Jan Lötvall, é que as pesquisas ganharam força e hoje existem vários grupos que se dedicam a elas”, esclarece.

De acordo com ela, a caracterização do RNA em fungos pode significar avanços significativos. “Mostrar que há RNA de diferentes tipos nessas vesículas trará uma maior compreensão da comunicação que se dá entre as células, já que o RNA mensageiro bem como RNAs não codificadores são responsáveis por diferentes respostas”, explica Lysangela. Os resultados estão registrados em artigo científico publicado pela revista Scientific Reports na edição de janeiro de 2015.

No ICC, o trabalho iniciado em 2011 já rendeu frutos importantes e pode abrir as portas para a investigação do papel das vesículas extracelulares em áreas onde o Instituto possui expertise, incluindo pesquisas relacionadas as células-tronco, Trypanosoma cruzi e ao vírus da dengue, por exemplo. “Em 2013, nosso grupo teve contato com Jan Lötvall em um congresso e ele pôde conhecer o estudo desenvolvido com as vesículas na área de dengue pela aluna do ICC e minha orientanda, Sharon Toledo Martins. Hoje, ela faz seu doutorado sanduíche no laboratório de Lötvall na Suíça. Além da possibilidade dessas cooperações científicas, já estamos ampliando as pesquisas com o objetivo descobrir o potencial dessas vesículas como marcadores de diagnóstico”, conta Lysangela. O próximo passo é criar uma rede de discussão entre os pesquisadores que atuam nessa área no país. “A ideia é diversificar as pesquisas, trocar experiências e informações entre os grupos que estão atuando no Brasil”, finaliza a pesquisadora do ICC.

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