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Acervo de moluscos da Fiocruz ultrapassa a marca de 10 mil lotes

Duas mulheres visitando a coleção de moluscos

08/03/2017

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Por: Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)*

De grande importância para o conhecimento e conservação da biodiversidade brasileira, a Coleção de Moluscos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) alcançou o número de 10 mil lotes depositados no acervo. O espaço reúne conchas e partes moles de aproximadamente 200 mil espécimes de moluscos provenientes de mais de 60 países. Este acervo variado inclui exemplares de importância para a saúde humana e animal, incluindo caramujos capazes de transmitir doenças parasitárias, como a esquistossomose, caracóis e lesmas que podem atuar como pragas agrícolas e mexilhões que causam grandes perdas econômicas à geração de energia. A partir de investimentos institucionais e financiamentos de editais externos, o espaço recebeu uma série de melhorias de infraestrutura, com destaque para a modernização de armários e equipamentos. Pesquisadores do Laboratório de Malacologia do IOC, que abriga a Coleção, publicaram estudo sobre a diversidade e a distribuição geográfica dos espécimes incluídos na Coleção, que servem como fonte para estudos sobre biodiversidade, taxonomia e evolução. O artigo foi publicado no periódico científico Arquivos de Ciências do Mar, que reuniu trabalhos sobre diversas coleções de moluscos. A coleção é credenciada como fiel depositária de amostras de patrimônio genético pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN/Ministério do Meio Ambiente).

Quem são? De onde vêm?

De acordo com o estudo, os mais de 10 mil lotes catalogados contemplam cerca de 200 mil espécimes que habitam rios, lagos e córregos e ambientes terrestres, além dos chamados bivalves (moluscos com concha dividida em duas partes, como os mexilhões, por exemplo). Com mais de nove mil lotes, os espécimes de água doce representam o maior grupo presente na coleção. É o caso das espécies do gênero Biomphalaria, incluindo hospedeiras intermediárias do helminto Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose. Já os moluscos terrestres passaram a fazer parte da Coleção em 2015. O acervo conta com exemplares do caramujo africano, uma das espécies terrestres mais conhecidas atualmente, que atua como praga urbana, muito comum em quintais, praças, jardins e terrenos baldios. Um dos principais riscos para a saúde pública, nesse caso, é o seu potencial como agente transmissor da meningite eosinofílica ou angiostrongilíase cerebral, infecção causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis.

Acervo conta com cerca de 200 mil espécies (Foto: Gutemberg Brito)

“Conhecer a origem, a distribuição e a diversidade das diferentes espécies de moluscos é um passo importante para a realização de estudos científicos. O conhecimento gerado pode, por exemplo, auxiliar na formulação de estratégias de prevenção de doenças, assim como melhorar técnicas, cuidados e formas de controle desses animais em plantações agrícolas”, destacou Silvana Thiengo, chefe do Laboratório de Malacologia do IOC e curadora da coleção.

No que diz respeito à origem, o acervo conta com amostras de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal. O Rio de Janeiro é o estado de maior representatividade, com amostras referentes a todos os 92 municípios. Além do Brasil, países como Argentina e Uruguai estão entre os mais expressivos. O acervo também abriga amostras de países das Américas, Europa, Ásia e Oceania.

Modernização

Investimentos recentes possibilitaram a modernização do espaço onde a coleção fica instalada, garantindo melhorias na infraestrutura para acondicionamento das amostras. Isso incluiu novas salas e a aquisição de novos armários deslizantes de metal. As medidas ampliaram a capacidade de preservação e a oferta de serviços, como consultas e empréstimos de exemplares depositados, e o atendimento a profissionais e estudantes interessados em identificações taxonômicas feitas pela coleção. Para evitar a degradação dos exemplares, a coleção foi separada em duas salas, uma para partes secas (conchas) e outra para partes úmidas (corpo dos moluscos). O sistema de rotulagem dos lotes também passou por mudanças ampliando o cuidado do material.

No quesito informatização, uma das recentes conquistas do acervo foi a aquisição de um novo microscópio, a partir de um projeto institucional submetido a um edital de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O equipamento possibilita a digitalização dos espécimes, ampliando o acesso, pela internet, à base sobre a biodiversidade presente na coleção. A iniciativa tem por objetivo reduzir a necessidade de empréstimos, viagens e manipulação dos espécimes a partir da oferta de imagens digitais de alta qualidade. Desde 2012, a base de dados da coleção está disponível para consultas online, com acesso livre, por meio da plataforma SpeciesLink.

Serviços

A Coleção de Moluscos do IOC teve início em 1948 e, hoje, atua a pleno vapor, desempenhando um papel importante para pesquisas na área da malacologia. O acervo oferece serviços de identificação taxonômica de moluscos e disponibiliza a consulta e empréstimos de espécimes a pesquisadores de instituições nacionais e estrangeiras, assim como o depósito de material biológico de espécimes utilizados para a elaboração de teses e artigos. A coleção também fornece suporte a diversas atividades, como a identificação de espécimes para órgãos ligados à saúde e à agricultura do Brasil e de outros países. Para conhecer mais sobre uma das mais representativas coleções de moluscos de água doce das Américas, com representantes das principais espécies brasileiras de moluscos terrestres, acesse a página de Coleções de Molusco do IOC.

*Edição: Raquel Aguiar

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