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Em entrevista, o pesquisador Issac Roitman (UnB) analisa desafios e rumos para a educação


10/08/2015

Fonte: Renata Moehlecke/CCS

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Com a finalidade de promover a discussão sobre perspectivas e novas visões acerca da educação na sociedade contemporânea, colocando em foco diretrizes e projetos educacionais inovadores, a Fiocruz realizou, de 25 a 27 de agosto, o Seminário Educação, Saúde e Sociedade do Futuro. No dia 26, às 14h, o evento contou com a mesa-redonda Como formar profissionais para a ciência comprometidos com a qualidade, o pensamento crítico e a inovação

Um dos conferencistas presentes ao debate foi o pesquisador Issac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro (n.Futuros/CEAM/UnB), presidente do Comitê Editorial da Revista Darcy/UnB e membro titular de Academia Brasileira de Ciências. Também participaram da mesa-redonda os pesquisadores Roberto Lent, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Kenneth Rochel de Camargo Jr., professor adjunto do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj).

Em breve entrevista, o pesquisador Isaac Roitman adiantou alguns dos aspectos de sua palestra, intitulada Educação: para onde vamos?.

CCS - Quais são os principais acertos e problemas enfrentados na educação contemporânea em ciências?

Isaac Roitman - O ensino de ciências e de outros domínios (a língua materna, o raciocínio científico, formação cidadã, etc.) tem sido precário e de baixa qualidade. A sala de aula clássica, que era legítima há algumas décadas, está superada. Os conteúdos enciclopédicos, também conhecidos como 'decoreba', não estimulam os estudantes, tornando a escola chata. A formação dos professores é deficiente e os ambientes escolares não são atrativos e estão desprovidos de infraestrutura adequada. Felizmente estão em curso novas experiências, sobretudo, no ensino de ciências, que podem levar à superação dos problemas assinalados. Entre essas iniciativas podemos citar: 1. Programa de vocação científica (Fundação Oswaldo Cruz); 2. Mão na massa (Academia Brasileira de Ciências); 3. Ciência, Arte e Magia (Universidade Federal da Bahia); 4. Escolas de Ciência (Instituto Internacional de Neurociências de Natal ELS); 5.  Iniciação Científica  – clássica e júnior (CNPq); 6. Jovens Talentos para a Ciência (CAPES).

CCS - Em sua opinião, para onde essas perspectivas atuais têm levado a educação? Quais são os possíveis rumos? 

IR - Penso que as perspectivas são boas. Cada vez mais o meio acadêmico e a sociedade apontam para uma revolução na educação. Uma prioridade é a qualidade na formação do professor e sua valorização. A federalização do ensino básico que está sendo discutida no Senado Federal permitirá a introdução de uma carreira nacional de professores, o que me parece ser um bom primeiro passo.

CCS - Quais os principais desafios que envolvem a formação de profissionais para a ciência comprometidos com a qualidade, o pensamento crítico e a inovação?

IR - A valorização da carreira de professor certamente vai atrair os melhores estudantes egressos do ensino médio para a missão de serem educadores. Esse 'novo professor' deverá ser preparado para identificar e mediar conflitos e ser um estimulador de seus estudantes para buscar e usar os conhecimentos e ser um promotor de valores e virtudes para a construção de uma sociedade verdadeiramente civilizada. O exercício do pensar, o estímulo à criatividade e ao pensamento crítico deverão permear todas as atividades na escola.

CCS - De que forma espaços de debates como o Seminário Educação, Saúde e Sociedade do Futuro podem contribuir para essas problemáticas no âmbito da educação?

IR - A ampliação de espaços, como o seminário promovido pela Fiocruz para discutir o futuro da educação brasileira, é pertinente e importante, com o objetivo de dar oportunidade para todas as nossas crianças e jovens de terem uma educação de qualidade. Certamente, se conquistarmos essa utopia, teremos um país melhor.

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