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Com apoio da Fiocruz, OMS imuniza 13 milhões de angolanos contra febre amarela


27/04/2017

Rodrigo Costa Pereira (Bio-Manguinhos)

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Em dezembro de 2015 teve início uma epidemia de febre amarela nos arredores de Luanda, capital e maior cidade de Angola. Rapidamente se estendeu para as 18 províncias do país, que só naquele mês registrou 360 mortes em função da doença. Diante desse quadro, e vendo o surto se alastrar para países vizinhos como República Democrática do Congo (RDC) – que registrou quase 100 mortes – e Uganda, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou em fevereiro uma grande mobilização contra a epidemia. Contando com a ajuda emergencial de laboratórios produtores da vacina febre amarela, começou uma campanha de imunização nos países africanos. O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) foi um dos laboratórios acionados.

No início de maio de 2016, representantes da OMS e da Path, ONG que atua globalmente na área da saúde, visitaram o Instituto para discutir melhorias nos processos de fabricação da vacina e para estudar a possibilidade de fornecer mais doses. "Eles consultaram os países produtores e pediram o maior número possível de doses". disse a gerente do Departamento de Relações com o Mercado, Denise Lobo. O número estimado de doses para 2016 foi de cerca de 18 milhões, sendo 5,6 milhões de Bio-Manguinhos.

Esse quantitativo ajudou a imunizar, segundo a OMS, mais de 13 milhões de angolanos. "A redução dos casos é devido à vacinação e a todos os esforços que têm sido feitos para a resposta à epidemia, de buscar que os casos sejam reduzidos. Conseguimos vacinar pelo menos 13,3 milhões de pessoas. O país tem a intenção de vacinar toda a população a partir dos seis meses de idade. No total, serão 25 milhões de pessoas", ressalta o representante da OMS em Angola, Hernando Agudelo Agudelo.

Para cumprir essa meta, a OMS continua contando com Bio-Manguinhos e os outros laboratórios. Nos últimos meses, o Instituto tem contado – e muito – com as equipes envolvidas na produção da vacina. Essas áreas têm mostrado um nível de comprometimento bastante elevado e fazendo das competências que vêm sendo trabalhadas na unidade bases para a superação.

No Laboratório de Febre Amarela (Lafam), onde é produzido o ingrediente farmacêutico ativo (IFA), principal componente da formulação da vacina, o ritmo de trabalho aumentou e um esforço extra tem sido necessário por parte dos seus 39 colaboradores. "Precisamos descongelar o vírus para entregar à Divisão de Formulação (Difor) e com o aumento da demanda lá, há um reflexo natural para nós. Estamos fazendo um esforço a mais realmente", afirma Caroline Moura Ramirez, gerente do Lafam. Por outro lado, ela conta que essa situação emergencial foi uma oportunidade. As pessoas estão tendo a real dimensão do seu trabalho para a saúde pública. "Foi uma questão motivacional também. Mostrei para as equipes a importância do nosso trabalho e o comprometimento necessário para cumprir a missão tem sido mostrado", disse.

Trabalhar com planejamento também foi importante para o Lafam, que mantém um estoque estratégico de IFA. No entanto, a produção neste período tem escoado muito rápido, o que exige manter o estoque alto e "de preferência, trabalhando para aumentá-lo", segundo Caroline.

A Difor também se preparou após ser informada pela Diretoria da emergência na África. "Quando os alertas foram dados pela OMS houve uma reunião de alinhamento para saber como faríamos para atender à necessidade. A direção pediu às áreas responsáveis para avaliar o impacto nas nossas atividades. Organizamos um planejamento de insumos e temos feito tudo o que está a nosso alcance", afirma a chefe da Divisão, Daniele Alves de Oliveira.

Para ela, foi importante conscientizar as equipes de que o foco é o atendimento à emergência do surto e, se necessário, com pessoas na produção – em sistema de escala – de segunda-feira a domingo. "Estamos trabalhando na capacidade máxima das nossas instalações. O que entra na produção tem que sair o mais rápido possível para atender às entregas necessárias". Isso inclui a parte de documentação e controle da qualidade, que têm exigido tanto ou mais que a produção. "A documentação muitas vezes demora mais que o processo produtivo em si. O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) tem dado celeridade para agilizar as liberações e precisamos estar alinhados para não haver atrasos", explica Daniele.

Na área que testa a potência da vacina febre amarela o ritmo também anda acelerado. Os dez funcionários da Seção de Potência (Sepot), parte do Laboratório de Controle Microbiológico, apesar de trabalharem também com as vacinas tríplice viral, poliomielite e rotavírus, têm como prioridade no momento a de febre amarela. "A entrega desses lotes é essencial. Todos estão muito comprometidos, sabem a importância do nosso trabalho, que é garantir, à pessoa que recebe a vacina, a imunização. Há uma preocupação em dar o melhor sempre", diz a chefe da Sepot, Carina de Lima dos Santos, que trabalha em estreita relação com a equipe da Seção de Controle de Banco de Células (SBCEL), que produz as células com as quais eles trabalham, e cuja demanda também aumentou no período.

Outros setores também estão envolvidos e são parte fundamental para reverter o quadro epidemiológico na África. O compromisso de cada colaborador com a produção e entrega das vacinas resulta na preservação da vida de milhares de seres humanos.

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